Nos últimos doze meses, 117 professores foram admitidos na UFMG. Uma boa parte dessa turma reuniu-se no auditório da Reitoria na tarde desta terça-feira, 7, para o evento de recepção aos novos docentes, que tem como mote A UFMG somos todos nós. A Universidade realiza o encontro anualmente – em geral, em outubro, pela proximidade com a Semana do Servidor – como forma de dar boas-vindas e oferecer orientações aos novos servidores. Evento semelhante é realizado com foco nos técnico-administrativos, também anualmente.

Nesta terça-feira, o “professor” mais novo no auditório era Lucas, com apenas sete anos; ele acompanhava a mãe no evento, Natália Silva Dias, nova professora – ela sim, de verdade – da casa. Natural do Rio de Janeiro, Natália ingressou neste ano como docente do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina. Graduada pela Universidade de São Paulo (USP), ela fez residência no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e cursou mestrado em Medicina Molecular (2017) e doutorado em Neurociências (2022) na UFMG.

Agora parte do corpo de funcionários da Universidade, Natália pretende avançar em suas investigações sobre a depressão, seu campo de estudo. “Quero continuar minhas pesquisas nessa área, com ênfase em diagnósticos diferenciais em idosos, em marcadores biológicos da depressão no idoso e na depressão da mulher, seja ao longo da vida, seja no caso da mulher idosa”, diz. Enquanto isso, Lucas aproveita para frequentar suas primeiras aulas nos cursos da Escola de Música da UFMG.

Os novos contratados foram recebidos pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que estava acompanhada de pró-reitores, adjuntos e diretores da Administração Central. Eles fizeram pequenas palestras de orientação para os novatos, tratando de questões atinentes a cada pasta. Segundo os dados do Escritório de Governança de Dados Institucionais (EGDI) referentes a setembro, a UFMG tem 3.281 docentes ativos permanentes em seu quadro. Servidores técnico-administrativos somam 4.045.

“Vocês são muito aguardados em nossa Universidade; tenho certeza de que se empenharam muito para estar aqui”, disse Sandra Goulart ao dar as boas-vindas aos novatos. Comparando a realidade atual da Universidade com um passado não tão distante, a reitora garantiu: “hoje estamos maiores, melhores e mais inclusivos.” Atualmente, os concursos para novos servidores – sejam docentes ou técnico-administrativos – observam, assim como os processos seletivos estudantis, os percentuais estabelecidos pela Lei de Cotas.

Ajuda na comunicação
Em diferentes momentos de seu pronunciamento, Sandra insistiu para que os novos professores tentem colaborar nos processos de divulgação da Universidade e de suas realizações junto à sociedade civil, em atividades e contextos extramuros, seja presencialmente ou virtualmente. No seu entendimento, o engajamento de todos na tarefa de comunicar e defender a instituição é necessário para fazer frente ao obscurantismo que persegue a ciência e os valores humanistas e sempre ameaça recrudescer.

A professora Isabela Pordeus, pró-reitora de Pós-graduação, explicou procedimentos necessários para que os novos docentes se vinculem aos programas de suas unidades, entre outras coisas. Maria Márcia Machado, pró-reitora de Recursos Humanos, lembrou que o órgão conta atualmente com uma referência de RH em cada unidade, que pode ser acionada por servidores para o esclarecimento mais ágil de dúvidas. Ela também destacou a existência da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) na Universidade.

Glaucinei Corrêa, pró-reitor de Extensão, por sua vez, destacou a existência do Sistema de Informação da Extensão (Siex) da UFMG, plataforma que há mais de 30 anos apresenta e faz arquivo, de forma pública e acessível, das ações de extensão realizadas na Universidade. Fernando Reis, pró-reitor de Pesquisa, sublinhou o fato de que mais de 50% dos programas de pós-gradução da UFMG têm notas máximas (6 ou 7) na Capes, fato talvez sem comparação na realidade universitária brasileira.

Informações do interesse dos novos professores podem ser encontradas nesta página.

Bons filhos à casa tornam

Luhan Dias Souza fez graduação (2012), mestrado (2015) e doutorado (2021) na Escola de Belas Artes (EBA), da qual se tornou professor neste ano. Vinculado ao Departamento de Fotografia e Cinema (FTC), ele começou a dar aulas neste semestre no curso de Cinema de Animação e Artes Digitais, mas já está se planejando para se credenciar, em algum momento, no Programa de Pós-graduação em Artes em que se formou.

Antes de concursar na UFMG, Luhan Dias foi docente da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) por nove anos. Lá ele dava aulas nos cursos de Artes Visuais, Design de Ambientes, Design Gráfico e Design de Produtos – um trabalho semelhante, portanto, ao que começa a realizar agora na UFMG, como professor do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais da Belas Artes.

“Aqui eu cursei toda a minha formação, meu mestrado, meu doutorado. Na Escola de Belas Artes, eu fiz o curso de Artes Visuais com habilitação em Cinema de Animação em uma época em que o atual curso de Cinema de Animação ainda não existia”, lembra o novo professor. “A felicidade de me tornar professor da Escola de Belas Artes é total”, comemora. De volta para casa, portanto? “Na verdade, eu acho que eu nunca saí”, sentenciou.

Professor do mesmo Departamento e do mesmo curso, Wagner Rodrigues Miranda é também cria da Belas: ele se graduou (2014) e fez seu mestrado (2017) na unidade. “Em seguida, trabalhei um pouco com cinema. Era pau para toda obra: atuava como roteirista, animador, designer. Eu estava em uma agência de design que trabalha com 3D e maquetes holográficas, tudo voltado para digital. Foi quando surgiu a oportunidade de voltar à Universidade para atuar como professor substituto”, lembra o recém-contratado.

De volta à UFMG, Wagner atuou por três anos como substituto, até que teve a felicidade de ver ser aberta uma vaga de professor efetivo que não exigia doutorado concluído. “Dei muita sorte de surgir uma vaga que exigia apenas mestrado para concorrer”, ele conta. “Ainda não temos muitos doutores formados que trabalhem especificamente com animação 3D digital; essa é uma área muito específica. Além disso, a disciplina é prática, o que faz ter menos gente ainda disponível para tentar esse tipo de vaga”, conta.

Isso fez com que abrissem a vaga de seu concurso exigindo apenas o nível de mestrado, algo já atípico atualmente, o que acabou possibilitando que ele participasse. Devidamente integrado ao corpo de servidores da UFMG, o novo professor comemora a entrada nessa nova fase de sua vida. “Fiz graduação e mestrado aqui, agora voltei como professor. É uma sensação muito boa. E ter um emprego estável, isto é, um emprego que vai ser estável, após o estágio probatório de três anos... Isso é uma segurança, sabe. Dá uma tranquilidade. Estou muito feliz.”

Daniel Oliveira Pucciarelli, professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), é um caso não tão comum de recém-concursado que já dava aulas há alguns anos na pós-graduação de sua área. Daniel é credenciado no Programa de Pós-graduação em Filosofia desde 2019, quando se vinculou como professor visitante – do ano seguinte em diante, seguiu atuando no programa como professor colaborador, paralelamente à sua atuação na Uemg, instituição da qual foi docente nos últimos cinco anos.

Em razão desse vínculo anterior com a UFMG, Daniel inclusive já orientou tese de doutorado e várias dissertações de mestrado na Universidade, apesar de ter-se tornado servidor realmente da instituição apenas neste ano. Hoje professor das áreas de Estética e Filosofia da Arte na UFMG, Daniel fez a graduação (2009) e um pós-doutorado (2019) na unidade em que agora trabalha. Mestrado e doutorado, especificamente, ele fez fora do país, na Alemanha, com período sanduíche na França. Neste semestre, ele dá aulas exclusivamente no Programa de Pós-graduação em Filosofia da Fafich.

“A verdade é que eu sempre amei muito a UFMG. Eu adoro este campus”, diz o novo professor, sem medir palavras para dizer de sua já longeva relação com a Universidade. “A UFMG salvou minha vida em vários aspectos. Eu era aquele moleque de escola deprimido, triste, vim estudar aqui e encontrei muita coisa boa. Acho que muita gente tem uma história parecida com essa. Minha vida mudou aqui”, lembra o professor. “Desde que entrei aqui pela primeira vez, eu pensei que aqui era o melhor lugar para estar e para trabalhar.”

Privilégio e desafio
A alegria demonstrada por Daniel é compartilhada por João Renato de Jesus Junqueira, recém-admitido no Departamento de Alimentos da Faculdade de Farmácia. Engenheiro de alimentos formado pela Universidade Federal de Lavras – onde também fez pós-graduação, mestrado e doutorado em ciência de alimentos –, ele atuava na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) até ser redistribuído para a UFMG. “Eu acho um privilégio estar aqui, poder contar com essa estrutura, mas é também um desafio”, comenta.

Outro recém-admitido na Farmácia via redistribuição é Bruno Martins Dala Paula, que estava na Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Egresso do curso de Nutrição (2009) da Escola de Enfermagem da UFMG, Bruno fez mestrado (2012) e doutorado (2017) em Ciências de Alimentos na Faculdade de Farmácia. “Foi um divisor de águas ter estudado na UFMG. Sempre estudei em escola pública; quando cheguei aqui, vi uma estrutura à qual eu nunca tinha tido acesso antes. Ter contato com esses profissionais e com essa infraestrutura foi um sonho”, relembra o professor. “Retornar como servidor público ao local onde me tornei profissional é motivo de um orgulho muito grande", conclui Bruno Martins.