Saúde

OMS inclui o Burnout na lista de doenças do trabalho

A nova classificação do Burnout como síndrome ocupacional crônica já começa a valer neste janeiro

Oficialização da doença facilita identificação e distinção de quadros com sintomas parecidos
Oficialização da doença facilita identificação e distinção de quadros com sintomas parecidos Reprodução: Ius Natura

A Síndrome de Burnout é resultante de estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso e que pode acarretar em sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia, levando ao esgotamento mental e redução da produtividade. Até então era um nome com o qual muitos trabalhadores se identificavam, mas que ainda não representa um cenário bem definido, pois faltam informações e dados devido à falta de notificações, já que não eram informações obrigatórias. A partir deste janeiro de 2022, o Burnout está incluído na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11). A Organização Mundial de Saúde (OMS), oficializou o Burnout como síndrome ocupacional crônica, já que é um fenômeno ligado ao trabalho. 

O programa Conexões desta segunda-feira, 10,  recebeu o psicólogo e mestre em Medicina Molecular pela UFMG, professor do departamento de saúde mental, Victor Polignano, para comentar essa inclusão e falar um pouco mais sobre a síndrome. O convidado deu mais detalhes sobre os sintomas causados pelo Burnout, que tem como principal característica o impacto na eficácia profissional, a perda de produtividade e engajamento em relação ao trabalho. No entanto, apesar de ser ligado ao contexto de trabalho e à atividade ocupacional, pode ser pensado de forma mais ampla, incluindo a questão dos estudantes. O professor explicou, a partir disso, uma série de passos para auxiliar na identificação dos sintomas da síndrome, que por muito tempo acometeu inúmeras pessoas sem que soubessem nomear as causas. 


“Muitas vezes, não só na saúde mental mas na saúde de uma forma bem ampla, a gente dá os nomes para questões que já existem. E às vezes o reconhecimento oficial de alguma coisa demora algum tempo, infelizmente às vezes tem seu próprio tempo, que não acompanha a realidade da vida, que é muito mais dinâmica, muito mais rápida”, comentou Polignano. O psicólogo também comentou sobre o alto número de trabalhadores brasileiros acometidos pela Síndrome de Burnout, a necessidade de abordagens inteligentes e estratégicas do problema por parte das empresas e autoridades de saúde e sobre as maneiras de diferenciar o estresse da síndrome. A própria inclusão na CID-11 já facilita na clareza da identificação do Burnout e na distinção de diferentes quadros que contemplam sintomas como o estresse e a ansiedade.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Luiza Glória