Grupo de pesquisa da Comunicação UFMG ganha prêmio nacional de direitos humanos com trabalho em ambiente escolar
O Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública (EME), vinculado ao Departamento de Comunicação Social da UFMG, recebeu, no último dia 21 de novembro, o Prêmio Direitos Humanos 2018, concedido pelo Ministério dos Direitos Humanos. Coordenado pela professora Rousiley Maia, o grupo dedica-se a estudos sobre comunicação e política e desenvolve projetos de deliberação na esfera pública.
Segundo a publicação do ministério, o grupo foi selecionado “por sua relevante atuação, em âmbito nacional e/ou internacional, na promoção e defesa dos Direitos Humanos”. O reconhecimento ocorre às vésperas da celebração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O grupo EME atua desde 1995 e tem tradição de trabalhar com processos de debate público, com foco em temáticas relacionadas aos direitos humanos, grupos estigmatizados e formas de opressão. Suas ações visam promover transformações tanto no aparato jurídico, por meio do estabelecimento de políticas públicas em consonância com os interesses dos cidadãos, quanto no entendimento geral da sociedade sobre as questões debatidas, desenvolvendo a capacidade de resolver conflitos a partir da deliberação.
Nas escolas
O projeto que o EME vem desenvolvendo há um ano, e que chamou a atenção do Ministério, é o Deliberação nas escolas: criando capacidades deliberativas. A professora Rousiley explica que, apesar de a democracia deliberativa ser considerado campo mais inovador das ciências políticas, por criar condições de participação do cidadão, os estudos ainda não haviam sido aplicados entre jovens e adolescentes. Assim, o projeto, em caráter experimental, visa desenvolver habilidades nos futuros cidadãos para a resolução de conflitos de forma não violenta.
“Partimos da teoria de que as habilidades para resolução de conflitos podem ser aprendidas, assim como as capacidades de reflexão sobre os próprios posicionamentos, escuta respeitosa, tolerância e busca por soluções que sejam melhores para todos. Promovemos oficinas para ensinar essas habilidades a estudantes do ensino médio e aferimos a efetividade ou não desses treinamentos de acordo com o comportamento futuro dos jovens”, explica Rousiley.
O projeto piloto é desenvolvido com estudantes da 1ª série do ensino médio da Escola Estadual Laurita de Melo, de Contagem. A iniciativa baseia-se na obra Deliberation across deeply divided societies, publicada em 2017 pela Cambridge University Press, fruto de um dos trabalhos anteriores desenvolvido pelo grupo. O livro é resultado de parceria entre pesquisadores de universidades da Suíça, dos Estados Unidos, da Colômbia e do Brasil e reúne experiências de deliberação em sociedades divididas usando como exemplos discussões envolvendo policiais e moradores de favelas do Brasil, guerrilheiros e ex-paramilitares da Colômbia e habitantes da Bósnia e Herzegovina.
Com base no conhecimento apreendido em experiências participativas realizadas anteriormente com cidadãos adultos, o grupo adaptou a metodologia para o ambiente escolar. “Acreditamos que os estudantes que participaram das atividades propostas terão condições de aplicar o conhecimento na resolução de conflitos públicos e pessoais. As oficinas podem se tornar uma ferramenta para formar cidadãos mais bem preparados para resolver conflitos de forma não violenta, por meio de diálogos e da construção coletiva”, conclui Rousiley.
Texto de Dalila Coelho