Livro escrito por professora da UFMG aborda história do movimento suscitado pela vacina antivariólica

Myriam Bahia Lopes, da Escola de Arquitetura, investigou o episódio ocorrido entre 1840 e 1904; Londres e RJ foram os polos de sua análise

Um estudo inédito e abrangente sobre a trajetória da criação e do aperfeiçoamento da vacina antivariólica é tema do livro Corpos inscritos: vacina e biopoder. Londres e Rio de Janeiro, 1840-1904, de autoria da professora Myriam Bahia, da Escola de Arquitetura da UFMG. O lançamento está previsto para 3 de fevereiro. 

O assunto foi explorado, segundo a autora, sob múltiplas perspectivas, entre elas, a científica, pela qual buscou-se descrever o processo secular de aprimoramento da vacinação, até que ela se tornasse uma medida segura. “Também investiguei o episódio como linha divisória de nova espacialização da doença e da promoção da saúde e como o primeiro movimento de formação da opinião pública em escala planetária”, explica Myriam Bahia, ressalvando que o impacto da propaganda no aprimoramento técnico da vacinação foi, em alguns momentos, negativo.

A obra destrincha a dinâmica do lançamento e aplicação do imunizante e a polarização do debate sobre a vacinação, com base em ampla pesquisa documental em arquivos e bibliotecas brasileiros e europeus. “Procuro revelar as escolhas sociais e técnicas realizadas nesse processo”, afirma a autora.

O estudo revisita, de forma crítica, um debate que mobilizou vertentes científicas e políticas em um período de 64 anos – 1840 até 1904 –, adotando como polos as cidades de Londres e Rio de Janeiro, que abrigavam os dois principais portos de seus países à época. “Eram territórios-chave para a compreensão do complexo processo que tornou a vacinação obrigatória e componente da política pública da intervenção sanitária-social apoiada com frequência na violência das palavras e/ou na força policial", registrou, no prefácio da obra, a professora Maria Stella Martins Bresciani, do Departamento de História da Universidade de Campinas (Unicamp).

Aproximações

Myriam Bahia salienta que o objetivo do livro “é mostrar a complexidade de fatores que estão relacionados a uma epidemia ou pandemia”. Ela faz aproximações entre os contextos da epidemia de varíola, ocorrida de meados do século 19 até o início do século 20, e a atual pandemia do coronavírus. “Ambos os surtos aconteceram em decorrência de um aumento da circulação de pessoas e mercadorias pelo planeta, da densificação da população nas grandes cidades e da transferência de animais silvestres para próximo do homem”, enumerou.

A lição apreendida da epidemia que assolou o mundo por vários séculos é bastante atual, afirma a historiadora. “Não adianta vacinar e continuar adensando a população ou deixá-la em situação precária de moradia e alimentação, destruir os ecossistemas e favorecer processo de transição climática”, argumenta a professora.

Corpos inscritos: vacina e biopoder. Londres e Rio de Janeiro, 1840-1904 é resultado da tese de doutorado em História defendida por Myriam Bahia na Universidade de Paris, em 1997. A obra foi editada pelo Laboratório do Núcleo de História da Ciência e da Técnica (Nehcit/UFMG), em parceria com o Centro Interdisciplinar de Estudos sobre Cidade (Ciec/Unicamp). O livro será distribuído pelos correios ao preço de R$ 45. Pedidos podem ser feitos por meio do telefone (31) 98671-7303 e pelo e-mail marciamoreira1@hotmail.com.

Historiadora de formação, Myriam Bahia Lopes é professora associada na Escola de Arquitetura e coordenadora do Nehcit/UFMG.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG

Serviço

Lançamento do livro 'Corpos inscritos: vacina e biopoder. Londres e Rio de Janeiro, 1840-1904'

3 de fevereiro