Em homenagem aos 300 anos da Capitania de Minas Gerais, vídeo da UFMG exibe restauração de manuscrito raro do século XVIII

Livro repleto de iluminuras foi devolvido em janeiro ao acervo do Arquivo Público Mineiro, que completa seus 125 anos, após ano de trabalhos rest

Em 2020 Minas Gerais celebra uma data especial. São 300 anos desde que a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro foi desmembrada pela Coroa Portuguesa, sendo criada a Capitania de Minas Gerais. Também é o aniversário de 125 anos do Arquivo Público Mineiro, que desde 1895 tem a missão de guardar e conservar documentos públicos, pinturas, esculturas e mobiliário de valor artístico e histórico mineiro. Para celebrar a data, uma equipe do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da UFMG lançou um vídeo revelando o delicado processo de restauração de um raro documento histórico de Minas Gerais, pertencente ao acervo do Arquivo Público Mineiro.

O vídeo, disponibilizado no YouTube, registra as diferentes etapas do trabalho técnico realizado ao longo de 2019 que salvou um manuscrito encadernado do início do século XVIII: o raro e colorido Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar das Congonhas de Sabará, atual Nova Lima. O livro foi devolvido em janeiro deste ano para o Arquivo Público Mineiro.

Original de 1725 e repleto de iluminuras, o manuscrito chegou às mãos da professora Márcia Almada, da Escola de Belas Artes da UFMG, muito deteriorado. Em um lento e cuidadoso trabalho ao lado de uma equipe coordenada pela docente, que reuniu diferentes especialidades, o códice foi recuperando sua estabilidade funcional.

O processo de restauração envolveu exames materiais realizados no Laboratório da Ciência da Conservação (Lacicor) e exames visuais no Laboratório de Documentação Científica por Imagem (ILab), ambos vinculados ao Cecor. Com isso será possível implementar a restauração digital da pintura do frontispício do códice, que contém uma imagem da adoração do Santíssimo Sacramento, feita com têmpera e aplicações de folhas de ouro, prata e latão, em técnica exclusiva desse calígrafo/pintor.

Os pigmentos utilizados na pintura foram identificados através do exame de fluorescência de raio X (EDXRF) e as camadas e maneiras de aplicação das tintas foram descobertas a partir do exame de Reflectance Transformation Imaging (RTI), técnica implantada no ILab com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

O projeto foi idealizado por Márcia em 2000, porém os trabalhos se iniciaram somente em 2018 no Cecor. Os investimentos vieram através do CNPq, com bolsas de iniciação científica, do Projeto A Materialidade dos Documentos Pintados, fruto do Grande Prêmio Capes de 2012, e da própria UFMG que mantém as instalações e os laboratórios do Cecor e parte da equipe técnica.  O projeto foi inteiramente realizado com recursos públicos e com a aplicação de verbas das agências nacionais de pesquisa nas áreas de Artes e Humanidades.

“A UFMG e o Cecor devolvem à comunidade científica e à população brasileira esse maravilhoso códice iluminado em condições materiais que garantirão sua perpetuação no tempo" salienta Márcia Almada.

Assessoria de Imprensa UFMG

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Assessoria de Imprensa UFMG