De flor em flor

Sob o olhar das humanidades

Segunda edição de conferência internacional é pautada por discussões sobre sustentabilidade, bem-estar e direitos humanos

Três anos após a primeira edição, a UFMG sedia neste mês de dezembro, do dia 9 ao dia 11, a sua 2ª Conferência Internacional das Humanidades, evento que, neste ano, terá como tema Sustentabilidade, bem-estar e direitos humanos – alguns dos principais eixos do debate contemporâneo no Brasil e no mundo.

Organizada pela UFMG e pela Unesco, em parceria com a Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), a conferência tem o objetivo de proporcionar à sociedade civil, aos pesquisadores e aos gestores de universidades um espaço para o debate interdisciplinar sobre as questões caras ao pensamento atual.

“A UFMG tem longa e consistente tradição de reflexão sobre os temas centrais da conferência”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que coordenou a organização da primeira edição em 2016. Segundo ela, cabe às humanidades buscar soluções para os dilemas da contemporaneidade. E a sustentabilidade, o bem-estar social e os direitos humanos estão entre os principais desafios. 

Esse compromisso, na avaliação dos organizadores da conferência, é fundamental para propor saídas para problemas comuns enfrentados pelos países da América do Sul.

A reitora da UFMG destaca, ainda, os esforços conjuntos de universidades do Grupo Montevidéu, que lançaram recentemente a Cátedra Aberta de Direitos Humanos. “As universidades da região, incluindo a própria UFMG, assumiram o compromisso de estabelecer cooperações visando à promoção da cultura dos direitos humanos e do bem-estar entre os povos”, diz.

Esse compromisso, na avaliação dos organizadores da conferência, é fundamental para propor saídas para problemas comuns enfrentados pelos países da América do Sul. “Questões relacionadas aos fluxos migratórios, à xenofobia e violação dos direitos humanos de migrantes e refugiados, às práticas e políticas intolerantes em relação à diversidade, ao ataque a direitos fundamentais, como saúde e educação, são alguns desses problemas comuns aos países da região”, assinalam os organizadores da conferência em texto de apresentação.

Sessão de pôsteres da primeira edição da conferência das Humanidades
Sessão de pôsteres da primeira edição da conferência das Humanidades Foca Lisboa | UFMG

De acordo com o professor Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História da Fafich e presidente da comissão organizadora da conferência, a sociedade contemporânea vive momentos dramáticos. “Sustentabilidade, direitos humanos e bem-estar estão na ordem do dia. E as humanidades têm conhecimento acumulado sobre essas questões. Ao longo da história, seu olhar sempre serviu de referência para que outras ciências pudessem refletir sobre esses mesmos problemas”, afirma.

Programação

A sessão de abertura da Conferência Internacional das Humanidades ocorre às 19h do dia 9, segunda-feira. Em seguida, às 20h, o jurista, historiador e diplomata Rubens Ricúpero – que foi subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) e ministro do Meio Ambiente e da Fazenda durante o governo de Itamar Franco – vai proferir a palestra de abertura do evento. As demais grandes conferências ocorrem no mesmo horário. Todas as atividades serão realizadas no auditório 1 da Face e em seu entorno.

No dia 10, a arqueóloga, antropóloga e historiadora Erika Marion Robrahn-González, vice-presidente da Union Internationale des Sciences Préhistoriques et Protohistoriques (Uispp) – organização não governamental ligada à Unesco, cujo objetivo é proporcionar o avanço das ciências humanas, em especial as pré-históricas, arqueológicas e antropológicas –, ministra a conferência Comunidades na era das humanidades digitais: formação de sociedades do conhecimento e transumanismo. No dia seguinte, 11 de dezembro, o filósofo político Álvaro Rico, presidente do serviço de relações exteriores (SRI) da Universidade da República (UdelaR), do Uruguai, fala sobre Avanços e retrocessos em matéria de direitos humanos na região.

A 2ª Conferência Internacional das Humanidades também contará com seis mesas-redondas, cujos temas são Universidade; Sustentabilidade; Projeto Bridges/Unesco; Justiça, diversidade e direitos humanos; Migrações e territórios; Cátedras Unesco: luzes, territórios e gestão cultural. Essas atividades serão realizadas nos dias 10 e 11, sempre às 9h30, 14h e 17h. Nos mesmos dias, das 8h às 9h15, ocorrerão as sessões de apresentações de pôsteres.

A mesa-redonda que discutirá o papel da universidade reunirá os reitores João Carlos Salles, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Cleuza Maria Sobral Dias, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), e a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Universidade. A mediação será feita pela reitora Sandra Goulart Almeida. 

Cátedra Unesco

No início deste ano, foi aprovada a criação na UFMG de uma cátedra Unesco de caráter transdisciplinar. “A cátedra Territorialidades e humanidades: a globalização das luzes é objeto de acordo assinado em setembro último e já está devidamente instalada”, explica Luiz Carlos Villalta, titular da cátedra. Segundo o professor, ela funcionará como espécie de grupo de pesquisa e vai promover também atividades de ensino (graduação e pós-graduação) e de extensão, em colaboração e intercâmbio com outras cátedras Unesco na área das Humanidades. “Atualmente, há 19 instituições universitárias ou de pesquisa relacionadas a essa cátedra – 12 do Brasil, duas da Argentina, duas de Portugal, uma da França, uma da Espanha e uma da Rússia”, informa Villalta.

Ewerton Martins Ribeiro