Pesquisa e Inovação

Genética lança luzes sobre a diáspora africana

Estudo liderado pela UFMG reconstruiu aspectos da história da escravidão por meio do genoma de populações africanas e americanas

Obra 'Navio negreiro', de 1830, do alemão Johann Moritz Rugendas, que retrata o transporte de pessoas escravizadas para o Brasil em condições precárias
Obra 'Navio negreiro', de 1830, do alemão Johann Moritz Rugendas, que retrata o transporte de pessoas escravizadas para o Brasil em condições precárias Domínio Público

A chamada diáspora africana envolveu mais de 9 milhões de pessoas, forçadamente transportadas para as Américas, entre os séculos 16 e 19. Em artigo publicado na revista Molecular Biology and Evolution, um grupo internacional de pesquisadores, liderado pelo professor do ICB Eduardo Tarazona-Santos, também integrante do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT), estudou a diversidade do genoma de 6.267 indivíduos de 22 populações africanas e americanas, para reconstruir aspectos da história da escravidão nas Américas em seus contextos geográfico, geopolítico e médico.

“A escravidão foi uma tragédia em nossa história, e essa história também está escrita em nosso genoma. Observamos que a ancestralidade africana predominante nas Américas originou-se de países como Nigéria e Gana, na região Centro-Ocidental africana. Por outro lado, nas Américas, a ancestralidade do Oeste africano, de países como Senegal e Gâmbia, aumenta em direção ao Norte, em particular no Caribe e América do Norte. Em relação à ancestralidade dos povos Bantu do Sul e Leste da África, percebe-se que se concentra mais no Sul do Brasil. Enfim, uma organização norte-sul, latitudinal das ancestralidades”, resume Tarazona-Santos, que imagina o genoma dos latino-americanos como “mosaicos de ancestralidades indígenas, africanas e europeias”.

O trabalho foi destacado na edição 2.089 do Boletim UFMG