Extensão

UFMG integra rede de extensão de apoio a comunidades atingidas pela mineração

Programa inspirado em iniciativas da Universidade desenvolvidas em Mariana e Brumadinho financiará atividades em interface com a pesquisa; ações podem ser propostas até 26 de agosto

Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, devastado pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015
Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, devastado pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015 Romerito Pontes de São Carlos I Wikimedia Commons I CC BY 2.0

Universidades federais vinculadas ao Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes) e o Ministério Público Federal (MPF) acabam de lançar o edital do programa Participa Minas, que tem o objetivo de financiar propostas interinstitucionais de extensão em interface com a pesquisa para contribuir com o desenvolvimento sustentável e a prevenção ou mitigação dos impactos provocados pelas atividades mineradoras em Minas Gerais.

As propostas podem ser apresentadas por equipes das 11 universidades integrantes da rede. Cada projeto poderá pleitear até R$ 100 mil para pagamento de bolsas para discentes, serviços, transporte e diárias. O prazo de submissões está aberto até 26 de agosto, (veja formulário eletrônico de inscrição).

O lançamento oficial ocorreu no início deste mês, na Universidade Federal de Viçosa (UFV), e reuniu representantes das instituições parceiras. Na oportunidade, a UFMG foi representada pelo vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, que destacou a relevância da iniciativa para assegurar os direitos humanos nos territórios atingidos e para a formação de estudantes que participarão das atividades fomentadas.

Inspiração
O Participa Minas foi idealizado pelo MPF, que se inspirou em experiências anteriores da UFMG, coordenadas pela Pró-Reitora de Extensão, junto às comunidades atingidas por mineração em Mariana e Brumadinho, como o Programa Participa UFMG e o edital interinstitucional lançado nos primeiros meses da pandemia da covid-19.

“Os desastres traumáticos da Samarco, em Mariana [em 2015], e da Vale, em Brumadinho [em 2019] geraram respostas rápidas e eficazes da UFMG, que se transformaram em referência para lidar com a atividade mineradora. A economia de Minas ainda depende muito da mineração, mas os seus impactos sobre a vida das comunidades e o meio ambiente precisam ser prevenidos e mitigados por ações estruturantes. Nossas universidades têm plenas condições de apoiar essas ações”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.  

A professora Claudia Mayorga, então pró-reitora de Extensão, enfatiza que “as questões relacionadas à mineração exigem uma articulação das instituições tanto para compreender essa realidade quanto para intervir em contextos específicos, principalmente com foco nas populações atingidas por desastres e pela presença dos empreendimentos nos territórios”.

O programa visa também contribuir para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030) da Organização das Nações Unidas (ONU). A pró-reitora adjunta de Pesquisa da UFMG, Jacqueline Aparecida Takahashi, ressalta que “o cumprimento desses objetivos é praticamente impossível de ser alcançado por apenas um setor da sociedade, e esse edital propõe justamente unir expertises, pontos de vista e experiências de atuação diferentes para o enfrentamento de problemas em comum”.

Gestores e representantes das instituições parceiras durante o lançamento da iniciativa
Gestores e representantes das instituições parceiras durante o lançamento da iniciativa Foto: UFV

Recursos e dívida histórica
Os recursos do Programa Participa Minas são provenientes do Termo de Compromisso firmado entre o MPF, a UFV e a Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) para a destinação de R$ 1,4 milhão originado de acordo com a mineradora Samarco em razão do descumprimento de prazo estabelecido pela Lei Estadual 23.291/2019 para o descomissionamento das barragens Germano e Cava do Germano, em Mariana.

De acordo com o procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva, a mineração tem uma dívida histórica com o povo de Minas Gerais que precisa ser resgatada. “Embora seja uma atividade econômica lícita e importante, também é fato que ela retira muito e devolve pouco ao estado. Por isso, com base em uma orientação nacional para que o MPF atue cada vez mais em prol da educação pública, tivemos a ideia de criar esse projeto de apoio à extensão universitária tendo por temas a mineração e a defesa do meio ambiente”, justifica o procurador.

Com assessorias de Comunicação da Proex e do MPF