Conservatório UFMG celebra 20 anos como espaço cultural

Após reforma, edifício tombado pelo patrimônio histórico foi reinaugurado em 2000, como espaço cultural para toda a cidade.

Considerado um dos prédios arquitetônicos mais antigos e charmosos da capital, o Conservatório UFMG comemora na próxima semana os 20 anos da sua reinauguração como espaço cultural. Várias atividades estão programadas para acontecerem nas redes sociais, incluindo o lançamento de um vídeo comemorativo na sexta-feira, 4 se setembro, às 12h (programação ao final o texto).

O Conservatório é um espaço que, diariamente, respira cultura e está localizado em área nobre da cidade, na avenida Afonso Pena. Sua construção é tombada como patrimônio de Belo Horizonte pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) e pela Secretaria Municipal de Cultura. Desde a sua inauguração, em 5 de setembro de 1926, a edificação ainda preserva na fachada o nome original – Conservatório Mineiro de Música.

Dedicado ao ensino da música, o Conservatório passou a integrar a Universidade Federal de Minas Gerais em 1966, funcionando como sua Escola de Música por trinta anos, até a transferência da unidade para o campus Pampulha. Após abrigar a Comissão Organizadora do Centenário da cidade em 1997, o prédio passou por grande reforma, sendo restaurado e ampliado, e teve seu novo formato inaugurado em agosto de 2000, já sob o novo nome, Conservatório UFMG.

“A reabertura do espaço foi pensada como um equipamento cultural para cumprir o importante papel de aprofundar a relação da Universidade com a cidade de Belo Horizonte, através de programas extensionistas e culturais”, salienta o professor Fernando Mencarelli, diretor de Ação Cultural da UFMG. Desde sua reabertura, o Conservatório UFMG vem realizando extensa programação cultural aberta ao público oferecendo concertos, exposições, lançamentos de livros, seminários, entre outras atividades.

“Nos primeiros anos após a reinauguração, o Conservatório era uma parceria UFMG-Fundep, que foi a responsável pela reforma. Ao final da gestão do professor Ronaldo Pena [2006-2010], o Conservatório passa a ser todo da UFMG", explica Carlos Reis, produtor cultural aposentado, que esteve à frente da diretoria do Conservatório de 2005 ao início de 2014. Ele complementa: "Quando eu cheguei, a programação era pequena, voltada sobretudo a concertos de música erudita. Não havia ainda outros tipos de atividades. Por orientação do reitor à época, abrimos para todos os tipos de música".

Assim, a programação passou a contar com outros gêneros, desde populares brasileiros, como samba e choro, quanto para a música contemporânea em geral, com convidados de todo o mundo. "Recebemos o compositor indiano Ravi Shankar, que era uma espécie de guru dos Beatles e que se apresentou em palcos históricos como Woodstock e Festival de Montreal", exemplifica Reis.

Em 2014, na gestão do reitor Jaime Ramirez e da vice Sandra Goulart Almeida, o Conservatório UFMG passou a integrar a Diretoria de Ação Cultural/DAC UFMG, órgão vinculado à Reitoria, que propõe e executa as políticas de cultura estabelecidas pela Universidade.

O diretor de Ação Cultural, Fernando Mencarelli, ressalta o papel de articulação desempenhado por equipamentos como o Conservatório UFMG: “os espaços culturais cumprem papel fundamental, pois eles são exatamente os polos em que se dá efetivamente a interação da Universidade com as comunidades locais, regionais e nacionais. É através desses espaços culturais, com sua ampla diversidade de perfis, que a Universidade encontra a forma de colocar em circulação a produção de conhecimento que ela realiza nas áreas das artes e da cultura, e é através do qual ela executa os princípios, valores e diretrizes de sua política acadêmica e cultural, que compõem seu projeto acadêmico”.

Em virtude da pandemia, a comemoração festiva com a presença do público foi adiada para 2021. Na ocasião, será celebrado também os 95 anos de construção do edifício. Porém, para marcar os 20 anos, o Conservatório UFMG preparou uma série de publicações on-line, que será lançada ao longo da próxima semana - de 31 de agosto a 4 de setembro. Além de playlists temáticas dos concertos realizados na Casa e de dica cultural, será apresentado um vídeo com depoimentos de ex-funcionários e ex-diretores, além de Fernando Mencarelli e do atual diretor, Fernando Rocha.

Patrimônio de Minas Gerais

O edifício principal, construído em 1925, foi inaugurado em 1926 como sede do Conservatório Mineiro de Música. Em 1962, foi integrado à UFMG e em 15 de março de 1988, foi tombado como patrimônio arquitetônico pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA). Após ampla reforma no final dos anos 90, foi reinaugurado em 11 de agosto de 2000, sendo rebatizado como ‘Conservatório UFMG’ e se tornando um espaço cultural aberto à cidade de Belo Horizonte.

O Conservatório UFMG tem uma área de cerca de 1.500 metros quadrados, concentrando ambientes com diversas finalidades. O auditório principal é uma sala de concertos de excelente acústica, com capacidade para 220 pessoas, equipada com ótimo sistema de som e um piano Steinway & Sons. Desde sua construção, é referência para os amantes da música em Belo Horizonte, particularmente da música erudita, e também, mais recentemente, da música popular, sobretudo da música instrumental brasileira. Este auditório é decorado com treze telas centenárias, dos pintores Antônio e Dakir Parreiras, que retratam cenas inspiradas na Ópera Tiradentes, do violinista e compositor Manoel Joaquim de Macedo Júnior.

Além da sala de concertos, o Conservatório dispõe de mais quatro salas e um mini auditório equipados para aulas e palestras, e uma sala multiuso para ensaio de grupos maiores e realização de propostas interdisciplinares. Outros espaços que compõem o Conservatório UFMG são os dois pátios, um interno e aberto, outro coberto e com acesso pela rua dos Guajajaras.

Vocação para a música

Ao longo de suas duas décadas e, sobretudo a partir de 2006, o Conservatório UFMG ofereceu à comunidade universitária e à população de Belo Horizonte uma programação musical diversificada e de qualidade, valorizando o trabalho de novos talentos, assim como de nomes reconhecidos nacional e internacionalmente. Vários projetos foram realizados ao longo destes anos, como o Pizindim - Choro no Palco, que era dedicado exclusivamente ao chorinho, o projeto Sambaqui, apresentando os sambistas de Belo Horizonte, e o Concertos Didáticos, projeto dedicado exclusivamente à música erudita, que ocorria mensalmente aos sábados e realizava concertos com músicos renomados.

Desde 2014, são realizados mais de 100 concertos a cada ano na casa. Esta programação oferece à cidade concertos gratuitos de qualidade, abrangendo estilos musicais muito diversos, valorizando e divulgando novos talentos, apresentando repertório erudito e popular executado por grupos das mais diversas formações.

Até o mês de março deste ano, antes da suspensão das atividades devido à pandemia do coronavírus, havia apresentações diárias na Casa, todas gratuitas. Nas segundas, terças e quintas-feiras, sempre às 19h30, realizavam-se as séries Performare, Conexões Musicais e Palco Livre. Na quarta-feira o horário do almoço era sempre presenteado com o tradicional Quarta Cultural, com a apresentação de músicos de formação erudita ou popular. Já as sextas-feiras recebiam os projetos mensais, como Perspectiva, que integra o Circuito Cultural UFMG, o Circuito Contemporâneo, com música eletroacústica, os Concertos de Outono e Primavera, promovidos pela Organização dos Aposentados e Pensionistas da UFMG e eventos da série Vertentes, que apresenta concertos e debates sobre correntes musicais, trazendo convidados nacionais e internacionais.

Atualmente o Conservatório abriga também o seu Centro de Memória (Centro de Memória do Conservatório UFMG). O Centro foi criado a partir de um projeto de memória institucional surgido na comemoração dos 90 anos da Escola de Música da UFMG, antigo Conservatório Mineiro de Música, em 2015. O projeto foi Idealizado pela professora Guida Borghoff, então diretora do Conservatório UFMG, com o objetivo de fazer um resgate histórico e disponibilizar digitalmente o acervo. Foram coletados documentos como atas, notícias de jornais, fotos antigas, programas de concerto, fichas e fotografias de funcionários, alunos, professores, diretores e muito mais. Dada a importância do Conservatório no cenário musical da cidade de Belo Horizonte, sobretudo na música erudita, a manutenção e divulgação do acervo do Centro de Memória do Conservatório UFMG tem uma importância grande para a cidade.

Novos tempos, novos projetos

Com a suspensão das atividades presenciais, o Conservatório UFMG promove o projeto Notas de Memória, que divulga no YouTube trechos de apresentações musicais que fazem parte do acervo de seu Centro de Memória. Além disso, a equipe seleciona dicas culturais para o público, disponibilizadas no  Facebook e Instagram, com conteúdos relacionados à música e à literatura. Professores da Universidade são convidados a também compartilharem dicas dentro de suas áreas de especialidade, indicando livros, filmes e sites que abordam os assuntos de forma acessível. 

O Conservatório UFMG integra ainda projetos realizados pela DAC, como a exposição virtual das 14 telas da Ópera Tiradentes, e o Festival de Inverno UFMG, que terá sua 52º edição entre os dias 14 e 23 de setembro, com palestras, fóruns e apresentações artísticas com transmissão ao vivo pela internet.

Na pausa a equipe se dedica ainda a organizar os arquivos do Centro de Memória e a disponibilizar gravações e fotografias tratadas para os grupos artísticos que participaram das últimas temporadas. “Revendo esse material, tomamos dimensão do volume e qualidade do trabalho desenvolvido pelo Conservatório. Além de matar saudades dos concertos, é também uma forma de manter contato com os artistas, que são parceiros fundamentais na intensa programação que oferecemos”, diz Bruna Acácio, produtora cultural do espaço. 

Outra atividade realizada é o estudo das adequações necessárias para a reabertura, quando for seguro fazê-la. Além disso, o diretor Fernando Rocha destaca planos para o futuro: “Este ano estávamos muito animados com a programação e tínhamos a agenda do primeiro semestre toda fechada quando fomos surpreendidos pela pandemia. Desde então, além de nos mantermos ativos nas redes sociais, divulgando parte de nosso acervo, estamos planejando diferentes cenários seguros para a volta de nossas atividades presenciais o que, por enquanto, ainda não sabemos quando acontecerá. Também estamos olhando para o futuro e tendo tempo de planejar ações que sempre julgamos importante e que não estavam acontecendo de forma regular, como uma série musical dedicada ao público infantil e uma série de concertos/depoimentos com personagens chave na história musical da cidade”. 

Serviço:

20 anos do Conservatório UFMG como espaço cultural

Programação - 31 de agosto a 4 de setembro

31/8 a 2/9 (segunda a quarta-feira), às 12h: lançamento de playlists temáticas do Notas de Memória, com trechos de apresentações musicais no Conservatório UFMG. 

3/9 (quinta-feira), às 12h:  #DicaCultural do Conservatório UFMG.

4/9 (sexta-feira), às 12h: lançamento de vídeo com depoimentos de diretores e funcionários sobre os 20 anos como espaço cultural da Universidade para a cidade.

Todos os vídeos serão lançados no canal do YouTube Conservatório UFMG e em suas mídias sociais, Facebook e Instagram

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Setor de Comunicação do Conservatório UFMG

www.conservatorio.ufmg.br