HC-UFMG reduz tempo entre triagem e início de aplicação de antibiótico em pacientes onco-hematológicos

Estratégia adotada ataca as causas evitáveis de mortes provocadas pelo câncer infanto-juvenil

Resultados observados após um ano do início da campanha Hora Dourada: cada minuto conta, realizada no Hospital das Clínicas (HC) da UFMG, demonstram que foi possível reduzir significativamente o tempo entre a triagem no hospital e o início da aplicação do antibiótico (TTA) em pacientes onco-hematológicos com risco de neutropenia febril. Essa melhora, que contempla as metas pactuadas pelo projeto, proporciona também a redução das causas evitáveis de mortes decorrentes de câncer infanto-juvenil.

De acordo com os dados identificados de janeiro a agosto de 2022, a média de tempo encontrada na avaliação do TTA era de 127 minutos. A pediatra do HC e professora da Faculdade de Medicina Camila Cancela explica que, após a implementação das medidas de melhoria, observou-se, entre setembro de 2022 e abril de 2023, uma redução da média do TTA para 51 minutos.

Redução de óbitos

A campanha é focada em uma emergência clínica muito comum em pacientes oncológicos, a neutropenia febril, caracterizada pela redução de um tipo de células de defesa em pessoas submetidas a ciclos de quimioterapia. Nesses pacientes, a febre pode ser um sinal de infecção que, caso não seja tratada rapidamente, pode levar, em poucas horas, à sepse (infecção generalizada) e, consequentemente, à morte. 

Com a realização da campanha ao longo desse período, buscou-se tanto alertar as famílias para encaminhar os pacientes ao atendimento médico de urgência logo no início dos sintomas quanto capacitar os profissionais para uma conduta rápida. O objetivo foi reduzir o tempo médio de atendimento para menos de uma hora.

“Identificamos que, antes da campanha, várias questões poderiam estar interferindo no atraso do início do antibiótico: desconhecimento da equipe sobre o tema, trocas constantes na equipe, ausência de uma forma de identificação desses pacientes na triagem, dificuldade para punção do acesso venoso, dispensação do medicamento pela farmácia após a prescrição, entre outros”, explica a pediatra, que enfatiza a importância de se buscar estratégias para mudar esse cenário.

Mudanças de fluxos

O pediatra Cristian Eduardo Condack, responsável técnico pelo setor de pediatria da unidade de pronto-socorro do HC-UFMG, também integrante do projeto, diz que a equipe trabalhou para divulgar o tema e a campanha em inúmeras frentes. 

“Fizemos visitas em casas de apoio que atendem pacientes onco-hematológicos, em Belo Horizonte, apresentamos o projeto para as equipes do hospital envolvendo médicos oncologistas, hematologistas pediátricos, profissionais administrativos, médicos e pediatras do pronto-socorro. Além disso, foram realizadas ações educativas com os pacientes. Pudemos perceber que esse movimento impactou significativamente o conhecimento de todos – tanto dos pacientes e familiares quanto dos profissionais da instituição – sobre a importância do início da antibioticoterapia venosa nos pacientes onco-hematológicos com febre”, explicou.

Cristian Condack foi o responsável pelas mudanças de fluxos e rotinas no pronto-socorro, com foco nas metas da campanha. “Com as medidas instituídas durante o projeto, pudemos notar um engajamento progressivo de toda a equipe. Criamos um fluxo para o atendimento desses pacientes e o compartilhamos com toda a equipe, ressaltando com cada ator do processo seu papel e importância nesse fluxo. Conversamos com as lideranças de cada setor envolvido e tornamos isso público, ressaltando com cada setor o que era mais importante no papel de cada um”, completou.

O fluxograma foi impresso e afixado na portaria do pronto-socorro, nas salas do coordenador de plantão, de triagem, de prescrição da pediatria e no posto de enfermagem, que reúnem os profissionais responsáveis pela administração da medicação aos pacientes. A pediatra Camila Cancela acrescenta que todas essas medidas são de baixo custo, mas com potencial de grande impacto. Segundo a médica, é essencial que as mudanças implementadas sejam reavaliadas periodicamente para a sustentabilidade dos resultados.

Cada minuto conta

A campanha Hora dourada: cada minuto conta é uma ação da aliança coordenada pelo hospital St. Jude Children's Research, dos Estados Unidos. O HC-UFMG foi incluído na segunda ação colaborativa MAS (Mexico em Alianza com St. Jude). Mais de 110 hospitais das Américas Central e do Sul participaram do projeto.

(Texto de Danielle Morais | Coordenadoria de Comunicação Social do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh)

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Unidade de Comunicação do Hospital das Clínicas UFMG

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