Hospital Veterinário da UFMG participa de testes com ventiladores mecânicos de baixo-custo

Expectativa é de que cerca de 400 unidades cheguem a custo zero aos hospitais para contribuir no tratamento da Covid-19

Foram realizados na semana passada testes com suínos no Hospital Veterinário (HV-UFMG) da UFMG como fase importante no desenvolvimento de ventiladores mecânicos de baixo custo para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.  O projeto InspirAR busca ajudar os hospitais na árdua batalha contra o novo coronavírus, diminuindo o preço destes equipamentos, que gira em torno de 60 mil reais.

A proposta é responsabilidade da empresa Tacom, do complexo industrial de transportes, e conta com ventiladores da parceria Supermix-Alphamed. Os profissionais da Escola de Veterinária ajudaram com o conhecimento para fazer as avaliações do equipamento, afinal, ainda que tenham seguido as diretrizes internacionais na produção de ventiladores, a parte clínica precisava ser aprimorada. 

A professora da Escola de Veterinária Suzane Beier, que esteve envolvida nos testes junto aos professores Eliane Gonçalves, Eutálio Pimenta e Zélia Inês Portela Lobato, destaca a emoção em participar deste projeto. “Quando vimos o porquinho respirando com o ventilador, olhei para Marco, e ele estava com os olhos marejados. Todos os engenheiros ali ficaram emocionados. É muito gratificante contribuir com um projeto assim”.

Marco Antônio Tonussi, CEO da Tacom, acredita que a produção para a próxima semana já chegue a 400 equipamentos. “É uma quantidade bem relevante. O Brasil produziu, nos últimos 30 dias, 600 unidades no total. É um desafio muito grande que estamos nos propondo. Estamos querendo fabricar, no período de 90 dias, entre cinco e dez mil equipamentos. É um projeto muito audacioso. Tomara que dê tudo certo. Eu diria que é o projeto da minha vida!”. 

Essas primeiras 400 unidades chegarão a custo zero aos hospitais graças à parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que articulou a captação de dinheiro com parceiros do mercado na criação de um fundo para subsidiar esses equipamentos.

Suzane e Tonussi explicam que cada ventilador mecânico poderá salvar até 5 pessoas. “Se multiplicarmos pelo número de ventiladores que serão produzidos, são mais de 20 mil pessoas socorridas só nessa primeira fase de produção, o que já valeria todo o esforço empenhado”.

A próxima fase é o teste em humanos e será realizado, segundo Suzane, em parceria com o Hospital das Clínicas e o Hospital da Baleia. A diretora da Escola de Veterinária, professora Zélia Lobato, avalia positivamente essa experiência. “Os resultados dos testes prévios em animais podem contribuir para constatar a eficiência do ventilador pulmonar no suporte respiratório in vivo, necessário ao tratamento dos pacientes em insuficiência respiratória aguda. Estes resultados são importantes, pois podem colaborar para que se tenha uma segurança maior do bom funcionamento destes equipamentos para uso humano”.

Contribuição UFMG

Marco Antônio relata que desde a adição de uma alça para manejo nos ventiladores, até detalhes na programação do software do produto tiveram contribuições da equipe da Escola de Veterinária. “Tivemos uma verdadeira aula [com a professora Suzane] que durou quase meio-dia. Foi fundamental. Eu levei a equipe de engenharia inteira e ela realmente entrou na Engenharia Clínica, que era o mais importante”. O empresário também destacou a importância do professor Eutálio, anestesista, que deu “outra aula” durante as dez horas de testes.

Foi disponibilizada, por parte da UFMG, uma equipe de aproximadamente 15 pessoas, a estrutura física do Hospital Veterinário, com equipamentos e manejo, além dos suínos Romeu e Julieta, um macho e uma fêmea. “Apesar de ser um hospital de animais, todos os aparelhos são também de uso humano. Então temos todas as condições de realizar os testes. E não só os aparelhos, mas também os próprios medicamentos para fazer anestesia e colocar o animal em condição de realizar o procedimento”, relata a professora Eliane Gonçalves, diretora do HV-UFMG.

A professora Suzane explica que também na parte técnica do projeto houve auxílio da veterinária, pois por se tratar de um grupo de engenheiros mecânicos, havia a necessidade da lapidação da parte de clínica médica no desenvolvimento dos ventiladores.

“A nossa esperança é que dê certo. A gente quer que no final possamos sair dali com uma resposta que vá ajudar num menor tempo possível as pessoas que estão precisando. Apesar de sermos da veterinária, o que queremos neste momento, é ajudar”, ressalta a professora Eliane Gonçalves. Ela afirma que a capacidade de atuação da Universidade vai muito além dos muros do campus, e a UFMG tem se mostrado fundamental no combate à pandemia. 

“Esta é uma entre as muitas atividades que estão sendo desenvolvidas no auxílio ao combate à pandemia dentro da UFMG e que demonstra que a nossa comunidade acadêmica, com conhecimento científico voltado para os mais diversos saberes, está preparada para, prontamente, participar e contribuir com a sociedade sempre que demandada” finaliza a diretora Zélia, demonstrando que nunca Romeu e Julieta foram tão importantes para a ciência como agora.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

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