Haja coração!

A educação em cena

Espetáculo montado por alunos celebra 20 anos da graduação em Teatro

Quatorze alunos do 4º período do curso de Teatro da Escola de Belas Artes da UFMG são responsáveis pela criação do espetáculo De onde nascem as margens?, resultante do trabalho realizado em disciplina obrigatória que reuniu estudantes do bacharelado e da licenciatura. Com base no estímulo a processos de criação coletiva e colaborativa desde a concepção e sob coordenação acadêmica da professora Bya Braga, o projeto teve como desafio temático a educação, com inspiração inicial no ensaio Educação pela noite, do sociólogo e crítico literário carioca Antonio Candido. Todo o processo foi marcado por discussão crítica sobre o tema na atual conjuntura brasileira.

Para Bya Braga, que assina a direção cênica do espetáculo, o teatro como conhecimento tem função mediadora peculiar para tratar de assuntos complexos, e o tema da educação suscitou a reflexão dos estudantes sobre sua própria formação dentro do curso, que completa 20 anos em 2019. 

Foi possível também, segundo Bya, explorar diversos temas que atravessam o ensino em todas as suas instâncias, como a violência, o autoritarismo, a precarização da profissão de professor, as questões identitárias do estudante e seus impactos no ambiente educacional. “O resultado é uma composição cênica cômica, absurda e dramática”, diz a professora e diretora. 

Processo crítico e bem-humorado

Personagens e textos dramatúrgicos foram inspirados em estudos diversos sobre educação, como o texto teatral A lira dos 20 anos, de Paulo César Coutinho. Máscaras da Commedia dell’Arte inspiraram composições de cenas e figuras relacionadas à opressão, e pesquisas de vídeos da encenação da peça A classe morta, do polonês Tadeusz Kantor, influenciaram composições gestuais e plásticas na montagem da peça. 

Depoimentos de pessoas que habitam o universo da educação foram reunidos na etapa de pesquisa e coleta de material, o que propiciou o contato dos alunos com exposições sobre questões como as pedagogias da autonomia, a aprendizagem como emancipação, o projeto de lei sobre “doutrinação e escola”. “Isso gerou um processo criativo intenso, crítico e bem-humorado, capaz de expressar a singularidade dos alunos participantes”, comenta Bya Braga. 

As atividades da disciplina Prática de Criação Cênica permearam todas as etapas, da composição de personagens, por meio de improvisações performativas, à atuação e montagem de cenas, passando pela criação do figurino, adereços e cenografia, com a orientação de docentes e técnicos do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes. O grupo, que estreou o espetáculo em mostra pública no auditório da escola, no final do primeiro semestre, já se apresentou também no auditório da Reitoria e se prepara para nova encenação, na sexta-feira, 27 de setembro, às 18h, no Centro Cultural UFMG, integrando a programação do Baixo Centro [En]Cena. 

Cena do espetáculo: composição cômica, absurda e dramática
Cena do espetáculo: composição cômica, absurda e dramática Acervo da montagem

Ações 

A nova apresentação do espetáculo integra a programação do Circuito Cultural UFMG, promovido pela Diretoria de Ação Cultural da Universidade. Para o fim do mês de setembro, também está programado o espetáculo Amazônia, do Grupo Sarandeiros, concebido em homenagem aos povos que habitam a região. A sessão será dia 25, às 12h30, na Praça de Serviços do campus Pampulha, integrando o Projeto Quarta Doze e Trinta. 
No dia 26 de setembro, às 17h30, também na Praça de Serviços, a Orquestra de Guitarras da Escola de Música da UFMG fará concerto que integra a agenda do Projeto Ao Cair da Tarde. E no dia 28, às 17h, o Espaço do Conhecimento UFMG vai abrigar, no Projeto Multiverso, espetáculo infantil com o Grupo Bambulha, liderado pela professora Angelita Broock, da Escola de Música.

Renata Valentim