Bibliotecas mais acessíveis

Textos para todos

Núcleo de Acessibilidade e Inclusão e Biblioteca Universitária firmam parceria para ampliar e tornar mais eficiente o atendimento a pessoas com deficiência visual

Em 2019, passou de 100 o número de estudantes da UFMG com deficiência visual, distribuídos nas diversas unidades acadêmicas e em todos os níveis de ensino. E a Universidade vai certamente receber, neste ano, ainda mais alunos cegos e com baixa visão. Naturalmente, esse crescimento faz aumentar a demanda por material didático adaptado. Para fazer frente a essa nova realidade, o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) firmou parceria com a Biblioteca Universitária (BU), cujas unidades passarão a escanear os textos solicitados pelos estudantes e enviar para o NAI, que é responsável pela adaptação do material.

O objetivo do projeto Bibliotecas Acessíveis, idealizado no início do ano passado, é tornar mais amplo, ágil e eficiente o processo que culmina na entrega ao aluno do texto adaptado. Hoje, o escaneamento é feito pelo NAI. Para viabilizar a ação conjunta, o Núcleo adquiriu 23 escâneres, do modelo Epson Workforce DS-1630, que serão repassados pela diretoria da BU às unidades integrantes do Sistema de Bibliotecas da UFMG. A doação dos escâneres foi formalizada em  em solenidade no último dia 11, no campus Pampulha. “Essa é mais uma iniciativa do NAI que integra o esforço para promover acessibilidade para os estudantes e servidores da UFMG com deficiência”, diz a diretora do Núcleo, Rosana Passos, professora de Libras (Língua Brasileira de Sinais) na Faculdade de Letras.

Página de livro infantil em Braille: demanda por material didático adaptado está em expansão
Página de livro infantil em Braille: demanda por material didático adaptado está em expansão Raphaella Dias | UFMG

Rosana lembra que os textos escaneados podem ser adaptados para  diferentes formatos: digital, para uso de leitores de telas no computador, tradução para Braille, impressão com letras aumentadas, impressão em alto relevo e transformação de texto em voz (em arquivos como MP3 e MP4). É fundamental que o escaneamento seja feito de uma determinada maneira e tenha alta qualidade para que se assegure a fidelidade do material adaptado ao original. Os textos nos formatos adaptados podem ser usados não só por pessoas cegas e com baixa visão, como também por outras que tenham dificuldade de apreensão da informação por meio de texto em formato comum.

Acervo de uma década

O NAI se prepara também para entregar ao Sistema de Bibliotecas materiais didáticos adaptados desde 2009 – são cerca de 6 mil títulos. Muito em breve, em torno de 20% desse acervo – que corresponde, em sua maior parte, à produção do ano passado – estará disponível para consulta; o restante passará por revisão dos técnicos do Núcleo, que vão verificar todo o processo, do escaneamento à adaptação, por exemplo, conferir o texto no leitor de tela, a necessidade de audiodescrição de imagens e a formatação, entre outros.

Assistentes e auxiliares administrativos do Sistema de Bibliotecas serão treinados pelo Núcleo de Acessibilidade e Inclusão, para a utilização dos escâneres conforme os padrões recomendados para a adaptação dos textos. Segundo a vice-diretora da BU, Sindier Alves, há um projeto específico que concorre a edital do Programa de Apoio à Inclusão e Promoção da Acessibilidade (Pipa), visando sistematizar, por meio do catálogo bibliográfico, o acesso aos materiais adaptados e produzidos pelo NAI.  

Sindier anuncia que, neste ano, será realizado um encontro do Sistema de Bibliotecas sobre inclusão e acessibilidade, e um grupo de estudos dará continuidade a discussões sobre o assunto. O Sistema conta com 132 bibliotecários e 77 auxiliares e assistentes administrativos.

Os textos nos formatos adaptados podem ser usados não só por pessoas cegas e com baixa visão, como também por outras que tenham dificuldade de apreensão da informação por meio de texto em formato comum.

Custo-benefício

A escolha do modelo de escâner se deveu a uma relação custo-benefício satisfatória e a características como compatibilidade com os principais sistemas operacionais, velocidade de digitalização adequada, autonomia de produção diária (sem risco de danos) e possibilidade de usar tanto o sistema de bandeja quanto o alimentador automático de folhas.

O revisor de braille do NAI, Anderson Martins, lembra que a informação crescente a respeito do Núcleo atrai cada vez mais pessoas com deficiência, incrementando a demanda. “Quanto mais parcerias estabelecemos com setores diversos da Universidade, maior é a possibilidade de expandir o apoio a essas pessoas, e mais eficiência ganharemos nos processos”, diz. 

O Núcleo de Acessibilidade e Inclusão estima em 450 o número de pessoas com deficiência em toda a Universidade (muitos deles já têm autonomia e dispensam apoio, após algum tempo de atendimento). Em 2019, cerca de 270 estudantes foram apoiadas pelo Núcleo por meio de diferentes serviços e ações. Com equipe composta de duas docentes, 16 servidores e 15 bolsistas, o NAI oferece suporte pedagógico, interpretação em Libras e treinamento de rotas, em informática e no uso de tecnologias assistivas.

Itamar Rigueira Jr.