Em tempos de isolamento social, professora da Nutrição UFMG reforça a importância de cozinhar em casa

A pandemia da Covid-19 mudou drasticamente a rotina dos brasileiros. O isolamento social trouxe muitos desafios para as famílias, incluindo a necessidade de elaborar suas próprias refeições nos domicílios. O fechamento de restaurantes, e de outras unidades produtoras de refeições, tem exigido que as nossas habilidades culinárias sejam colocadas em prática, ou mesmo, adquiridas rapidamente. A professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Rita de Cássia Ribeiro, destaca que o momento pode ser uma oportunidade para nos apropriarmos do ato de produzir o que comemos.

“O consumo de alimentos em seu estado natural (in natura) ou minimamente processados – que passam por processos como limpeza e remoção de partes não comestíveis – requer das pessoas a prática do cozinhar, e a pandemia da Covid-19 deixa nítido que esse ato vem perdendo espaço em nossa rotina diária, tendo em vista o aumento notório do percentual de entregas de refeições por aplicativos nesses últimos dias no Brasil”, enfatizou.

A professora questionou sobre o que desmotiva, ou até mesmo impede, as pessoas de cozinhar hoje em dia. “Uma provável resposta para esta pergunta é a perda progressiva das habilidades culinárias frente ao estilo de vida contemporâneo, em que comemos cada vez mais fora de casa, e se adquire cada vez mais produtos industrializados prontos para o consumo”.

Segundo Rita, é importante destacar que o ato de cozinhar vai além da produção de refeições nutricionalmente equilibradas (ou não) e sensorialmente atrativas (ou não). Ela destaca que o cozinhar favorece a congregação familiar e a transmissão de ideias, valores e verdades. Promove um espaço privilegiado para repartir, ouvir, ceder a vez, administrar as diferenças e discutir sem ofender – valores tão essenciais (em tempos de intolerância) que precisam ser exercitados em casa, em família.

“O cozinhar também nos conecta com o mundo natural e nos faz questionar sobre a origem dos alimentos, sobre o trabalho envolvido em sua produção, e nos faz até mesmo perguntar: o que é comida?”, pontua.

Além disso, segundo ela, cozinhar nossas próprias refeições nos faz compreender o significado da saúde, favorece a perpetuação das tradições e dos rituais, promove a autoconfiança e, principalmente, nos permite sentir a suprema satisfação de produzir algo. “Por algum momento em nosso dia nos tornamos produtores e não apenas consumidores. Quando isso acontece, exercitamos a ideia: tente outra vez, mas agora de modo mais árduo, com mais destreza e dedicação”.

Técnica para o planejamento das refeições

A professora destaca que conhecer o tempo para preparar uma refeição é essencial para manter a pessoa motivada e pode ser determinante para que a ela cozinhe ou deixe de cozinhar. Além disso, compreender as características dos ingredientes disponíveis e saber planejar com eles um cardápio de refeições diárias pode incentivar a manter o hábito de cozinhar.

“A falta de planejamento prévio das refeições pode gerar desestímulo, pois a partir de um compilado de ideias a serem elaboradas, compra-se melhor os alimentos, reduz-se os custos com o desperdício e acelera o processo de preparo”, explica.

Para a nutricionista, adquirir esta técnica permitirá que o ato de cozinhar diariamente se torne mais intuitivo, simples e costumeiro, e principalmente menos gourmetizado. “Cozinhar é um ato de grande relevância para a humanização, requer disposição para nos empoderarmos das habilidades culinárias e da técnicas para o planejamento das refeições, e como consequência favoreceremos a prática de hábitos de vida mais saudáveis. Despertar o interesse e a criatividade de crianças para o ato de cozinhar é fundamental para continuidade desta atividade que, além de proporcionar aprendizado, contribui para o fortalecimento desta prática no futuro”, conclui.

Assessoria de Imprensa UFMG

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