Aqui tudo começou
Escolas mineiras se mobilizam para a UFMG Jovem, tradicional evento de divulgação científica que chega à 20ª edição
Em 2017, Laura da Silva Krueger, então aluna da Escola Estadual Três Poderes, foi premiada em categoria especial da 18ª edição da UFMG Jovem, com trabalho pioneiro sobre a Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional. Em seguida, a pesquisa rendeu-lhe uma série de premiações em congressos, dentro e fora do Brasil, além de uma homenagem do Governo de Minas.
Dois anos depois, a estudante de Psicologia da Faculdade de Ciências Médicas reconhece que aquela experiência vivida no mês de julho, quando a UFMG Jovem integrou a programação da 69ª Reunião Anual da SBPC, foi decisiva em sua carreira. “Foi na UFMG Jovem que descobri o papel transformador do conhecimento”, afirma Laura Krueger.
Vários campos do saber estarão contemplados nos 75 trabalhos selecionados para a mostra, produzidos e inscritos pelas escolas.
Nesta semana, nos dias 19 e 20 de setembro, milhares de jovens mineiros terão a chance de vivenciar experiências semelhantes à de Laura, no campus de uma grande universidade, durante a edição que comemora os 20 anos da tradicional feira de exposição de trabalhos, divulgação e popularização científica. As duas décadas do evento serão celebradas com novidades e programação diversificada, fazendo jus à proposta inicial de ser um espaço privilegiado de diálogo e integração entre professores, pesquisadores e estudantes de diversas áreas e níveis de escolaridade. O evento foi idealizado em 1999, pela professora emérita do ICEx Beatriz Alvarenga, que também coordenou a primeira edição.
A feira da educação básica vai ocupar o hall do CAD 1, campus Pampulha. O tema – Biodiversidade, tecnologia e arte – está alinhado com o da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2019 (SNCT): Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável, que ocorrerá em outubro. Vários campos do saber estarão contemplados nos 75 trabalhos selecionados para a mostra, produzidos e inscritos pelas escolas.
Outro destaque é o fortalecimento da parceria com as escolas de educação básica vinculadas à UFMG: Colégio Técnico, Centro Pedagógico e Teatro Universitário, cujos representantes passaram a compor a Comissão Assessora da UFMG Jovem, juntamente com os representantes de área e da Rede de Museus da UFMG. Outra novidade será a participação de alunos da educação infantil – de 4 a 6 anos –, que levarão suas primeiras descobertas ao público.
A mostra contará, ainda, com parceria inédita com a Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei), oferecida pela Faculdade de Educação. Isso porque, em 2019, a participação dos estudantes indígenas no evento – seja como avaliadores, seja como expositores – passou a figurar na matriz curricular da formação.
Os 20 melhores trabalhos receberão, por meio de seleção da Comissão Avaliadora, uma bolsa de estudos CNPq. Cada iniciativa contemplada contará com o apoio de um tutor vinculado à UFMG – aluno da pós-graduação – para auxiliar os estudantes na continuidade do projeto.
De acordo com a coordenadora da UFMG Jovem, professora Débora D’Ávila Reis, as atividades do evento buscam fortalecer e consolidar o contato da UFMG com estudantes de várias instituições, níveis e saberes. “A UFMG Jovem 2019 vai ao encontro de uma atuação extensionista que busca não apenas transmitir conhecimentos, mas também viabilizar o diálogo e a interlocução com o maior número possível de instituições e pessoas, num processo de parceria frutífero e duradouro, com reflexos, em última instância, para toda a sociedade”, afirma.
Primeiros passos
Ex-aluna do Centro Pedagógico da UFMG, a pesquisadora clínica Natália Duarte, da Genomics Medicine, na Irlanda, relembra com orgulho de sua experiência na edição inaugural da mostra. “Guardo com carinho o certificado. Tenho certeza de que o evento contribuiu para a escolha da minha profissão”, afirma.
Para a professora Karina Cursino, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), a participação na Feira, há 20 anos, foi fundamental para sua iniciação nas pesquisas em Ciências Sociais. Hoje, ela é doutoranda em sociologia. “Em 1999, eu cursava o terceiro ano do ensino médio em Itabira (MG). Nunca tinha ido ao campus da UFMG, não tinha a ideia de como era o campus de uma grande universidade. Saímos cedo e passamos o dia no campus. Foi, sem dúvida, um dia que mudou minha vida. Vimos várias apresentações de projetos de física no ICEx, lanchamos na Praça de Serviços, fomos à Escola de Veterinária, ao Museu de Morfologia, demos uma volta na Fafich e descansamos na grama da Escola de Música enquanto escutávamos uma aluna treinando piano. O campus parecia um outro mundo. Passei a fazer parte desse ‘mundo’ no ano seguinte, quando me tornei aluna de ciências sociais”, relata a professora.
A fim de promover reflexão sobre a diversidade da produção da própria Universidade, a programação vai contar com a realização da segunda edição do Explora UFMG Jovem. Professores, estudantes e servidores vinculados a atividades de ensino, pesquisa e extensão na Universidade apresentarão às escolas os resultados e processos de pesquisa e produção em várias áreas do conhecimento. Os trabalhos serão apresentados em exposições, materiais interativos e similares no saguão do ICB.
A relação dos trabalhos selecionados está disponível na página da UFMG Jovem no Facebook.