O tema da Acessibilidade e Inclusão vem emergindo nos últimos anos na forma do reconhecimento de um déficit civilizatório praticado desde sempre em nosso país. Parcela considerável da população brasileira é constituída de pessoas que têm algum tipo de deficiência. Ainda hoje, grande parte das facilidades supostamente proporcionadas pela sociedade aos cidadãos é de difícil acesso para esse contingente de pessoas.

Direitos básicos para uma existência digna, tais como emprego e renda, educação, locomoção, saúde, lazer, e outros, não são usufruídos em grande medida porque os mecanismos para seu provimento não foram adequadamente concebidos para incluir a todos. 

As universidades têm um importante papel a cumprir para que se possa vislumbrar um cenário de superação desse déficit. Trata-se, por um lado, de garantir o acesso das pessoas com deficiência à educação superior, o que contribuirá em muito para a redução de sua vulnerabilidade e para a ampliação de seu espaço na sociedade.

Isso implica tanto na adaptação dos espaços e equipamentos da universidade quanto no desenvolvimento e disseminação de técnicas pedagógicas que permitam a inclusão desse novo público. Por outro lado, há a questão da preparação de profissionais dos diversos campos para que estes saibam como lidar, em sua prática profissional, com a questão da acessibilidade e inclusão, em suas múltiplas dimensões.

Acolhimento aos estudantes com deficiência
A partir de 2018, em decorrência da inclusão da reserva de vagas para pessoas com deficiência (Lei 13.409/16) dentre as modalidades de reserva de vagas no processo de admissão aos cursos de graduação da UFMG, houve um aumento significativo no ingresso de estudantes com deficiência na Instituição, com consequente aumento no número de demandas para suporte direto.

Já existia na época o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), com a função de atender às demandas dos estudantes com deficiência que já ingressavam normalmente nos diversos cursos, provendo um aparato de suporte para viabilizar suas trajetórias acadêmicas. Naquele momento, foi necessário expandir substancialmente a estrutura do NAI, com a ampliação de instalações e a contratação de novos servidores com capacitação adequada. 

Grande parte da interação entre os docentes e as turmas das disciplinas, na UFMG, é feita por meio do sistema Moodle. Tanto em disciplinas presenciais quanto a distância, esse sistema permite a disponibilização de materiais didáticos, o envio de trabalhos, o lançamento de notas, além de outras funcionalidades.

Para garantir a ampla cobertura das ações de acolhimento aos estudantes com deficiência, a partir de 2019 o sistema Moodle da UFMG passou a apresentar em destaque a informação sobre quais estudantes matriculados em cada turma têm deficiências, com a identificação do respectivo tipo de deficiência. Por meio desse sistema, os docentes têm sido orientados sobre como tornar suas aulas acessíveis, contando ainda com a possibilidade de solicitar apoio ao NAI.

Inclusão na vida acadêmica
O aumento do número de estudantes com deficiência produziu impactos nos variados serviços relacionados ao acompanhamento pedagógico; produção de material em diferentes formatos; no transporte acessível dentro do campus Pampulha; serviço de intérprete de Libras; treinamentos e capacitações diversas, orientações à docentes e colegiados; aquisição de mobiliário, equipamentos e dispositivos de tecnologia assistiva; dentre outros. 

O acompanhamento desenvolvido pelo UFMG visa a eliminar ou reduzir barreiras que estejam obstruindo a participação plena e efetiva, em igualdade de condições com as demais pessoas, como por exemplo, pedagógicas, de comunicação, de acesso à informação e comunicação; barreiras atitudinais, que envolvem espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações e transporte; barreiras relacionadas à inclusão digital e acesso a tecnologias produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços.

O serviço de tradução e interpretação de Língua Brasileira de Sinais/Português envolve as atividades de: traduzir e interpretar atividades didático-pedagógicas, conversações, palestras, artigos, livros, textos diversos e demais interações orais e/ou escritas envolvendo pessoas surdas e não-surdas no âmbito da Universidade. 

O crescimento da demanda pelo serviço de tradução e interpretação de Libras justificou o aumento da equipe de tradutores/intérpretes, que passou de dois, no ano de 2011, para oito em 2017 (quando deu-se a última posse de servidor para o cargo). Como não houve novo concurso para o cargo, a saída encontrada foi terceirizar a contratação de novos profissionais. Do contrário o desempenho acadêmico e a permanência dos alunos surdos na universidade ficariam comprometidos. 

Produção de material em diferentes formatos 
Na UFMG existe um serviço de produção de material em diferentes formatos, como por exemplo, material digital (fonte ampliada, para leitor de telas); material impresso em Braille; material impresso em alto-relevo; material impresso com fonte ampliada. Os textos, artigos, livros, slides indicados pelos professores das diferentes disciplinas são adaptados para leitura por softwares, são traduzidos para o Braille, ou ampliados.

Veículo de transporte adaptado
Em abril de 2019, a UFMG colocou em operação um veículo adaptado para o transporte de de pessoas com deficiências dentro do campus Pampulha, onde se encontram o maior número de unidades acadêmicas e administrativas. Desde então, tem sido utilizado diariamente, em período integral, das 7 horas às 22 horas, para transporte de pessoas com deficiência, prioritariamente alunos, que apresentem alguma dificuldade de mobilidade.

O novo curso da UFMG: Licenciatura em Letras-Libras 
A partir de 2019, a UFMG começou a oferecer um novo curso de graduação de grande demanda social, um dos primeiros cursos de graduação na área no país. O curso de licenciatura em Letras-Libras é o 91º curso de graduação da UFMG e foi criado em atendimento à solicitação da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, para atender a uma necessária demanda da sociedade mas também considerando a política de inclusão desenvolvida pela Universidade. 

O curso oferece 30 vagas e os futuros profissionais atuarão no ensino de Libras tanto para pessoas ouvintes, que querem aprender a Libras como segunda língua, quanto para crianças surdas, que têm direito de fazer seu percurso escolar com disciplinas na sua língua materna, a língua de sinais. Esse novo curso tem um importante objetivo de preparar docentes para atuarem, especialmente, nas escolas de educação básica nais quais há uma crescente demanda desses profissionais.