Pesquisa e Inovação

Projeto originado no ICB visa diminuir impactos de incêndios

Startup, com parceiros na Engenharia, vai desenvolver software com informações chave para os combatentes

Incêndio na Serra do Rola Moça: decisões precisam otimizar tempo e recursos
Incêndio na Serra do Rola Moça: decisões precisam otimizar tempo e recursos Acervo da Brigada 1

Auxiliar no combate a incêndios florestais é o objetivo da FireEye, projeto de startup que surgiu no doutorado de Eugênia Batista, do Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). O projeto desenvolve uma tecnologia para auxiliar os combatentes em campo e, assim, diminuir os impactos dos incêndios sobre o meio ambiente.

“No doutorado, percebi que existia um ponto fraco na gestão do fogo nas unidades de conservação”, explica Eugênia. Para desenvolver sua tese, ela fez curso de brigadista e, em campo, concluiu que a dificuldade de controle de incêndios estava associada à falta de informações sobre o fogo.

“Às vezes, os combatentes não conseguem ter a dimensão do fogo como um todo e acabam tomando decisões que não otimizam os recursos e o tempo disponível”, comenta a pesquisadora. “Isso faz o incêndio se alastrar mais rapidamente, e é esse o problema que a FireEye pretende solucionar.”

Velocidade e direção

O objetivo é o desenvolvimento de um software que gere informações sobre a velocidade e a direção de propagação do fogo e do vento, sua intensidade, declividade de terreno e estrutura de vegetação. O comportamento do fogo será caracterizado em tempo real, com auxílio de drones, e as informações serão usadas para estimar a localização futura da frente de fogo.

Eugênia
Eugênia batista trabalha com pesquisadores da Engenharia ElétricaAcervo pessoal

“É como se a FireEye vendesse o controle da situação para os combatentes, que vão poder antecipar as ações de combate”, explica Eugênia Batista. Dessa forma, será possível otimizar tempo e recursos públicos.

Ainda segundo a pesquisadora, a tecnologia poderá ser útil a países que trabalham com políticas de crédito de carbono. “Para a Austrália, por exemplo, é uma ferramenta importante, na medida em que possibilita calcular com facilidade as emissões de gases de efeito estufa por causa do fogo.” Eugenia acrescenta que os sensores acoplados aos drones poderão identificar a intensidade da chama do fogo, indicando quanta biomassa vegetal está sendo queimada e, portanto, quanto gás de efeito estufa está sendo emitido.

Equipe

Atualmente, o projeto está em fase de desenvolvimento de protótipo e conta com equipe formada por Eugênia Batista, o professor Hermes Magalhães, do Departamento de Engenharia Elétrica, e o mestrando André Martins, também da área da Engenharia Elétrica. A parceria começou com o envolvimento de Eugênia na Oficina de Projetos, Empreendedorismo e Inovação (Opei), disciplina ofertada por Hermes Magalhães.

“Muitas vezes, a solução para o problema que a gente identifica no ICB está na Engenharia, diz Eugênia, enfatizando a importância da participação de pessoas de outras áreas para seu projeto.

Empreendedorismo

Em novembro, a FireEye foi premiada na prévia do programa Empreenda.EmAção!, realizado na Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit). Classificado em terceiro lugar, o projeto ganhou três meses gratuitos no laboratório aberto Senai/Fiemg, com coworking e prototipagem.

“Espero que o resultado seja um estímulo para o desenvolvimento de outros projetos empreendedores na área de ciências da vida e ambientais”, comenta Eugênia, que também chama a atenção para a necessidade de atenção ao potencial de mercado dos trabalhos desenvolvidos no ICB. “O meu projeto, a princípio, era totalmente acadêmico, o que mudou foi a forma de olhar para ele”, afirma.