Meio Ambiente

Projetos de sustentabilidade da UFMG receberão R$ 1 milhão de emenda parlamentar

Recurso anunciado pela deputada federal Duda Salabert em visita ao Departamento de Química será destinado a iniciativas do centro de escalonamento de tecnologias

Duda Salabert ao lado do vice-reitor Alessandro Fernandes (à esquerda) e Rochel Lago; na extremidade esquerda a professora Alzira
Duda Salabert ao lado do vice-reitor Alessandro Fernandes e do professor Rochel Lago; na extremidade esquerda, a chefe do Departamento de Química, Arilza PortoFoto: Foca Lisboa | UFMG

O fósforo, substância mineral presente também na urina (humana ou animal), é um dos principais compostos – ao lado do potássio e do nitrogênio – para a adubação do solo. No entanto, o descarte de dejetos (fezes e urina, por exemplo) na natureza, em grande volume e sem tratamento, pode contribuir para a proliferação de microrganismos e causar a chamada eutrofização da água, que tem como resultado aquela nata verde e mal-cheirosa tão comumente vista em rios e lagoas.

O fenômeno pode ser evitado com o emprego da tecnologia P4Tree, em desenvolvimento no Centro de Escalonamento de Tecnologias e Modelagem de Negócios (Escalab) do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICex), que captura o fósforo da urina e o transforma em fertilizante para plantas. Esse processo de captura já ocorreu em três edições do Carnaval de Belo Horizonte, no trato da urina dos foliões acumulada em banheiros químicos.

Esse é um dos projetos em andamento no Escalab que serão beneficiados pelo aporte de R$ 1 milhão oriundo de emenda parlamentar proposta pela deputada federal Duda Salabert. A parlamentar esteve nesta segunda-feira, dia 19, nas dependências do Departamento de Química para conhecer os projetos desenvolvidos pela equipe do Escalab, sob a coordenação do professor Rochel Montero Lago.

Segundo a diretora estratégica e comercial do Escalab, Maria Paula Duarte Oliveira, os projetos utilizam uma metodologia própria de escalonamento de tecnologias para produzir e oferecer soluções inovadoras para os problemas gerados pelos processos industriais, em especial os rejeitos das indústrias. O Escalab, criado em 2019, já atendeu demandas de mais de 35 indústrias e conduziu vários programas de inovação aberta com universidades brasileiras.

‘Universidade necessária’
A deputada federal Duda Salabert recorreu à expressão “universidade necessária”, de Darcy Ribeiro, para justificar a importância de projetos desenvolvidos na academia que atendam aos anseios da sociedade. “Quando deparamos com projetos como esses, especialmente nesta época de crise climática, percebemos o quanto a universidade, assim como a política, é uma engrenagem fundamental para a transformação social e a soberania de um país”, afirmou.

O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira disse que o aporte de recursos ao Escalab é "muito bem-vindo, num momento em que a sustentabilidade é estratégica para a UFMG e faz parte de um projeto institucional amplo, que abrange a sustentabilidade ambiental, hídrica e energética”.

Escalab
O Escalab é um centro de escalonamento de tecnologias e modelagem de negócios, idealizado com base em parceria entre a UFMG, o INCT Midas e o CIT Senai. A estrutura integra o Departamento de Química, responsável por 80% das patentes registradas pelo Instituto de Ciências Exatas (cerca de 26% do total da UFMG). O Departamento abriga 42 grupos de pesquisa, 600 alunos de graduação e oferece duas pós-graduações.

Suas dependências também são utilizadas por cerca de 6 mil estudantes de outros 24 cursos da UFMG, segundo a chefe do departamento, professora Arilza Porto.

O professor Rochel Lago, que coordena a equipe de 32 profissionais do Escalab, apresentou os projetos em desenvolvimento, que, segundo ele, “respondem à expectativa da universidade necessária”. “A proposta do Escalab é oferecer produtos tecnológicos de sustentabilidade para a sociedade, e esse aporte de recursos será aplicado, prioritariamente, nos projetos de maior impacto, especialmente para as populações vulneráveis”, afirmou.

Lago traçou um panorama da atuação do Escalab junto às indústrias e às comunidades locais, como as populações ribeirinhas do Rio Doce e as indígenas extrativistas do Amazonas. O grupo integra rede de cerca de 60 pesquisadores (estudantes e professores) de 32 instituições de todo o país.

Conheça os projetos e serviços do Escalab.

Teresa Sanches