Paradoxos do processo de trabalho da enfermagem durante a pandemia da covid-19 são abordados em estudo da UFMG

Abordar de forma crítica e reflexiva os paradoxos relacionados às condições de trabalho da Enfermagem, de (des) valorização da profissão diante da pandemia da covid-19 e da promoção de ambientes de trabalho saudáveis. Este é o objetivo do estudo de autoria das professoras da UFMG Carla Aparecida Spagnol e Márcia dos Santos Pereira, da acadêmica Karolinna Diniz Pereira e das profissionais de saúde Carolina Teixeira Cunha, Kênia Luzia de Souza Araújo, Letícia Gonçalves Figueiredo e Natália Gherardi Almeida.

A professora Carla Spagnol lembra que o ano de 2020 foi declarado pela Organização Mundial de Saúde como o Ano Internacional da Enfermagem e Parteiras, em homenagem ao bicentenário do aniversário de Florence Nightingale, figura icônica que institucionalizou a Enfermagem como profissão. Nessa perspectiva, em 2018 também foi lançada uma campanha mundial de valorização da Enfermagem Nursing Now, em parceria com o Conselho Internacional de Enfermagem e outros conselhos de classe de diversos países.

“Levando em consideração o cenário internacional da Covid-19 e a campanha global de valorização da profissão, como docentes, acadêmica e profissionais de saúde, fomos provocadas a fazer uma reflexão sobre as condições e o processo de trabalho da Enfermagem, tendo como foco a relevância da promoção de ambientes saudáveis”, afirma Spagnol.

O estudo foi realizado a partir da literatura científica e da análise crítica das autoras, abordando condições de trabalho e valorização da Enfermagem, indicando os paradoxos relacionados ao processo de trabalho.

Spagnol explica que os profissionais da Enfermagem são o maior número de trabalhadores atuantes na linha de frente no combate ao coronavírus, e que a rotina desses profissionais já era exaustiva, mas em tempos de pandemia a carga de trabalho se torna maior e os turnos mais estressantes, devido a vários fatores como: medo de contaminação, informações deficientes, escassez de recursos humanos e materiais. “Assim, torna-se urgente promover ambientes saudáveis, conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde, visando a segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores”.

Para além da disponibilização adequada de Equipamento de Proteção Individual (EPI), nesse momento, de acordo com o estudo, também é preciso acolher os profissionais de Enfermagem, abrindo um espaço de escuta para conhecer suas reais necessidades e expectativas, principalmente aquelas em decorrência do novo coronavírus.

“Vislumbrando a promoção de ambientes de trabalho saudáveis, faz-se necessário repensar sobre as condições de trabalho como estrutura física segura para o desempenho das atividades, dimensionamento adequado de profissionais, delineamento de fluxos de atendimento, cooperação para o trabalho em equipes, apoio das lideranças, entre outros”, reflete a professora.

Pontos-chave

O estudo aponta que nesse panorama da pandemia da covid-19 quatro paradoxos do trabalho da Enfermagem ficaram em evidência e podem se tornar pontos de reflexão importantes: ambiente físico de trabalho relacionada a fatores como estrutura física, ar, maquinário, móveis, produtos, substâncias químicas, materiais e processos de produção; ambiente psicossocial; recursos para a saúde pessoal; e participação da organização na comunidade, englobando atividades, conhecimentos ou recursos que podem prover para apoiar o bem-estar físico e social de uma comunidade, incluindo especialmente os fatores que afetam a saúde física e mental, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e de seus familiares.

"Isso pode contribuir para a reorganização dos serviços, a formação profissional e a elaboração de políticas públicas, principalmente na área da saúde do trabalhador", ressalta Spagnol. A professora destaca, ainda, que a reflexão abordou importantes desafios para a Enfermagem. Ao mesmo tempo em que os profissionais lutam em defesa da vida, combatendo a covid-19 pautados em conhecimentos científicos, atitudes humanizadas e preceitos éticos, a profissão ainda é desvalorizada e vivencia condições de trabalho precárias.

“A expectativa é de os holofotes permanecerem acesos para a Enfermagem, mesmo após a pandemia, iluminando melhores condições de trabalho e reconhecimento profissional, além de ambientes laborais saudáveis com medidas concretas para o presente e o futuro”, conclui a professora.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

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