Obesidade e desnutrição geram alterações inflamatórias similares, aponta estudo da UFMG

Os resultados da pesquisa demonstram que as inflamações geradas influenciam a produção de hormônios e podem apontar novas perspectivas de tratame

A obesidade é uma das doenças que mais tem crescido nos últimos anos em nível global. Dados da Organização Mundial de Saúde demonstram que os índices de obesidade e sobrepeso quase triplicaram desde 1975. No Brasil, uma em cada cinco pessoas estão obesas, segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. De outro lado, a desnutrição ainda faz vítimas em todo o mundo. Segundo a ONU, são 821 milhões de pessoas subnutridas no mundo. 

Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Agrárias, campus da UFMG em Montes Claros, estuda como as duas doenças interferem no processo inflamatório nos pacientes. Os resultados podem dar subsídios a novos tratamentos aos pacientes.

A pesquisa já foi finalizada e foi publicada em forma de artigo na revista The Journal of Nutritional Biochemistry, relevante publicação na área de nutrição. A pesquisa foi divulgada nesta semana pela Rádio UFMG Educativa de Montes Claros.

O professor do curso de Engenharia de Alimentos, Sérgio Santos, explica que o foco do estudo foi avaliar as alterações provocadas no tecido adiposo de organismos que sofrem por obesidade ou por desnutrição. “O tecido adiposo não é só um local de estocar energia, ele produz uma série de hormônios que regulam o metabolismo de todo o organismo”, explicou Sérgio.

O trabalho avaliou as alterações no sistema renina-angiotensina e resultado final nos mostrou que tanto o estado de obesidade quanto o estado de desnutrição geram alterações similares no tecido adiposo. “Esse sistema é como uma cascata de hormônios que tem influência em todos os órgãos do nosso organismo, em especial no tecido adiposo. É como se fosse um estado de stress extremo a que o organismo é submetido. É como se fosse uma bomba inflamatória que libera vários hormônios inflamatórios desregulando o sistema renina-angiotensina, produzindo enzimas que vão regular todo o sistema cardiovascular e orgânico”, comentou o professor. 

Foram realizados testes em laboratório com camundongos para monitoramento das alterações nos organismos. De acordo com o professor, os resultados apontam uma perspectiva para novos tratamentos. “Conseguimos com essa pesquisa, compreender um pouco mais qual a origem das alterações e das doenças dos sistemas orgânicos associadas com os estados de desnutrição e obesidade. Essa pesquisa nos aponta que, se conseguirmos desenvolver estratégias e medicamentos para modular e regular o sistema renina-angiotensina e reduzir a inflamação, podemos ter uma melhora do quadro clínico de pacientes com essas alterações”, completou. 

Assessoria de Imprensa UFMG

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