Saúde

Já pensou em ser um doador de órgãos?

Médicos especialistas do MG Transplante e de unidades de saúde da UFMG abordam o tema

Ainda que o Brasil tenha o maior serviço público de saúde para transplantes do mundo, mais de 30 mil pessoas aguardam por um órgão na fila de espera. O índice de doadores de órgãos em Minas Gerais sofreu queda de aproximadamente 14% em relação a 2017, de acordo com o último levantamento do Registro Brasileiro de Transplantes de 2018. Em entrevista à TV UFMG, médicos especialistas do MG Transplante e de unidades de saúde da UFMG abordam o tema e contam como se tornar um doador.

Entre os fatores apontados para tal recusa, a desinformação e a ausência de conscientização se destacam. ‘‘A falta de campanha faz com que as doações caiam, não porque as pessoas sejam contra a doação, porque elas não estão devidamente esclarecidas’’, afirma Charles Simão, professor do Departamento de Cirurgia da UFMG, em entrevista à TV UFMG.

Para o professor, Belo Horizonte possui hospitais com grande capacidade para a realização de transplantes de diferentes tipos e complexidades. Contudo, é necessário capacitar as equipes médicas para diagnosticar potenciais doadores e conversar com as famílias para efetivar a doação.

Nesse quesito, o Hospital Risoleta Tolentino Neves se sobressai. Embora Minas tenha sofrido queda no número de doações, o HRTN obteve bom desempenho na captação de órgãos. ‘‘Em 2017, a gente teve seis doações com dez protocolos concluídos. Em 2018, a gente conseguiu ter 22 protocolos com 15 doações efetivadas. A gente conseguiu envolver as equipes assistenciais, sendo a equipe médica, de enfermagem, serviço social, todo um trabalho que gerou esses bons resultados’’, pontua Priscila Xavier, referência técnica da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do hospital.

Omar Lopes Cançado, diretor do MG Transplantes, reforça ser fundamental que todos conversem com seus familiares e deixe explicita a vontade em ser um doador, porque é a família que toma essa decisão. ‘‘Quem determina se a pessoa vai ser doadora ou não é a família do paciente após a morte [...]. Não existe mais deixar na carteira de identidade ou deixar algum documento por escrito falando se você vai ser doador ou não’’, destaca.

Para a psicóloga do Hospital das Clínicas, Márcia de Abreu Fonseca, as famílias que aprovam a doação, ainda que estão passando por um processo de luto, sentem-se mais realizadas. ‘‘Elas se sentem satisfeitas por terem conseguido fazer a doação de órgãos, ao passo que a maior parte das famílias que recusaram, quando elas são abordadas novamente, [...] fala que se arrepende de não ter doado’’, conclui.

Entrevistados: Omar Lopes Cançado Júnior, diretor MG Transplantes; Priscila Xavier, referência técnica Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT)/HRTN; Charles Simão Filho, prof. depto. Cirurgia Faculdade de Medicina/UFMG; Márcia Aparecida de Abreu Fonseca, teleconsultora plantonista HC.

Equipe: Leonardo Milagres (produção e reportagem), Marden Ferreira (produção), Vitória Brunini (reportagem), Antônio Soares e Cássio De Jesus (imagens), Kennedy Sena (edição de imagens) e Olívia Resende (reportagem e edição de conteúdo).