Dissertação da UFMG é premiada por sua análise de processos escolares e desempenho estudantil

Um trabalho da UFMG foi contemplado com R$ 10 mil pelo primeiro lugar na categoria Dissertação de mestrado do Prêmio BNB de Economia Regional, promovido pelo Banco do Nordeste. A pesquisa apresentou importantes conclusões sobre processos escolares e desempenho estudantil, como o favorecimento das potencialidades quando há participação da família na vida escolar, capaz, inclusive, de compensar desvantagens relacionadas ao nível socioeconômico ou à pouca escolaridade dos pais. 

Passando para o lado das instituições de ensino, o estudo também pôde constatar que escolas que oferecem oportunidades de formação continuada aos professores e programas de reforço escolar aos estudantes de menor desempenho são aquelas em que o aprendizado é melhor. 

A dissertação O processo importa: relações entre processos escolares eficazes e o desempenho de alunos de escolas públicas em Minas Gerais, da economista Ana Luíza Farage Silva, foi defendida há dois anos no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG. Em julho de 2019, o Banco do Nordeste anunciou a consagração como melhor proposta de dissertação.

Com base na literatura sobre a eficácia escolar, a pesquisa investiga e compara o contexto e as tipologias de processos escolares aos quais os alunos de diferentes coortes de Minas Gerais estiveram expostos em 2007 e 2015. A autora se ancorou em dados de 2007 e de 2015 da Prova Brasil, avaliação censitária das escolas públicas das redes municipal, estadual e federal, cujo objetivo é medir a qualidade do ensino.

O papel da família
“A origem socioeconômica é um dos principais determinantes do desempenho escolar, mas é possível que a escola atue para diminuir as desigualdades, gerando oportunidades e estabelecendo ações específicas para o aprendizado dos alunos de menor desempenho”, comenta Ana Luíza sobre algumas das questões que nortearam sua pesquisa.

A autora identificou o envolvimento da família na vida escolar e a promoção de oportunidades de desenvolvimento do professor entre os processos mais benéficos para os alunos. “O enfoque intenso no aprendizado é representado pela consistência do dever de casa. Isso inclui a frequência da realização da tarefa pelo estudante e da correção da atividade pelo professor”, acrescenta. 

Menos penalização e mais incentivo
Quanto ao contexto das escolas públicas mineiras, a pesquisadora apurou que, apesar da existência de problemas relativos à falta de professores, depredação e violência, as instituições têm aumentado as oportunidades de capacitação dos docentes e apostado em programas de monitoramento, a fim de reforçar a aprendizagem e reduzir a reprovação.

“Alunos que repetem o ano têm evolução menor em comparação com estudantes que passam, mesmo com nota insuficiente”, informa a pesquisadora. Segundo Ana Luíza, é preciso encontrar soluções baseadas no reforço escolar, em vez da reprovação, para lidar com a defasagem de aprendizado. “A penalização com mais um ano de exposição às mesmas condições de ensino não garante melhoria no desempenho”, completa.

A economista enfatiza que, depois de identificadas as boas práticas, é preciso encontrar maneiras eficazes de incorporá-las ao cotidiano das escolas e configurar uma rede de compartilhamento de experiências, o que favorece um ciclo virtuoso de melhoria das políticas em educação. “A qualidade da educação pode ser melhorada por meio do aprimoramento dos processos e interações cotidianas, e não apenas investindo na alocação de recursos físicos”.

Assessoria de Imprensa UFMG com informações de Matheus Espíndola

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Assessoria de Imprensa UFMG

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