Acesso cresce, mas desigualdade no ensino superior ainda desafia América Latina

Reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida apresentou o panorama da educação superior brasileira e o da Universidade em evento internacional

Sob o mote do Dia Mundial de Acesso à Educação Superior (Wahed), comemorado em 17 de novembro, o Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc), vinculado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), reuniu reitores de universidades da América Latina e do Caribe, entre os quais, a Professora Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG. O objetivo da reunião foi discutir formas de combater as desigualdades no acesso à educação superior na região, especialmente no atual contexto de pandemia, que acentuou desigualdades. 

A abertura das discussões foi feita por Francesc Pedró, diretor do Iesalc, que recepcionou os participantes com resumo de um informe sobre o cenário atual da educação superior na região. Em sua comunicação, denominada Rumo ao acesso universal à educação superior, Pedró informou que “o acesso à educação superior dobrou em todo o mundo nas últimas duas décadas” e que “a América Latina e o Caribe compõem a região onde esse crescimento foi mais expressivo”. Além disso, informou que na maioria dos países – sobretudo na América Latina –, “esse crescimento propiciou maior presença de mulheres na educação superior”.

Por outro lado, segundo o diretor, a desigualdade desse acesso, no mesmo período, aumentou. Dado esse contexto, os participantes foram convidados a reportar a realidade de suas respectivas universidades para que, juntos, os reitores pudessem pensar em estratégias para combater esse crescimento da desigualdade.

O Brasil

A reitora da UFMG, Sandra Goulart, iniciou sua fala apresentando um panorama do contexto nacional, em que apenas 17,4% da população com 25 anos ou mais tem curso de ensino superior concluído, enquanto o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece para 2024 a meta de se ter 33% de alunos nas Universidades “na idade certa”, isto é, dos 18 aos 24 anos. “Em 2018, esse índice ainda era de apenas 23% dos alunos”, disse a reitora, exemplificando os desafios que as universidades brasileiras têm pela frente – sobretudo quando o governo federal demonstra não ter a expansão do ensino superior público do país e a redução de sua desigualdade como prioridade.

Contudo, Sandra Goulart lembrou que de 2005 a 2018, o número de alunos no ensino superior brasileiro saltou de cerca de 550 mil para mais de 1,3 milhão. “Houve uma grande expansão em nosso sistema federal de educação no período”, destacou a reitora. Esse aumento, explicou, ocorreu por meio de várias iniciativas federais de fomento realizadas no período, com foco no incremento mais democrático do ensino superior público no país, como o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), em 2007, a “Lei de cotas”, em 2012, a “Lei PCD”, para alunos com deficiência, de 2016, entre outras ações afirmativas, processo atravessado por uma série de medidas redutoras da desigualdade do sistema.

Conforme ponderou a reitora, “ainda estamos muito longe de alcançar os nossos objetivos relativos à redução das desigualdades no acesso ao ensino superior por parte das populações menos favorecidas. Temos um grande caminho por percorrer e precisamos criar oportunidades de mobilidade social”.

O caso da UFMG

Em seguida, a reitora apresentou o caso e os números específicos da UFMG, assim como algumas projeções da Universidade para o futuro pós-pandemia. “Temos hoje uma preocupação muito grande não apenas com o acesso, mas também com a permanência do aluno na Universidade até a conclusão do seu curso”, explicou.

“Hoje, vivemos uma situação muito triste em razão não só da pandemia, mas também da atual política do governo federal de reduzir o investimento nas universidades públicas. Com isso, muitas vezes não conseguimos dar o apoio que queremos aos estudantes para que permaneçam na Universidade”, afirmou Sandra Almeida. Mesmo assim, conforme a reitora, a UFMG vem realizando grandes esforços para mitigar a desigualdade digital, que dificulta o acesso dos segmentos menos favorecidos da população ao ensino remoto adotado durante a crise sanitária.

Os outros conferencistas do evento foram Sir Hilary Beckles, vice-reitor da Universidade das Índias Ocidentais e presidente da Associação de Universidades e Institutos de Pesquisa do Caribe, Marcelo Knobel, reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Rodrigo Arim, reitor da Universidade da República (Udelar), do Uruguai. 

A íntegra do vídeo da conferência está disponível no canal do Iesalc-Unesco no YouTube.

(Com texto de Ewerton Martins Ribeiro)

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG