Infraestrutura em perspectiva

Educação e desigualdades

Indicador proposto pelo professor José Francisco Soares leva em conta o impacto da exclusão social sobre a aprendizagem

Chico Soares: desigualdade é preocupação
Chico Soares: desigualdade é preocupação Foca Lisboa | UFMG

A Unesco no Brasil lançou recentemente o Indicador de Desigualdades e Aprendizagem (Idea), que relaciona a qualidade da educação (que considera permanência e aprendizado dos estudantes que concluíram as duas etapas do ensino fundamental) com as desigualdades socioeconômicas, de raça e de gênero. Um dos formuladores da medida é o professor José Francisco Soares, emérito da UFMG, que trabalhou em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto e da Universidade de Campinas. 

O Idea, calculado para os municípios com base em dados da Prova Brasil de 2005 a 2017, parte do princípio de que qualidade educacional no Brasil deve ser associada às desigualdades, incluindo a exclusão histórica dos negros.

O Idea, calculado para os municípios com base em dados da Prova Brasil de 2005 a 2017, parte do princípio de que qualidade educacional no Brasil deve ser associada às desigualdades, incluindo a exclusão histórica dos negros. “O que esperamos é que os governos levem a preocupação com as desigualdades para o centro de suas ações. Precisamos mudar nossos objetivos educacionais, na direção de aquisição de habilidades necessárias para o século 21, como pensamento crítico, criatividade, colaboração, comunicação, cidadania e habilidades interpessoais”, defende Francisco Soares.

Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), José Francisco Soares dedicou grande parte de sua carreira acadêmica aos estudos relacionados à avaliação escolar. De acordo com ele, para que o país alcance a meta 4 de Desenvolvimento Sustentável  ("Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos"), é preciso que os saberes escolares ocupem lugar central nesse processo. “E isso só ocorrerá se, em idade adequada, o jovem tiver acesso à matrícula, permanecer na trajetória escolar e, ao fim desse processo de longa duração, adquirir os aprendizados necessários para se apropriar da cultura, ingressar e progredir no mundo do trabalho, exercer a cidadania e contar com meios para dar continuidade a seus estudos”, defende.