Farmácia comemora 100 anos

Farmácia em festa

Unidade comemora 100 anos com crescimento da produção científica e da pós-graduação.

Os fragmentos de uma história secular que envolvem mais de cinco mil alunos, as classes de professores e os servidores podem ser conhecidos em detalhes a partir desta semana. Ao completar 100 anos, o curso de Farmácia da UFMG lança um livro, inaugura seu Centro de Memória e guarda no subsolo do prédio, como uma mensagem às próximas apresentações, cápsula metálica que contém documentos e depoimentos sobre uma trajetória da Faculdade.

Enquanto o livro registra a vida administrativa da Unidade, o Centro de Memória foi concebido como um espaço capaz de oferecer informações públicas sobre o histórico do farmacêutico e seu histórico de desenvolvimento em Minas Gerais. O conteúdo da cápsula já foi definido coletivamente pela comunidade acadêmica da Faculdade.

A programação de comemorações, que começa nesta segunda-feira, 22, e segue até sábado, 27, inclui ainda o Simpósio Acadêmico de Estudos Farmacêuticos (Saef) e sessão solene da Congregação, no salão de beleza da Vitória, com homenagens a diretores, docentes, técnicos , farmacêuticos que completam 25 e 50 anos de formados e à turma do centenário. Na quarta-feira, 31, às 20h, a Faculdade será homenageada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Endereços

Criado em 27 de agosto de 1911 na Escola Livre de Odontologia de Belo Horizonte, o curso de Farmácia teve sua primeira sede na Rua dos Timbiras, 1.595. O curso era ministrado em três anos e sua primeira turma teve dez alunos inscritos. Em 1919, a sede da Escola foi transferida para a Rua da Bahia, 1.500. Em 1931, já com o nome de Faculdade de Odontologia e Farmácia da Universidade de Minas Gerais (UMG), uma unidade foi transferida para a Praça da Liberdade.

Em 1953, uma Faculdade foi transferida para sede própria, na Rua Conde de Linhares, 7, no bairro Cidade Jardim. Dez anos depois, os dois cursos foram separados, tendo uma Farmácia passada funcionando na Avenida Olegário Maciel, 2.360. Sua transferência para o campus da Pampulha ocorreu em 2004.

Em um século, o curso graduou 4.792 profissionais e pós-graduou 522 em seus cursos de mestrado e doutorado. “Esta Faculdade formou pessoas para o mercado de trabalho farmacêutico e também se tornou fonte de recursos humanos para as demandas de outras instituições de ensino e pesquisa no país”, analisa o diretor, Lauro Mello Vieira. Ele explica que a primeira base curricular do curso preparava o profissional para atuar simultaneamente com medicamentos, venenos e alimentos. Já na década de 1960 o currículo passou a ser estruturado em três habilitações distintas – medicamentos, alimentos e análises clínicas. “De 63 para cá, abrimos várias áreas de formação, incluindo farmácia hospitalar”, ressalta o diretor.

Lauro Vieira conta que o atual currículo é fruto da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, que confere às escolas certa autonomia para criação de suas grades e oferece ao aluno maleabilidade para projetar sua formação em áreas de interfaces e não estanques. “Desde então, todo o ensino superior do país optou por uma nova concepção curricular, privilegiando a formação generalista, que obriga o estudante a ter visão ampla da profissão, ao passar de forma mais ou menos rápida sobre todas as áreas”, comenta.

As mudanças advindas da implantação, em 2007, do currículo generalista coincidiram com a participação da UFMG no Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que possibilitou a criação do curso de Farmácia noturno, cuja primeira turma teve início em 2009. Ainda no âmbito do Reuni foi aberto o primeiro curso de Biomedicina em escola pública federal em Minas Gerais, também noturno, com 20 vagas semestrais.

Pós-graduação e pesquisa

Além de dois programas de pós-graduação consolidados – Ciências Farmacêuticas e Ciências de Alimentos –, ambos com mestrado e doutorado, a Faculdade de Farmácia está prestes a pôr em funcionamento seu programa de pós na área de Farmácia Social. “O de Análises Clínicas e Toxicológicas está em tramitação”, informa Lauro Mello Vieira, ao lembrar que a expansão da produção acadêmica também pode ser atestada pela duplicação do número de publicações nos últimos dez anos.

Em 2010, por exemplo, a média de publicações tipo I – livros, capítulos de livro, artigos em periódicos científicos e trabalhos completos em anais de eventos – foi de quase três trabalhos por docente, superior à média da UFMG. “O aumento significativo no número de artigos publicados ocorreu a partir de 2005, coincidindo com a consolidação dos programas de pós-graduação e com a transferência da Faculdade para o campus Pampulha”, explica o diretor. Ele ressalta que o desenvolvimento da pesquisa também sofre influência das atividades de extensão – que exigem o desenvolvimento de novas tecnologias e atualização de serviços – e da titulação do quadro docente. A Faculdade possui 70 professores, dos quais 98,6% são mestres e doutores.

Memória preservada

Em um século de existência, o curso de Farmácia reuniu peças, maquinários e equipamentos utilizados no ensino da prática farmacêutica que a partir desta semana compõem o acervo do Centro de Memória da Farmácia (CMF).

Localizado no térreo da Faculdade, o Centro possui microscópios, destiladores, balanças e seus pesos, batedeiras e medidores. Também fazem parte do conjunto documentos, livros e fotografias que registram a rotina da instituição de ensino superior em Belo Horizonte e de seu corpos docente e discente.
Segundo o organizador do CMF, professor Gerson Pianetti, sua criação atende a constante preocupação de pesquisadores nas áreas da farmácia e de história “no que concerne a temas sobre instituições escolares, culturas da escola, educação em espaços não escolares; história do currículo; formação de professores”. Pianetti explica que o acervo tem papel importante nas pesquisas sobre memórias da escolarização e processos educativos na formação dos sujeitos da educação, “especialmente aqueles interessados em debater sobre o patrimônio histórico e cultural do saber farmacêutico na sociedade brasileira”.

Já o Livro do Centenário, que será lançado esta semana, faz um estudo retrospectivo sobre a Faculdade e, de acordo com seus organizadores, testemunha o “compromisso da Unidade com o ensino farmacêutico e com a população, mostrando a preocupação e o compromisso em colocar no mercado de trabalho um profissional habilitado e capacitado para atender às necessidades da sociedade em vários níveis de atenção à saúde”.

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Prédio da Faculdade de Odontologia e Farmácia da UFMG, situado no bairro Cidade Jardim (década de 1950)

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Última sede da Faculdade de Farmácia antes de se transferir para o campus

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Prédio da Faculdade de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, em 1920, situado na Rua da Bahia, 1500

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Prédio da Escola Livre de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, situado na Rua Timbiras, no início do século 20

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Prédio da Faculdade de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, situado na Praça da Liberdade (década de 1930)

 

Ana Rita Araújo.