Beneficiárias do Bolsa Família apresentam mais fatores de risco para doenças crônicas, mostra estudo da UFMG

Tese de doutorado, tema do tema do 'Aqui tem ciência', mostra que o programa é um marcador de desigualdade

No fim de 2021, após 18 anos de existência, o Programa Bolsa Família foi extinto pelo Governo Federal, que o substituiu pelo Auxílio Brasil. Mais de 90% dos titulares do benefício eram mulheres que, como suas famílias, viviam em situação de pobreza ou de extrema pobreza. A saúde dessas mulheres foi tema da tese de doutorado de Quéren Hapuque de Carvalho, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFMG. O trabalho é tema do episódio 110 do Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.

A pesquisa estimou a magnitude das doenças crônicas não transmissíveis, seus fatores de risco e sua evolução entre mulheres brasileiras de acordo com o recebimento do Bolsa Família. Quéren Hapuque de Carvalho, que foi orientada pela professora Deborah Carvalho Malta, analisou estatisticamente informações de duas bases de dados: o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico e a Pesquisa Nacional de Saúde.

Quéren comparou indicadores entre mulheres em idade reprodutiva, que declararam receber o Bolsa Família, e outro grupo, também em idade reprodutiva, que não recebiam o auxílio. As análises evidenciaram que os fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis foram mais elevados entre as beneficiárias do Bolsa Família. A pesquisadora ressalta que não se trata de uma relação causal, uma vez que o Bolsa Família é um marcador de desigualdade socioeconômica.

Raio-x da pesquisa

Tese: Programa de transferência condicionada de renda e indicadores de doenças crônicas não transmissíveis: uma análise das mulheres adultas beneficiárias do Programa Bolsa Família

O que é: pesquisa de doutorado que estimou a magnitude das doenças crônicas não transmissíveis, seus fatores de risco e sua evolução entre mulheres brasileiras de acordo com o recebimento do Bolsa Família. 

Pesquisadora: Quéren Hapuque de Carvalho

Programa de Pós-Graduação: Enfermagem 

Orientadora: Deborah Carvalho Malta

Ano da defesa: 2021

Financiamento: dois dos três artigos da tese tiveram pesquisas financiadas pela Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde e pelo National Institute for Health Research, do Reino Unido. A pesquisadora recebeu bolsa do Programa de Apoio à Qualificação, Proquali, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Para saber mais

Artigo Distribution of indicators for chronic non-communicable diseases in adult women beneficiaries and non-beneficiaries of the Bolsa Família Program, publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia.

Artigo Indicadores de doenças crônicas não transmíssiveis em mulheres com idade reprodutiva, beneficiárias e não beneficiárias do Programa Bolsa Família, publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia.

Artigo Mulheres e avaliação das desigualdades na distribuição de fatores de risco de doenças crônicas, Vigitel 2016–2017, publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia.

Produção

O episódio 110 do programa Aqui tem ciência teve produção, edição e apresentação de Alicianne Gonçalves e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e busca abranger todas as áreas do conhecimento.

A cada segunda-feira de março, um novo episódio abordará pesquisas feitas na UFMG por mulheres e sobre mulheres. Na próxima segunda-feira, 21 de março, o Aqui tem ciência abordará a tese de doutorado de Clara Oliveira, desenvolvida no Centro de Pós-graduação e Pesquisas em Administração da UFMG. Ela estudou as relações entre organizações religiosas e trabalhadoras sexuais da região da Rua Guaicurus, em Belo Horizonte.

Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM e no site da Rádio, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG