Telemedicina‌ ‌torna‌ ‌rastreio‌ ‌da‌ ‌cegueira‌ ‌causada‌ ‌pelo‌ ‌diabetes‌ ‌94%‌ ‌mais‌ ‌barato, mostra pesquisa da UFMG‌

Segundo uma pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG, a telemedicina pode tornar o rastreio da retinopatia diabética (complicação silenciosa do diabetes mellitus que em casos graves leva à cegueira) cerca de 90% mais econômico para os cofres públicos. Além disso, a pesquisa aponta outros benefícios como a ampliação do acesso à saúde em regiões distantes dos grandes centros (que concentram especialistas), diagnóstico precoce e diminuição de casos graves, melhorando a qualidade de vida dos diabéticos.

Os achados foram encontrados após duas fases de avaliação. Na primeira, considerou os custos envolvidos em consultas presenciais com oftalmologista para moradores de Viçosa-MG, o que requer estrutura física de consultórios e deslocamentos até Juiz de Fora ou Belo Horizonte. Esse valor foi comparado com o uso da teleoftalmologia, em que profissionais locais foram treinados pela equipe da pesquisa, realizando exames para triagem dos pacientes diabéticos da região, com os resultados sendo analisados e laudados no Hospital das Clínicas da UFMG. 

O transporte para cada exame presencial custou, em média, 30,48 dólares (moeda de padrão internacional para possibilitar comparações). Já o custo para teleoftalmologia foi 1,72 dólares por paciente. A economia é de 28,76 dólares por paciente, ou seja, 94% mais barato. Do total, 67% dos pacientes não precisaram de encaminhamento para avaliação presencial.

Na segunda fase, pacientes da macrorregião de Teófilo Otoni-MG também foram consultados por meio de teleoftalmologia, mas com a utilização de dois tipos de retinógrafos, um convencional e outro portátil. “Mais de 40% dos pacientes tinham hemoglobina glicada muito alta e 53% nunca fizeram avaliação oftalmológica, sendo que a indicação no caso do diabetes tipo 2 é que seja feita logo ao diagnóstico, com acompanhamento anual”, informa a autora do estudo, Grazielle Fialho de Souza.

A pesquisadora conta que a retinopatia é prevenível, pode ser controlada ou mesmo regredir quando o diagnóstico é precoce, mas que é comum essa situação dos pacientes chegarem ao serviço especializado já com grande risco de comprometimento da visão, sem ter feito nenhuma avaliação antes de perder a visão. Outra questão é que a literatura médica aponta que mais de 20% das pessoas com diabetes desenvolvem retinopatia. “O número de casos de diabetes tem aumentado e é uma doença com grande impacto social e econômico. Queremos aumentar o acesso para as pessoas que precisam da avaliação, reduzir o tempo de espera, realizar o diagnóstico e tratamento precoces, a fim de se evitar a cegueira”, afirma Grazielle. 

De acordo com o orientador da pesquisa e professor da Faculdade de Medicina, Daniel Vitor Vasconcelos, a teleoftalmologia facilita o acesso à avaliação oftalmológica especializada, evitando o transtorno e os custos do deslocamento do paciente para a avaliação nos grandes centros urbanos. Grazielle completa apontando que um dos possíveis impactos do estudo seria uma eventual oferta desse serviço para o território nacional: “Minas Gerais tem uma peculiaridade, que é uma desigualdade regional parecida com a do país. Nossa experiência em Minas poderia ser replicada em planejamento nacional”.

“Essa estratégia é particularmente útil nas localidades mais remotas e com difícil acesso à atenção especializada. A pesquisa demonstrou que a teleoftalmologia é aplicável e economicamente muito viável no nosso meio, podendo auxiliar na resolução da demanda reprimida de exames de fundo de olho de pacientes diabéticos, melhorando seu acesso ao especialista e com potencial de reduzir o risco de perda da visão, por viabilizar diagnóstico mais precoce da retinopatia e encaminhamento tempestivo para tratamento”, conclui Grazielle.

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Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG

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