Aumento na frequência de condutores multados por excesso de velocidade é destaque em pesquisa da UFMG

Foi lançado o estudo Vigitel Brasil 2018 – Comportamento no trânsito, que apresenta as estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco para as lesões causadas pelo trânsito nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal em 2018, a partir de entrevistas feitas com 52.395 pessoas. O projeto, desenvolvido pelo Departamento de Análise em Saúde e Vigilânciade Doenças não Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, conta com o professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Rafael Moreira Claro, e da egressa do curso de Nutrição e pós-graduanda em Saúde Pública pela UFMG, Thaís Cristina Marquezine Caldeira.

No sentido de evidenciar a importância de monitorar os fatores de risco relacionados à ocorrência de lesões e mortes no trânsito, o foco do estudo é, por meio dos seus resultados, apoiar as ações, as estratégias e as políticas de prevenção de acidentes de trânsito. O documento possibilita, ainda, o aprofundamento do tema trânsito como um problema de saúde pública, de segurança viária, de direitos humanos, favorecendo a consolidação da intersetorialidade necessária ao enfrentamento da violência no trânsito.

No Brasil, os acidentes de trânsito têm grande impacto na morbimortalidade, afetando, principalmente, jovens de 15 a 39 anos do sexo masculino. A ocorrência e a gravidade das lesões estão relacionadas a um conjunto de fatores que envolvem os usuários, as vias e os veículos, que interagem entre si. Dos fatores individuais, destacam-se a adoção de condutas de risco, tais como: excesso de velocidade; associação do consumo de álcool e direção; o não uso, ou uso de maneira inadequada, de dispositivos de proteção (capacete, cinto de segurança, dispositivo de retenção para crianças); uso de telefones celulares ao conduzir veículos, entre outros.

Multa por dirigir com excesso de velocidade

No conjunto das 27 cidades analisadas, a frequência de adultos condutores de veículos motorizados multados por excesso de velocidade dentro da cidade (via urbana) foi de 7,3%, sendo quase duas vezes maior no sexo masculino (8,8%) do que no sexo feminino (4,6%). No total da população, esta frequência foi maior entre os adultos de 25 a 54 anos, e tendeu a aumentar com a elevação do nível de escolaridade em ambos os sexos.

Já nas rodovias, a frequência de adultos condutores de veículos motorizados multados por excesso de velocidade foi de 4,9%, sendo maior no sexo masculino (6,3%) do que no sexo feminino (2,5%). No total da população, esta frequência foi menor entre os adultos jovens (até 24 anos de idade) e, em ambos os sexos, tendeu a aumentar com a elevação do nível de escolaridade.

As maiores frequências deste indicador foram encontradas, no sexo masculino, em Goiânia (13,9%), Belo Horizonte (12,8%) e Florianópolis (12,7%) e, no sexo feminino, em Porto Alegre e Vitória (4,7%), Florianópolis (3,6%) e Belo Horizonte (3,5%).

Blitz de trânsito e teste do bafômetro

A regularidade de adultos condutores de veículos motorizados que passaram por uma blitz de trânsito em sua cidade nos últimos 12 meses foi de 62,2%, sendo maior entre os homens (66,3%), do que entre as mulheres (55%). A frequência deste indicador foi menor entre os indivíduos mais velhos (65 anos e mais) e tendeu a aumentar com a elevação do nível de escolaridade, para toda a população e para ambos os sexos.

Na população adulta, a frequência de condutores de veículos motorizados parados em pelo menos uma blitz de trânsito em sua cidade foi de 26,3%, sendo duas vezes maior entre homens (32,8%) do que entre mulheres (14,7%). Já a frequência de condutores convidados a realizar o teste do bafômetro nos últimos 12 meses foi de 9,7%, sendo três vezes maior entre homens (12,7%) do que entre mulheres (4,4%). Em ambos os sexos, esta frequência foi mais alta para a faixa etária de 25 a 34 anos e tendeu a aumentar com a elevação do nível de escolaridade na população.

Segundo o estudo, 9% dos adultos condutores de veículos motorizados referiram ter realizado o teste do bafômetro durante uma blitz de trânsito, sendo essa proporção quase três vezes maior em homens (11,8%) do que em mulheres (4,1%). Em ambos os sexos, esta frequência foi maior em indivíduos de 25 a 34 anos de idade (16,6%entre homens e 5% entre mulheres) com tendências de diminuição nas faixas etárias subsequentes e de aumento com a elevação do nível de escolaridade.

Condução de veículo motorizado após consumo de bebidas alcoólicas

A regularidade de adultos que referiram conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica foi de 11,4%, sendo cerca de duas vezes maior em homens (14,2%) do que entre mulheres (6,3%). Na população total e em ambos os sexos, esta frequência tendeu a diminuir com o aumento da idade a partir dos 25 anos, e a aumentar com a elevação do nível de escolaridade em ambos os sexos.

Uso de telefone celular durante condução de veículo motorizado

De acordo com os resultados, 19,3% dos condutores referiram utilizar telefone celular durante condução de veículo, sendo essa proporção semelhante em homens (19,6%) e mulheres (18,8%). Em ambos os sexos, esta frequência foi maior até os44 anos de idade com tendências de diminuição nas faixas etárias subsequentes e de aumento com a elevação do nível de escolaridade.

Variação temporal entre 2012 e 2018

Considerando o conjunto da população de condutores de veículos motorizados coberta pelo sistema Vigitel, a frequência de condutores multados por excesso de velocidade em rodovias aumentou no período entre 2012 e 2018, em média, 0,39 ponto percentual (pp) ao ano e a de condutores multados por excesso de velocidade independentemente do local (incluindo tanto vias urbanas quanto rodovias) em 0,12 pp ao ano. Para o conjunto completo da população, observou-se variação significativa apenas no indicador relacionado a multas por excesso de velocidade. Entretanto essa variação foi observada somente entre os homens, com a frequência de condutores multados por excesso de velocidade em rodovias aumentando em média 0,49 pp ao ano e a de condutores multados por excesso de velocidade independentemente do local em 0,16 pp ao ano no período analisado.

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