Estudo internacional com participação da UFMG aborda novo teste e mudança de nome da síndrome de polidipsia e poliúria

Professoras da Faculdade de Medicina pesquisam condição, antes chamada de “diabetes insipidus”

A UFMG participa de um estudo de alto impacto sobre polidipsia e poliúria publicado na última quinta-feira, 16 de novembro, no New England Journal of Medicine. A pesquisa trata de um novo procedimento para diagnóstico da condição chamada de síndrome de polidipsia e poliúria, quadro observado em pessoas que bebem água exageradamente por hábito, assim como por deficiência ou resistência ao hormônio arginina vasopressina (AVP, também conhecido por ADH).

O estudo é coordenado pelas professoras Juliana Beaudette Drummond e Beatriz Santana Soares Rocha, do Departamento de Clínica Médica (CLM) da Faculdade de Medicina da UFMG. A pesquisa apresenta uma comparação entre dois testes diagnósticos, que dosam a molécula copeptina após estímulo com arginina ou solução salina. 

A publicação também marca o importante momento da mudança de nome da síndrome, antes chamada de diabetes insipidus. “O objetivo é aumentar a segurança no tratamento dos pacientes, já que muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, confundem o diabetes insipidus com o diabetes mellitus, doença muito mais comum. Essa é uma iniciativa internacional de várias sociedades de endocrinologia e de pacientes ao redor do mundo chamada Renomeando o Diabetes Insipidus, explica a professora Juliana Drummond.

Na UFMG, o trabalho contou com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e patrocínio da Universidade de Basileia, na Suíça. Também participou da pesquisa Luis Henrique Dias Lima, bacharel em Medicina pela Universidade, na época bolsista de iniciação científica

A síndrome

A poliúria e a polidipsia têm a mesma manifestação clínica para causas diferentes – as mais comuns são relacionadas à vasopressina, o hormônio antidiurético, que faz os rins conservarem a água no corpo. A mais frequente é a deficiência hormonal da vasopressina (antes chamada de diabetes insipidus central, agora AVP-D), que pode ter origem em uma cirurgia ou tumores na hipófise, onde ela fica armazenada. A segunda é a resistência à vasopressina (diabetes insipidus nefrogênica, agora AVP-R), causada por uma mutação no receptor do hormônio, que vem do rim.

“A terceira, que é mais rara, mas vem aumentando em incidência, é a polidipsia primária, que pode ser causada pela crença de que beber água exageradamente é saudável ou por uma doença, como lesões na estrutura do hipotálamo, onde está o centro que regula sede, fome e saciedade, que podem causar vontade exagerada de beber água”, afirma Juliana Drummond. Ela explica que indivíduos que têm o hábito de beber água em exagero acabam “lavando” os rins e prejudicando sua capacidade de processar a urina corretamente.

Apesar de também se chamar diabetes, a síndrome tem características distintas e é uma doença rara, bem menos prevalente que o diabetes mellitus, relacionado à insulina. Em 2008, no Reino Unido, um paciente veio a óbito durante a internação para uma cirurgia eletiva porque os médicos responsáveis pensaram que ele tinha diabetes mellitus, não o insipidus. Ele morreu de desidratação e choque hipovolêmico. Em vez de administrar fluidos e desmopressina para o paciente, a equipe restringiu líquidos e monitorou o açúcar no seu sangue.

A professora Juliana Drummond, que também em seu doutorado estudou a testagem para a poliúria e a polidipsia, participa da rede Renomeando o Diabetes Insipidus, que tem representantes de sociedades de endocrinologia e de pacientes ao redor do mundo. O novo nome da síndrome já foi aprovado pelas sociedades de Endocrinologia da Austrália, Europa, dos Estados Unidos, do Brasil, Japão Japão, Reino Unido e Sul Asiático. Uma declaração conjunta pela mudança de nome foi publicada, e o grupo também pretende tornar a desmopressina um medicamento crítico, de forma que ele esteja disponível nas farmácias da maior parte dos hospitais e não apenas nos de atenção terciária.

Leia o artigo no New England Journal of Medicine.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG

3134099133

http://www.medicina.ufmg.br/