Nano de ouro

Tuberculose sob controle

Pesquisa da Faculdade de Medicina demonstra que unidades de atenção primária de Belo Horizonte melhoraram a qualidade da assistência oferecida a pacientes com a doença

Juliana Veiga: resultados positivos para 32 dos 44 indicadores avaliados
Juliana Veiga: resultados positivos para 32 dos 44 indicadores avaliados Carol Morena | Medicina UFMG

O controle da tuberculose em Belo Horizonte melhorou no período de 2016 a 2018, no que se refere à Atenção Primária à Saúde (APS), nível de atendimento recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para casos iniciais da doença. Essa é a conclusão dos estudos de mestrado da gestora de tuberculose de Belo Horizonte Juliana Veiga Costa Rabelo, que avaliou as ações e desempenho dos centros de saúde da capital mineira.

A sua dissertação, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina, evidenciou que 32 dos 44 indicadores de avaliação do serviço oferecido tiveram resultados positivos. Além disso, sugeriu mudanças para os que não alcançaram melhorias, como intervenções nas condições sociais dos pacientes.

Os resultados foram extraídos das respostas de 455 profissionais das 588 equipes de saúde da família (EqSF) da capital mineira que responderam a um questionário sobre o atendimento em relação aos recursos humanos (capacitação e envolvimento dos profissionais), recursos físicos (acesso aos insumos, equipamentos e medicamentos) e atenção proporcionada (manejo dos casos e escuta qualificada, por exemplo).

A pesquisa também considerou a estratificação por grau de risco de abandono do tratamento e risco clínico da pessoa com tuberculose em BH, ou seja, levou-se em conta a gravidade do caso do paciente para que seja possível encaminhá-lo ao nível de atenção adequado ao seu caso. Em comparação ao antes e depois desse processo, Juliana Veiga afirma que todos os indicadores melhoraram após a utilização do instrumento de estratificação, mesmo aqueles que já apresentavam desempenho satisfatório. 

Para essa análise, a pesquisadora considerou o índice de vulnerabilidade, questões sanitárias, sociais e de saúde. Ela identificou melhoria de 80,9% no atendimento e resolução rápida dos casos e de 80,2% na articulação entre os níveis de atenção, com a organização dos pacientes pelo nível mais adequado para cada caso.

Fonte: Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina
Fonte: Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina

Intervenções 

Sobre as variáveis com resultados insatisfatórios, Rabelo propôs medidas de intervenção, como a oferta de cestas básicas e vale-transporte para os pacientes com tuberculose. Isso porque, de acordo com ela, trata-se, em geral, de pessoas em condições de vulnerabilidade social. “Embora o tratamento seja garantido pelo SUS, as condições sociais podem ser determinantes para o abandono dos cuidados”, ressalta.

Em relação à própria forma de organização dos serviços do SUS, Rabelo também propõe a integração em um sistema único de informação para comunicar sobre o caso do paciente. “Tanto a Referência Secundária quanto a Atenção Primária devem ter acesso ao mesmo sistema para que as informações cheguem em tempo hábil”, argumenta Juliana Veiga.

Título: Avaliação do desempenho dos serviços de atenção primária à saúde no controle da tuberculose em Belo Horizonte
Programa: Pós-graduação em Ciências da saúde – Infectologia e Medicina Tropical
Autora: Juliana Veiga Costa Rabelo
Orientadora: Silvana Spíndola de Miranda
Coorientadores: Vânia da Silva Carvalho e João Paulo Haddad
Defesa: março de 2019

Laryssa Campos / Estagiária do Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina