Institucional

João Batista Novaes e Patricia Valente Araujo assumem direção da Faculdade de Odontologia

Meta dos novos gestores é finalizar, ainda no primeiro semestre, a reforma dos consultórios e retomar a capacidade plena de aulas e atendimentos pré-pandemia

Fachada da Faculdade de Odontologia, no campus Pampulha
Detalhe da fachada do prédio da Faculdade de Odontologia, no campus Pampulha Foto: Foca Lisboa | UFMG

Os professores João Batista Novaes Junior e Patricia Valente Araujo assumem a diretoria da Faculdade de Odontologia (FAO) na noite desta segunda-feira, 22 de janeiro, para comandar a Unidade na gestão 2024-2028. A perspectiva é de continuidade. Eles darão sequência ao trabalho dos professores Allyson Nogueira Moreira e Denise Vieira Travassos, que estiveram à frente da Unidade na gestão 2020-2024. Aberta à comunidade acadêmica, a cerimônia, que será conduzida pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, começa às 18h, no auditório Professor Hélio de Senna Figueiredo.

Os novos diretores prometem uma gestão “engajada, transparente e solidária”, focada na humanização. Em particular, João Novaes e Patricia Valente afirmam que trabalharão em defesa dos direitos dos usuários dos serviços de saúde prestados na unidade, no âmbito de seu convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Segundo o plano de gestão que apresentaram, esses direitos serão sempre incentivados e assegurados “em todas as fases do cuidado, por meio de uma escuta qualificada, para que cada um seja atendido como prioridade a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco”.

A principal meta do mandato é a conclusão, ainda neste primeiro semestre, da reforma dos consultórios de atendimento da unidade, obra iniciada na gestão que ora se encerra, após grande esforço de captação de recursos e viabilização técnica dos trabalhos. A reforma possibilitará que os atendimentos odontológicos retornem aos patamares pré-pandemia, com o atendimento pleno em cerca de 200 consultórios. No contexto pandêmico e pós-pandêmico, essa capacidade foi reduzida à metade, em razão de recomendações da vigilância sanitária.

'Multiplica por dez'
Perguntado sobre o tamanho do impacto da pandemia nas atividades da Faculdade de Odontologia, Allyson Moreira é direto: “Para dimensioná-lo, pegue o impacto sofrido pelas outras unidades e multiplique por dez.” Há uma razão para essa hipérbole. “O curso de odontologia é eminentemente prático”, explica a vice-diretora Denise Vieira. “As matérias totalmente teóricas são só as iniciais. As demais associam teoria à prática e são muito focadas na prática. Só que essa prática teve de ser completamente interrompida”, lembra. Foi quando os alunos ficaram sem ter como progredir no curso.

Além disso, quando a clínica pôde finalmente voltar (ainda no contexto da pandemia, após a realização de uma série de adaptações e o estabelecimento de novos protocolos), a vigilância sanitária exigiu que fossem criadas barreiras físicas entre os pacientes por causa do aerossol que se dissipa durante os atendimentos. “A gente não tinha essas estruturas. A obra que está sendo realizada visa justamente levantar essas barreiras”, explica a vice-diretora. O recurso para a obra – que implica intervenções estruturais e não apenas de mobiliário – veio de emenda parlamentar do vereador Bruno Miranda. “Ele também é dentista e se sensibilizou com a causa”, informa Allyson.

Contudo, nesse meio-tempo, até que o recurso e a logística necessários para a realização da obra estivessem disponíveis, a Faculdade de Odontologia precisou adaptar o seu espaço e o seu modelo de atendimento. “Como não havia essas barreiras, passamos a trabalhar de forma espaçada, deixando um consultório vazio entre cada consultório de atendimento, de modo que os pacientes ficassem distantes uns dos outros. Foi a solução possível naquele momento, mas isso reduziu à metade a nossa capacidade de atendimento simultâneo”, lembra Allyson. Com a conclusão da obra, o problema estará finalmente resolvido.

As clínicas da Faculdade de Odontologia, que atendem pacientes encaminhados pela rede pública de saúde de Belo Horizonte, são uma das mais expressivas ações de extensão da UFMG
As clínicas da Faculdade de Odontologia, que atendem pacientes encaminhados pela rede pública de saúde, são uma das mais expressivas ações de extensão da UFMG Foto: Lucas Braga | UFMG

O dobro da metade
De modo a compensar a redução e para que os alunos não fossem prejudicados no andamento de seus cursos, os diretores e o corpo docente da unidade passaram a trabalhar dobrado. “A congregação aprovou, em caráter temporário, uma maximização de carga horária para que os professores conseguissem ajudar a contornar o problema”, rememora Allyson Nogueira. “Como a capacidade de atendimento foi reduzida pela metade, a Odonto dobrou o horário de atendimento para compensar”, reitera João Novaes.

“Se o curso tem duração de cinco anos, nós deveríamos estar com dez turmas em atividade, mas estamos com 12, um reflexo do primeiro represamento no ponto mais alto da pandemia. Esses alunos vão se formar com seis anos”, conta Allyson. A existência dessas duas turmas extras ocasionou, no decorrer dos últimos semestres, uma duplicação da quantidade de alunos em dois períodos específicos, que iam se substituindo semestre a semestre, na medida do avanço dessas turmas no curso. “Em razão disso, vivemos uma adaptação contínua nos últimos anos”, diz Novaes.

O novo diretor explica mais detalhadamente o que ocorreu: “Desde que retomamos as aulas, em todo semestre nós tivemos de redimensionar a quantidade de vagas de cada período, em razão da flutuação do número de alunos causada pelo deságue daquela retenção. É um fluxo que vai andando como uma onda, período a período, e que implica o redimensionamento contínuo das turmas, a reformulação contínua das grades e o redirecionamento dos professores em todo semestre." Esse processo será quebrado de vez em 2025, com a conclusão dos ciclos das turmas assimétricas.

Com o fim da reforma de levantamento de barreiras entre cada consultório da clínica ainda em 2024, a clínica poderá voltar a atuar em sua capacidade plena. “Estaremos focados em reconstruir o potencial de oferta de disciplinas e de prestação de serviços tanto da graduação quanto da pós-graduação e da extensão”, afirmam os novos gestores em seu plano de trabalho.

Valorização do ensino e do trabalho
“Nosso foco principal será a valorização do ensino e do trabalho, pautados pelo diálogo com a comunidade por meio de uma gestão participativa, propondo integração e valorização dos docentes, servidores técnico-administrativos em educação e discentes, para mantermos o compromisso coletivo de conduzir a Faculdade de Odontologia ao mais alto nível de excelência”, acrescentam os gestores. “Buscaremos a construção de relações de confiança, vínculo e compromisso entre as equipes de trabalho”, demarcam. 

Os detalhes dos planos da dupla podem ser consultados em documento publicado em agosto de 2023. A plataforma apresenta, entre outras metas, a promoção de ações afirmativas, a integração da FAO com outras áreas de saúde da Universidade e o incentivo ao protagonismo estudantil, "seja com experimentação de metodologias inovadoras nos diversos ambientes de aprendizagem, seja na escolha de percursos curriculares diversificados e interdisciplinares".

Odonto em números

129 docentes
105 servidores técnico-administrativos
830 alunos matriculados na graduação
Em 2022, cerca de 6,5 mil pacientes foram atendidos na clínica da unidade; em 2023, só no primeiro semestre, foram atendidos mais de 4,2 mil pacientes em diversas especialidades
Pós-graduação stricto sensu com conceito 7 (nível máximo) na avaliação da Capes.
No fim de 2023, havia 43 alunos matriculados no mestrado, 79 no doutorado, 23 no mestrado profissional e 46 na especialização

Clínica da Faculdade de Odontologia, no campus Pampulha:
Registro do antigo leiaute da clínica da Faculdade de Odontontologia, que está sendo substituído por consultórios separados uns dos outros por barreiras sanitáriasFoto: Foca Lisboa | UFMG

Perfil dos novos dirigentes

João Batista Novaes Junior, diretor
É professor do Departamento de Clínica, Patologia e Cirurgia Odontológicas desde 1999. Em sua trajetória como gestor, coordenou, de 2000 a 2003, o Centro de Apoio, Seleção e Encaminhamento do Usuário (Caseu), setor responsável por recepcionar os pacientes encaminhados pelo SUS. Foi chefe de departamento (2006-2010) e presidiu a Associação Brasileira de Odontologia, seção São João Nepomuceno (1992-1993).

É graduado em Odontologia, com aperfeiçoamentos em Dentística e em Ortodontia Interceptativa, especializações em Dentística e em Ortodontia e mestrado e doutorado em Dentística, com foco em materiais odontológicos. Fez duas residências pós-doutorais em materiais odontológicos e análise de tensões – uma na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e outra na Universidade de Alberta, no Canadá.

Patricia Valente Araujo, vice-diretora
É professora do Departamento de Odontologia Restauradora desde 2010. Presidiu a comissão de normatização do atendimento clínico, integrou a comissão de coordenação da adequação curricular do curso de graduação e atualmente é representante dos professores na Câmara Departamental da Faculdade de Odontologia. Ela também integra a comissão de acompanhamento e monitoramento epidemiológico da FAO e coordena o Caseu.

É graduada em Odontologia, com duas especializações: uma em Dentística Restauradora, com foco em inlays/onlays de porcelana, e outra em Prótese, com foco nas disfunções temporomandibulares. É mestre e doutora em Dentística e fez mais de uma dezena de cursos complementares.

Veja a galeria de fotos da cerimônia de posse desta segunda-feira:

Posse da diretoria da Odonto (gestão 2024-2028)

Ewerton Martins Ribeiro