Livro celebra 70 anos do professor Ivan Domingues, da Filosofia UFMG

Colegas brasileiros e estrangeiros escrevem sobre temas de interesse do professor; lançamento acontece hoje, às 19h

Ivan Domingues, professor do Departamento de Filosofia da UFMG, virou tema de livro produzido por seus colegas e orientandos, que lançam hoje, 29 de outubro, às 19h, a obra Minas e horizontes do pensamento: escritos em homenagem a Ivan Domingues (Editora Unisinos). O evento terá transmissão pelos canais Memória Filosofia UFMG no YouTube e na página do Facebook.

Os capítulos do volume, assinados por professores e pesquisadores do Brasil e do exterior, são organizados em seis eixos temáticos: conhecimento, tecnologia, ética, história da filosofia, filosofia no Brasil e vida intelectual. De acordo com os organizadores, esses eixos “resumem a empreitada filosófica de Ivan Domingues, na medida em que traduzem suas preocupações em torno de questões sobre o que é pensar (ontologia), o que é conhecer (epistemologia), o que é fazer (técnica, tecnologia) e o que é viver (ética)”. Os autores escrevem sobre assuntos que compõem suas pautas de pesquisa e que também têm mobilizado o pensamento e a produção de Domingues nas últimas décadas.

O livro é aberto por uma entrevista em que o professor responde a perguntas de diferentes interlocutores, entre eles os professores da UFMG Alice Serra, Brunello Stancioli, Francisco César de Sá Barreto, Sérgio Danilo Pena e Yurij Castelfranchi. “Em suas respostas, Ivan explica como entende algumas questões e como se posicionou sobre elas ao longo de sua trajetória, do ponto de vista téorico, mas também de sua própria experiência. É uma entrevista reveladora”, afirma o professor Jelson Oliveira, da PUC do Paraná, um dos organizadores da obra.

‘Incansável’

Para Jelson Oliveira, Ivan Domingues é uma das grandes referências da filosofia no Brasil, especialmente no que se refere à reflexão sobre ciência, regulação, bioética e tecnologia. Ele salienta que o livro discute boa parte dos desafios da filosofia brasileira daqui para a frente. “Essa obra extrapola a homenagem, porque reflete a visão sempre atualizada do Ivan sobre o que pode e deve ser assumido como tema filosófico”, afirma.

O professor da PUC-PR, que coordena o GT Filosofia da Técnica e da Tecnologia, da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (Anpof), destaca que Ivan Domingues produz sempre em diálogo com outros campos disciplinares e que ele “ajuda a gente a aterrar a filosofia, a pensar desde o chão”. Para Jelson Oliveira, o professor da UFMG é um intelectual generoso, aberto, sempre pronto a propor ideias para novas discussões. “Ele deu contribuição importante para a criação de nosso grupo de trabalho e para a definição de seus rumos. É um nome consolidado que olha os novos de igual para igual”. diz Jelson.

Orientando de Ivan Domingues na pós-graduação da UFMG, com estudos sobre filosofia da técnica, Carlos Ratton considera que Ivan Domingues está, aos 70 anos, no auge da carreira. “Ele é incansável. Busca sentido em tudo, intelectualiza tudo, para ele não há acontecimento gratuito, de tudo se tira um aprendizado”, diz o doutorando, que pesquisa ao lado do mestre no Núcleo de Estudos do Pensamento Contemporâneo (NEPC-UFMG), coordenado por Ivan Domingues.

Ratton ressalta o alcance nacional da obra de Domingues. “No livro Filosofia no Brasil – Legados e perspectivas [da Editora Unesp], ele contribui para consolidar esse tema. Conta a história de séculos, imprimindo um olhar bem pessoal.” Carlos Ratton integra o time de organizadores do livro, ao lado de Anna Carozzi, sua colega no doutorado, e dos professores Jelson Oliveira, da PUC-PR, e Helder Carvalho, da Universidade Federal do Piauí.    

‘Feliz confluência’

Um dos autores estrangeiros do livro que homenageia Ivan Domingues é Diego Lawler, pesquisador vinculado ao Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet). Ele salienta que as contribuições do colega brasileiro percorrem quase todas as áreas da filosofia, com ênfase no pensamento contemporâneo relacionado à fundamentação das ciências humanas e ao estudo da biotecnologia e da condição humana.

“Graças às obras do Ivan e às discussões com ele, pude enriquecer meu olhar filosófico sobre o fenômeno tecnológico contemporâneo e suas implicações antropológicas”, diz Lawler. “Não imagino uma filosofia da tecnologia substantiva e precisa que não incorpore a visão do Ivan Domingues sobre o tema.” 

No capítulo que assina em Minas e horizontes do pensamento, o professor Rodrigo Duarte, colega de Ivan Domingues no Departamento de Filosofia, investiga o filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser, que, assim como Domingues, dedicou especial interesse à filosofia no Brasil. “Em minha abordagem sobre o Flusser, uso o arcabouço teórico proposto pelo Ivan”, diz Duarte.

Orientado por Ivan Domingues no mestrado, Rodrigo Duarte passou, pouco depois, a integrar o departamento como professor. Lembra da participação crucial de Domingues na reformulação da pós-graduação em Filosofia, na década de 1990, e destaca os conselhos valiosos do colega mais experiente.

“Tenho extremo respeito pelo Ivan, que encarna uma feliz confluência do pesquisador com o intelectual, atento às grandes questões da sociedade. É um pensador de nível internacional. Ele tem postura ética exemplar e visão estratégica como administrador acadêmico, pleno de perspectivas inovadoras”, afirma Duarte. “Ele tem o melhor do ethos acadêmico, que é a generosidade intelectual, o prazer de compartilhar seu conhecimento. É uma figura admirável, e é para mim um privilégio a convivência com o Ivan Domingues, como colega e amigo.”

Ivan Domingues é graduado e mestre em Filosofia pela UFMG e doutor pela Université de Paris I (Panthéon – Sorbonne). Professor titular da UFMG, ele tem vários livros e artigos publicados. Foi um dos fundadores e diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT-UFMG), coordena o Núcleo de Estudos do Pensamento Contemporâneo (NEPC-UFMG). Pesquisador do CNPq nível 1A, Ivan foi agraciado com o Prêmio Fundep/UFMG, em 2005.

(Texto de Itamar Rigueira Jr.)

Assessoria de Imprensa UFMG

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