Muito além da sala de aula

Resposta institucional

Modelo de FT aprofunda flexibilização curricular e dimensão transdisciplinar na Universidade

A transdisciplinaridade é um aspecto constitutivo da identidade acadêmica da UFMG e anseio da sua comunidade, que, ao longo das últimas décadas, tem procurado materializar, de diferentes formas, esse conceito que lhe é caro, afirma o professor Ricardo Takahashi. Ele acompanhou de perto a criação das Formações Transversais, por definição transdisciplinares e oficializadas pela Resolução 19/2014, de 7 de outubro de 2014.

“As Formações Transversais necessariamente envolvem contribuições de mais de uma unidade acadêmica, relacionadas a temas que não se restringem a assunto específico. Ao formular a resolução, invocamos essa vontade que a comunidade da UFMG tem de contemplar a inter e a transdisciplinaridade”, comenta o professor, que foi pró-reitor de Graduação e atualmente é assessor especial da reitora. 

De acordo com a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, as Formações Transversais são construídas de maneira flexível, para atender demandas específicas de cada momento. Segundo ela, a instituição induz a criação de algumas dessas formações, como foi o caso da abordagem em Relações Étnico-raciais, para atender à legislação específica, enquanto outras surgem do interesse de um grupo de professores. 

Ricardo Takahashi pondera que o modelo das FT foi o caminho encontrado para responder a essa demanda institucional, uma vez que o currículo é “uma das estruturas mais difíceis para se introduzir a transdisciplinaridade, exatamente por ser constituído de disciplinas”. Para ele, a adoção desse instrumento fez avançar a flexibilização curricular, iniciada no fim da década de 1990, e a oferta da formação complementar, criada em 2001.

“A flexibilização curricular foi um movimento importantíssimo da UFMG, que teve repercussão nacional, mas que, em alguma medida, ficou incompleto nos anos 90, quando os currículos de graduação eram formados por uma sequência de disciplinas com as categorias de ‘obrigatória’ e ‘optativa’. Não havia no país previsão normativa para nenhuma atividade além das disciplinas”, relembra Takahashi.

Segundo ele, imediatamente depois da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, a UFMG criou uma comissão para estudar o assunto e foi pioneira no Brasil ao editar resolução que previa diversas possibilidades de atividades acadêmicas. “Hoje, as diretrizes curriculares nacionais da maior parte dos cursos exigem esse tipo de iniciativa”, comenta. Em 2001, a UFMG definiu que os currículos deveriam prever a chamada “formação complementar” – percurso que completasse um ciclo de formação além das atividades de cada curso.

Novas estruturas 

Quase cinco anos após a aprovação da Resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) que criou as Formações Transversais, o balanço é extremamente positivo, avalia o pró-reitor adjunto de Graduação, Bruno Teixeira. Ele ressalta que o modelo vem estimulando outros grupos de professores, que têm articulado temas e expertises, para a criação de novas estruturas formativas. É o caso, por exemplo, da Formação Transversal em Estudos Internacionais, em tramitação. Com a sua implementação, a UFMG passará a contar com nove Formações Transversais.

Para dar suporte a essas atividades formativas, a Universidade instituiu infraestrutura que inclui comissão coordenadora para gerir cada Formação Transversal, comitê gestor do conjunto de formações e a Secretaria das Formações Transversais. Criada em outubro de 2018, essa instância é responsável por gerir o processo de oferta e matrícula de atividades para estudantes da UFMG e emitir os certificados para os concluintes. 

Além de centralizar os requerimentos de matrículas de pós-graduandos, a secretaria, que funciona no prédio do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Exatas (CAD 3), é o ponto de referência também para a comunidade externa, que, caso haja vagas disponíveis, pode cursar os estudos por meio da modalidade de matrícula em disciplina isolada. 

Desafio: ir até o fim

Para o professor Yurij Castelfranchi, que coordena a estrutura formativa em Divulgação Científica, é importante estimular os estudantes a totalizar as 360 horas-aula de cada formação. Embora nos questionários de avaliação eles atestem o sucesso dessa estrutura formativa, ao comentar que ela “abriu seus horizontes”, muitos cursam apenas algumas disciplinas. 

Castelfranchi vê a situação como um desafio e cita que uma das opções em estudo – no caso da Divulgação Científica – é somar a Formação Transversal a uma especialização na área, criada com apoio do Instituto Serrapilheira. A ideia, portanto, é dar ao estudante possibilidade de acrescentar às atividades da FT outras que seriam ministradas por profissionais externos – do mercado, da mídia, do mundo da educação e da área de museus.

Yurij Castelfranchi: ferramenta poderosa
Yurij Castelfranchi: ferramenta poderosa Raíssa Cesar | UFMG


Mais informações sobre as oito Formações Transversais oferecidas atualmente podem ser obtidas em catálogo on-line. O contato com a secretaria pode ser feito pelos telefones (31) 3409-6433 e 3409-6590 e pelo e-mail transversal@prograd.ufmg.br.

Ana Rita Araújo