Institucional

António Nóvoa sugere ‘novo contrato social' para a educação

Em seminário, catedrático da UFMG defendeu a construção de espaços unificados de formação de professores, e gestores das Ifes mineiras apresentaram suas políticas para a área

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Antônio Nóvoa defendeu a criação de dinâmicas que atraiam mais estudantes do ensino médio para as carreiras de licenciaturaFoto: Jebs Lima | UFMG

Mais da metade dos estudantes que iniciam um curso de licenciatura não o conclui. Dos que chegam até o fim da formação, só um terço chega a ser professor. "É um desperdício impensável, de recursos, energias e vidas”, lamentou o professor Antônio Nóvoa, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, durante o Seminário de apresentação das políticas das Instituições de Educação Superior (IES) públicas mineiras. “Temos que nos indignar com essa situação. Precisamos, todos, ‘dar um murro na mesa’, como se diz em Portugal”, reforçou o professor. O evento, vinculado ao Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes), ocorreu na tarde desta segunda-feira, dia 27, no auditório da Reitoria.

O caminho, para Antônio Nóvoa, deve partir da valorização da voz, das bases e da cultura da profissão, no quadro de um "novo contrato social" da educação, que tem relação com sua defesa como um bem público. “Isso resulta da constatação de um problema que existe em todo o mundo: o ‘apagão’ dos professores. Tem a ver com deficiências na carreira, mas não é apenas isso, já que, em certos países, a carreira é muito estruturada e atrativa. É preciso encontrar, portanto, a causa do problema”, argumentou o professor Nóvoa, primeiro ocupante da Cátedra Magda Soares da Educação Básica, criada pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) e pela Fundação de Apoio da UFMG, a Fundep.

Fragmentação
A formação de professores, segundo Antônio Nóvoa, é muito fragmentada dentro das universidades. Por essa razão, ele defende a necessidade de uma ferramenta que unifique todos os agentes da formação, incluindo as escolas de educação básica. “A construção desse lugar de ajuntamento requer a participação das secretarias municipais e estaduais. Tem que haver parceria e acordo forte”, sublinhou.

Nesse sentido, o professor se declarou esperançoso de que tais espaços venham a se consolidar, “conquistando reconhecimento dentro da universidade, das escolas básicas e da sociedade, influenciando políticas educativas, experiências e realidades”. "Que as universidades passem a prestigiar esses espaços em termos físicos e simbólicos, por meio de cerimônias de acolhimento dos estudantes de licenciaturas e outros rituais, a fim de criar uma dinâmica que atraia mais estudantes do ensino médio”, projetou. 

O professor Douglas Tinti, da Ufop
Douglas Tinti, professor da Ufop Foto: Jebs Lima | UFMG

Em seguida, o professor Douglas Tinti, pró-reitor adjunto de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), apresentou um panorama do trabalho da Rede Mineira de Formação de Professores para a Educação Básica, vinculada ao Foripes. Por sua vez, a professora Katiuscia Antunes, pró-reitora de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora, expôs o Programa de Residência Docente da UFJF. 

Representante do Instituto Federal do Sul de Minas, a professora Luciana Buranello apresentou o núcleo de formação inicial e continuada da instituição. Na sequência, o professor Roberto Marques da Silva, do Instituto Federal do Norte de Minas, relatou as atividades exercidas no âmbito do Centro Interinstitucional de Formação de Professores da Educação Básica (Cifop).

Também participaram da mesa as professoras Ivana Rebello e Jussara Guimarães, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e Ana Cristina Lage, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o professor Thiago Mendonça, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a pró-reitora de Graduação da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), Patrícia Caetano, e a pró-reitora adjunta de Graduação da UFMG, Maria José Flores, que é a coordenadora da Rede Mineira de Formação de Professores.

Programação
Até sexta-feira, 31, o campus Pampulha sediará um conjunto de eventos com participação de representantes das instituições de ensino superior públicas mineiras, como uma reunião de planejamento das ações em 2025 e interações específicas com o professor António Nóvoa.

Terça-feira, 28/01
9h: reunião interna dos representantes das IES na Rede Mineira de Formação de Professores da Educação Básica
14h: Seminário: Espaços comuns de formação de professores da Educação Básica com António Nóvoa, emérito da Universidade de Lisboa e titular da Cátedra Fundep Magda Soares de Educação Básica, e Carmen Teresa Gabriel, coordenadora do Complexo de Formação de Professores da UFRJ. Será no auditório da Reitoria, com intérprete de Libras, e aberto ao público. Inscrições para emissão de certificado em site específico.

Quarta-feira, 29/01
8h às 12h: reunião interna dos representantes das IES na Rede Mineira de Formação de Professores da Educação Básica
14h: interações específicas das IES mineiras com o professor Nóvoa

Quinta-feira, 30/01
10h às 12h: reunião com diretores e coordenadores de cursos de licenciatura e integrantes de NDEs para apresentar a proposta em construção da política de espaços comuns de formação de professores, no auditório da Reitoria.

Sexta-feira, 31/01
9h às 12h: reunião com secretarias de educação de Carmésia, Dores de Guanhães e Nova Lima. Participação de docentes e de António Nóvoa. O objetivo é que se abordem o contexto de cada rede e os projetos articulados em prol da construção do espaço comum.
14h: aula inaugural do Pibid, edição 2024-2026, ministrada pelo professor António Nóvoa no auditório Nobre do CAD 1.

Matheus Espíndola