Pesquisa da UFMG acompanha desenvolvimento de adolescentes com paralisia cerebral

Estudo da EEFFTO, baseado nas percepções de pais, busca contribuir na transição para a vida adulta

Os jovens e adolescentes com paralisia cerebral passam por desafios parecidos com os vivenciados por outros jovens nos campos das relações sociais e da sexualidade. É o que constata a dissertação Percepção de pais sobre o período da adolescência e transição para a vida adulta de seus filhos com paralisia cerebral, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG.
 
A autora do estudo, Ana Paula Machado Silvério, entrevistou pais e cuidadores de adolescentes para compreender suas percepções sobre a chegada da vida adulta nesses jovens. O estudo foi feito de forma qualitativa, com 19 famílias de adolescentes com paralisia cerebral, entre 12 e 18 anos, por meio da aplicação de questionários entre os pais dos jovens, realização de entrevistas e formação de grupos focais. As famílias que participaram do estudo também estão envolvidas no projeto de extensão Adolescência em Foco (PAF), coordenado pela professora Marina de Brito Brandão, da EEFFTO.
 
Renúncia
Segundo Ana Paula Silvério, um dos aspectos que mais chamam a atenção no estudo é a constatação da mudança na vida dos pais de jovens com paralisia cerebral. Muitas vezes, eles interrompem suas carreiras profissionais e rotinas para se dedicarem aos cuidados dos filhos. “Vimos que nessa fase o processo é um pouco mais sofrido para os pais e mães, porque eles começam a ser questionados pelos filhos sobre a razão de serem diferentes dos outros jovens. Muitas vezes, as mães esperam que os filhos sejam mais independentes, mas elas se sentem inseguras sobre essa possibilidade”, conta a pesquisadora.
 
Ana Paula acrescenta que a realização do estudo que deu origem à sua dissertação favorece a criação de estratégias para o acolhimento das famílias desses jovens, uma vez que costumam ter dificuldades para dar seguimento à vida funcional após alcançar a maioridade. “Percebemos que os jovens com paralisia cerebral faziam reabilitação até os 18 anos e depois ficavam dentro de casa, não entravam no mercado de trabalho ou em uma faculdade. Já existem muitos estudos direcionados à infância dessas pessoas, mas há poucos relacionados à adolescência. Antigamente, esses jovens não chegavam à vida adulta, mas isso mudou. É fundamental, portanto, que a gente entenda as principais dificuldades enfrentadas por eles e por seus pais para que consigamos dar o suporte necessário para uma vida funcional e com qualidade”, conclui.
 
Ana Paula Silvério dá mais detalhes de sua pesquisa em vídeo da TV UFMG, que conta com participação dos pais de Natanael, adolescente com paralisia cerebral que recebeu suporte do estudo e projeto de extensão. Confira:

Assessoria de Imprensa UFMG

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Assessoria de Imprensa UFMG