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Da UFMG para o mundo

Fundada por professor do ICB, empresa pioneira no monitoramento do mosquito 'Aedes aegypti' foi adquirida pela transnacional Rentokil

Alvaro Eiras com o Mosquitrap®, uma das tecnologias licenciadas
Alvaro Eiras com o Mosquitrap®, uma das tecnologias licenciadas Foca Lisboa | UFMG

A Ecovec, spin-off nascida na UFMG e pioneira no monitoramento do mosquito Aedes aegypti, foi adquirida pelo Grupo Rentokil, líder mundial em controle de pragas. A negociação teve início em 2018, e a operação foi concretizada em julho deste ano, após due diligence (diligência prévia). 

A Ecovec foi fundada há 17 anos pelo professor Alvaro Eduardo Eiras, do Departamento de Parasitologia do ICB, e por Paulo Renato Cabral e Alexandre Alves da Silva, do Instituto Inovação. A empresa já patenteou seis tecnologias, entre as quais está o MI-Aedes®, que possibilita, por meio de armadilhas, obter uma “fotografia” semanal da infestação do mosquito e da circulação viral que viabiliza o controle do vetor antes do surgimento de casos da doença em seres humanos. As armadilhas (Mosquitrap®), desenvolvidas para a captura de mosquitos adultos do gênero Aedes sp, e o atraente sintético de oviposição, AtrAedes®, foram licenciados e usados em seis países.

“A empresa surgiu e se desenvolveu na UFMG e vai passar por um processo de internacionalização, pois a Rentokil é uma empresa grande, tem recursos para difundir essas tecnologias no mundo todo. As inovações desenvolvidas aqui ajudarão a salvar vidas e a reduzir o número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito. Isso tudo projeta o nome da Universidade internacionalmente”, afirma Eiras.

Em sua trajetória, as atividades da Ecovec Brasil resultaram no recolhimento de R$ 5,5 milhões em impostos, geração de mais de 100 empregos e R$ 550 mil em royalties para a UFMG.

Retorno

Os produtos da empresa estão presentes em cerca de 100 cidades do Brasil, sendo 76 no Espírito Santo. Nos lugares em que foram instaladas, as tecnologias reduziram em um terço o número de casos de transmissão de dengue, com custo médio de R$ 1 por habitante ao ano. No biênio 2011-2012, um projeto desenvolvido para o governo de Minas Gerais mostrou que cada R$ 1 investido proporcionou retorno de R$ 6 em economia para o estado no que se refere a gastos com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

De acordo com Álvaro Eiras, a Ecovec é uma empresa de biotecnologia que reúne as competências de vigilância epidemiológica, entomologia aplicada, biologia molecular e tecnologia da informação, aliando tecnologia de ponta e conhecimento biológico para combater os mosquitos Aedes aegypti, vetores de doenças como dengue, chikungunya e zika. Em 2004, a Ecovec licenciou as primeiras tecnologias da UFMG. 

“Oferecemos informações precisas sobre os focos do mosquito, incluindo aqueles infectados por vírus da dengue, da chikungunya ou da zika. Com elas, os gestores de saúde podem fazer um controle mais eficiente do inseto. As informações são georreferenciadas e indicam as áreas quentes, os hotspots, onde estão as maiores concentrações do mosquito”, explica Álvaro Eiras. 

Em sua trajetória, as atividades da Ecovec Brasil resultaram no recolhimento de R$ 5,5 milhões em impostos, geração de mais de 100 empregos e R$ 550 mil em royalties para a UFMG. “Durante a fase de desenvolvimento dos produtos, publicamos mais 45 artigos científicos, cuja produção envolveu 10 estudantes de doutorado, 12 de mestrado e mais de 50 de iniciação científica na UFMG, além de pesquisadores da Fiocruz e de outras universidades”, contabiliza o professor.

A empresa

Maior empresa do mundo na prestação de serviços de controle de pragas, a Rentokil nasceu na Inglaterra e está presente em 78 países. Com mais de 90 anos de experiência, tem hoje mais de 35 mil funcionários. A multinacional presta serviços de desinsetização, desratização, descupinização e controle de pombos em casas e empresas. No Brasil, suas operações estão concentradas em Barueri (SP), onde trabalham mais de 600 profissionais.

Eliane Estevão