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‘Os tais caquinhos’ apresenta uma família e sua morada caótica, reflexo de um pai acumulador

História é narrada da perspectiva de Abigail, que enfrenta os desafios da adolescência em meio à desorganização e à sujeira domésticas

Obra marca a volta de Natércia Pontes à literatura após quase 10 anos da publicação de seu primeiro livro
Obra marca a volta de Natércia Pontes à literatura após quase 10 anos da publicação de seu primeiro livro Reprodução / Companhia das Letras

Uma casa repleta de caixas de papelão, bandejas de isopor, baratas, cupins, poeira e copos sujos. Na geladeira, pouca comida e, nas camas, nenhum lençol limpo. Esse é o cenário em que se dá a narrativa do livro Os tais caquinhos, da autora cearense Natércia Pontes. No romance, conhecemos a história de uma família formada por um pai acumulador e duas filhas adolescentes, que vivem em meio à bagunça e à sujeira.

A narração se dá através do olhar de Abigail, que ressente o caos que é a sua vida e o velho apartamento que habitam em Fortaleza. Distante do conforto e da segurança, a personagem precisa encarar os dramas comuns à adolescência e lidar com os frutos conturbados da mente intranquila de seu pai. 

A escritora Natércia Pontes, em entrevista ao programa Universo Literário desta quinta, 20, contou os pormenores do seu novo livro. Segundo a autora, o estado de desorganização do lar é um reflexo do caos interno das personagens. Na conversa, ela explicou como utilizou-se do recurso descritivo para levar o leitor a uma maior liberdade de interpretação da história.

O sentimento de abandono é comum aos membros da família, que convivem com a ausência da figura materna, o que, segundo Natércia Pontes, faz com a obra aborde a maternidade “de um jeito torto”. No romance, a protagonista, Abigail, carrega traços autobiográficos da escritora.

“Tem muita coisa minha e muita ficção. É um mergulho que se dá no tempo. Foi um processo muito introspectivo escrever esse livro e essa personagem porque ela é um pedaço grande de mim. Tem coisas que aconteceram comigo, das mais inimagináveis. Uma vez eu realmente encontrei um gafanhoto gigante no meu quarto, mas eu não engravidei na adolescência, por exemplo”, definiu.

Produção: Laura Portugal e Marden Ferreira, sob orientação de Luiza Glória e Hugo Rafael

Publicação: Alessandra Dantas