Levantamento do Polos de Cidadania da UFMG revela que 69% da população em situação de rua no Brasil é negra

De acordo com levantamento realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua/Polos-UFMG, a partir de dados do Cadastro Único (CadÚnico), do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), 69% da população em situação de rua no Brasil é negra.

O Brasil, hoje, segundo o CadÚnico,  tem 242.756 pessoas em situação de rua, sendo 165.774 negras (soma de pessoas pretas e pardas), o que representa 69% da população em situação de rua no país, mais do que o dobro de pessoas brancas, somadas às indígenas e amarelas. O levantamento considera os dados de autodeclaração.

Conforme o Polos de Cidadania da UFMG, a origem da população em situação de rua no Brasil tem relação direta e perversa com o racismo estrutural e o pacto da branquitude historicamente estabelecidos no país. “Isso nos leva ao pensamento do jamaicano Charles W. Mills, em ‘O contrato racial’, em que, na sua intervenção filosófica negra afirma: ‘a supremacia branca é o sistema político não nomeado que fez do mundo o que ele é hoje’”, destaca o texto de divulgação.

A afirmação de Mills diz também das lutas dos movimentos negros e das mazelas do Estado em relação à moradia do negro, da sua condição social no Brasil e em outras partes do mundo. “Podemos dizer que tem uma relação direta com a população em situação de rua e a falta de políticas públicas, que auxiliem na melhoria de vida desses sujeitos, que têm cotidianamente diversos direitos ainda usurpados”, completa o texto do Polos de Cidadania.

De acordo com Abdias Nascimento, em O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado, após séculos de escravidão e escravização racial no país, após a abolição, em 1888, a população negra foi "simplesmente" despejada nas ruas das cidades, sem condições dignas de moradia, saúde, trabalho e educação, sofrendo constantemente diversas violências e violações de direitos.

“Esse quadro apresentado por Abdias Nascimento está presente, ainda hoje, nas condições vivenciadas pela população em situação de rua no Brasil, majoritariamente negra, que continua sofrendo diariamente inúmeras violências contra suas existências, sendo imprescindível e urgente a elaboração e implantação de uma Política de Reparação e de fortalecimento dos direitos a verdade e à memória”, conclui o texto de divulgação do Polos de Cidadania.

Acompanhe mais informações do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua no perfil no Instagram do Polos-UFMG.

Assessoria de Imprensa UFMG

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