Pesquisa e Inovação

Fatores ambientais são determinantes para obesidade em crianças

Falta de segurança em espaços públicos pode favorecer sobrepeso, segundo pesquisa apresentada no programa ‘Aqui tem Ciência’

Ambientes inseguros concorrem para a obesidade infantil
Ambientes inseguros concorrem para a obesidade infantil Walter Siegmund | Wikipedia / CC BY 2.5

Pesquisa com a participação de 717 estudantes do quarto ano do ensino fundamental matriculados em escolas municipais de Belo Horizonte mostra que 12% das crianças na faixa etária de 9-10 anos apresentavam quadro de obesidade. O levantamento foi feito antes da pandemia.

Autora do estudo, a nutricionista Ariene Silva do Carmo observou a influência de fatores ambientais, como a segurança da vizinhança e a proximidade de estabelecimentos que vendem produtos ultraprocessados, para o desenvolvimento da obesidade. O maior tempo gasto pela criança e seus familiares diante de aparelhos eletrônicos, como celulares, tablets e televisão, também contribuiu para o excesso de peso. 

Em sua tese de doutorado, a pesquisadora concluiu que os fatores ambientais são tão determinantes quanto o contexto familiar para que as crianças se tornem obesas. Mesmo quando as famílias moram em locais que contam com espaços públicos de lazer e desportivos, a questão da segurança se sobrepõe.

“A criança que mora em um ambiente que vende mais alimentos ultraprocessados e que apresenta índices maiores de criminalidade e acidentes de trânsito, por exemplo, está mais exposta a riscos. Regiões com esses três fatores combinados são, de acordo com a nossa observação, as de maior prevalência de excesso de peso em crianças”, informa Ariene do Carmo.

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem Ciência.


A tese foi defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, na área de concentração Saúde da criança e do adolescente, sob orientação das professoras Luana Caroline dos Santos e Larissa Loures Mendes. O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Núcleo de Estudos em Alimentação e Nutrição nos Ciclos da Vida e do Grupo de Estudo, Pesquisa e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde, ambos da Escola de Enfermagem. 

A pesquisa foi realizada em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

A pesquisadora Ariene Silva do Carmo
Ariene Silva do Carmo: combinação de fatoresAcervo pessoal

Raio-x da pesquisa

Tese: Associações entre o ambiente construído, segurança da vizinhança e características familiares e a obesidade entre escolares de 9-10 anos de idade
O que é: pesquisa que avaliou prevalência de obesidade entre estudantes do 4º ano do ensino fundamental matriculados nas escolas municipais de Belo Horizonte
Pesquisadora: Ariene Silva do Carmo
Programa: Ciências da Saúde, na área de Saúde da criança e do adolescente
Orientadoras: Luana Caroline dos Santos e Larissa Loures Mendes
Ano da defesa: 2020
Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O episódio 65 do programa Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Alessandra Ribeiro. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.

O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.