Institucional

UFMG cobra, e PBH vai apresentar cronograma de recapeamento de vias no entorno do campus

Prefeitura alega que obra é necessária para a realização da Stock Car na Pampulha

Portão de acesso ao estacionamento do ICB, que tem capacidade para 500 veículos:
Portão de saída do estacionamento do ICB, que tem capacidade para 500 veículos: acesso será comprometido pela obras de recapeamento na Avenida Rei PeléFoto: Raphaella Dias | UFMG

A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) comprometeu-se a enviar, nesta segunda-feira, dia 18, à UFMG e à Minas Arena, administradora do Estádio Mineirão, plano e cronograma detalhados das obras de recapeamento que a Prefeitura de Belo Horizonte pretende executar no entorno do campus Pampulha. 

Segundo a PBH, trata-se de intervenção de preparação para a corrida da Stock Car, cuja realização está prevista para agosto, de acordo com o termo de contrato de apoio celebrado entre o município e os organizadores do evento, em 1º de dezembro do ano passado.

O compromisso de envio da documentação foi acertado nesta sexta-feira, dia 15, em encontro realizado no Mineirão, a convite da direção da Sudecap e em decorrência da solicitação ao prefeito Fuad Noman para que informasse a UFMG sobre quaisquer intervenções no entorno da Instituição para a realização das obras. 

A reunião, que contou com representantes da própria Superintendência, da BH Trans, da administração do Estádio e da UFMG, ocorre após manifestações de insatisfação da Universidade diante da condução do processo de realização do evento, da falta de diálogo e da preocupação com os impactos da prova na região. A Universidade já havia manifestado sua oposição ao evento na Pampulha em notas à comunidade acadêmica (aqui e aqui).

O superintendente de Infraestrutura da Sudecap, Adriano de Souza Morato, afirmou, no início do encontro, que era necessário separar duas situações: a realização do evento da Stock Car, sobre a qual disse não ter propriedade para abordar, e o recapeamento propriamente dito das vias do entorno do Mineirão.

Atropelada mais uma vez
A abordagem do gestor causou estranheza entre os dirigentes que representaram a UFMG na reunião. “Sentimos um grande desconforto de participar de uma reunião convocada apenas para repassar informes. Mais uma vez, a Universidade foi atropelada e não pôde participar do processo de planejamento e muito menos dialogar ou negociar possibilidades de construção de alternativas para os impactos que uma obra dessas causará na Universidade”, protestou o pró-reitor de Administração, Ivan José da Silva Lopes, que participou do encontro acompanhado da pró-reitora adjunta de Administração, Eliane Aparecida Ferreira, e da diretora do Centro de Comunicação, Fábia Pereira Lima.

Na visão do pró-reitor de Administração, separar as obras de recapeamento do entorno da UFMG do contexto da corrida da Stock Car “soa como uma tentativa de minimizar os impactos que o evento já está produzindo na região e na UFMG”. “Na reunião, expressamos mais uma vez uma série de preocupações graves em relação aos impactos produzidos, mas não temos conhecimento formal sobre o projeto. Tudo o que temos são conjecturas que carecem de fundamentos. Por isso, esperamos receber o plano de obras até a próxima segunda-feira”, disse Ivan Lopes. 

Fora de hora
Em relação às obras de recapeamento, Adriano Morato sinalizou que o projeto prevê quatro meses de execução. A primeira fase, com início previsto para 25 de março, compreenderá o trecho da Avenida Rei Pelé, entre a Avenida Abrahão Caram e o Hospital Veterinário, afirmou Morato. Em seguida, Anderson Leal, da BH Trans, apresentou as principais alterações no trânsito previstas para o período de obras. 

O pró-reitor alertou que a obra comprometerá o único acesso ao estacionamento do ICB, com capacidade para mais de 500 veículos, e que obras em qualquer via no entorno da UFMG sobrecarregam os demais acessos e impactam a circulação da comunidade universitária e das adjacências.

Os gestores da UFMG manifestaram sua contrariedade em relação à reunião desta sexta-feira. “Ela deveria ter sido realizada somente após o envio formal do plano de obras, com cronograma detalhado ao menos dessa primeira fase, como a reitora [Sandra Regina Goulart Almeida] havia solicitado ao prefeito. Por isso, sugerimos que o plano seja encaminhado de forma oficial para análise; só a partir daí nova reunião deverá ser agendada”, frisou Ivan Lopes.

Também participaram da reunião os gerentes Otávio Goes e Sandro Afonso Teatini, da administradora do Mineirão, e representantes da empresa contratada pela BHTrans para a execução da obra.

As obras de recapeamento das vias no entorno da UFMG e demais intervenções para a realização da corrida Stock Car têm custo estimado de R$ 23,8 milhões. Entre as intervenções, estão previstas a recuperação de três quilômetros de pavimento asfáltico, redução de calçadas e remoção de itens como postes de iluminação e semáforos, conforme divulgado pela imprensa.

Diálogo difícil
Desde que tomou conhecimento pela mídia do plano de realização da Stock Car no entorno do campus Pampulha, a UFMG vem buscando abrir canais de diálogo com o poder público municipal. No entanto, somente no dia 4 de março, a reitora Sandra Goulart Almeida foi recebida pelo prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, em reunião da qual também participou o advogado Sérgio Sette Câmara, organizador da prova. Na mesma data, a reitora enviou ofício ao prefeito em que relatou os impactos da operação de supressão de árvores que comprometeu o acesso da comunidade universitária ao campus Pampulha no primeiro dia do semestre letivo.

No dia 6 de março, a reitora encaminhou novo ofício ao prefeito solicitando o envio da programação do evento, incluindo os dias de preparação, treino e realização, além do cronograma de obras e demais intervenções com previsão de execução no entorno da UFMG. A Instituição ainda aguarda a documentação solicitada.