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Morre Cleiber Pacífico, ex-coordenador da Rádio UFMG Educativa

Não haverá velório, já que, atendendo ao seu desejo, corpo será doado ao projeto ‘Vida após a vida’, da Faculdade de Medicina

Cleiber Pacífico atuou por dez anos na Rádio UFMG Educativa
Cleiber Pacífico atuou por dez anos na Rádio UFMG Educativa Foto: Divulgação UFMG Educativa

O radialista Cleiber Pacífico, que atuou como chefe de produção e coordenador geral da Rádio UFMG Educativa, morreu neste sábado, dia 16 de março, aos 65 anos, em Belo Horizonte, sua cidade natal. Ele estava hospitalizado depois de sofrer um acidente vascular cerebral e  ser diagnosticado com câncer de pulmão.

Pacífico também teve passagens pela Rádio Inconfidência, onde foi produtor do programa A hora do fazendeiro, o mais antigo da radiodifusão brasileira. Com formação em história pela própria Universidade, ele ingressou na UFMG Educativa em 2006 e permaneceu na emissora por dez anos, a convite do então coordenador geral, o radialista Elias Santos, a quem substituiu mais tarde. 

“A consolidação do conceito da Rádio, que se baseia em uma programação alternativa, com visibilidade para a UFMG e formação complementar, deve-se ao Pacífico. Eu acredito que esse tripé vigora até hoje”, afirma Santos. “Quando eu entrava em uma onda muito saudosista do rádio, ele falava: ‘Elias, eu sou formado em história; o passado me habita, mas eu não habito o passado ", recorda-se.

Em 2015, ano em que a UFMG Educativa completou 10 anos, Pacífico concedeu uma entrevista à atual supervisora geral de produção e conteúdo da emissora, Luiza Glória, a Lolis. “Quem entra na UFMG tem que repassar o conhecimento para o aluno. Isso é o cerne da Universidade: ensino, pesquisa e extensão”, disse Pacífico, em referência ao papel da emissora na formação de profissionais do rádio. Pax, como era chamado carinhosamente, tinha o humor crítico como traço marcante de sua personalidade. “Eu vim para botar a cereja no bolo, como lembrou Elias Santos”, brincou.

Ouça também a entrevista concedida por Cleiber Pacífico no aniversário de 10 anos da UFMG Educativa.

Elias Santos, à esquerda, e Cleiber Pacífico
Elias Santos, à esquerda, e Cleiber Pacífico: cereja no boloFoto: Divulgação UFMG Educativa

“Pacífico sempre questionou o ‘normal’, propôs novos olhares e nos ensinou isso também. Pax me formou, não só na profissão, no rádio, mas na vida, mesmo. Ele faz parte de quem eu sou hoje. E formou tanta gente na Rádio, tantos profissionais que hoje carregam um pouco dele. Ele vai seguir sua missão, formando agora na medicina”, declara Luiza Glória.

O radialista Judson Porto, que hoje é supervisor de Operações na Rádio Itatiaia, também trabalhou com Pacífico na UFMG Educativa. Ele descreve o colega "como destemido, criativo, utópico, polêmico e leal". "Tivemos brigas homéricas que acabei transformando em aprendizado. Eu o considerava meu irmão mais velho", testemunhou, emocionado.

Após a vida
Cleiber Pacífico havia manifestado o desejo de doar seu corpo para a Faculdade de Medicina da UFMG, com o intuito de contribuir para o ensino de anatomia. O corpo será doado ao projeto Vida após a vida, por isso não haverá velório, seguindo os protocolos da doação. 

“A doação do próprio corpo, após o falecimento, é um ato de abnegação, do mais alto altruísmo. Abnegação também dos familiares que, sensibilizados pelo desejo do ente, validam a doação. O corpo doado servirá para a formação de milhares de estudantes, ao longo de muitos anos. Além disso, há a oportunidade de servir à pesquisa e ao treinamento de cirurgiões das mais diversas especialidades”, afirma o professor Kennedy Marinez, coordenador do projeto Vida após a vida.

Pacífico deixa a ex-companheira, Christina Amaral, dois filhos, Maria e Mateus, e dois netos, Lina e Yago.

Ouça a homenagem da Rádio UFMG Educativa a Cleiber Pacífico: