Pessoas que se encontram nos dois extremos são mais propensas a se engajarem em manifestações políticas, conclui tese

Nos últimos anos, a política brasileira tem sido palco de acontecimentos importantes, como a Operação Lava-Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e as eleições polarizadas de 2018. Esse período também foi marcado por grandes protestos: as manifestações de junho de 2013, os protestos contra a corrupção e a mobilização estudantil contra o teto de gastos em 2016, além dos protestos de 2019 contra cortes no orçamento federal na área da educação. Diante desses acontecimentos, a cientista política Sabrina Karlla Oliveira de Almeida estudou a relação entre tolerância/intolerância e esses acontecimentos. O trabalho é tema do episódio 114 do Aqui tem ciência, produção da Rádio UFMG Educativa.

A tese de Sabrina Almeida, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFMG, foi fundamentada na noção de intolerância política, que define em que medida um grupo está disposto a permitir expressões políticas de grupos que defendem agendas distintas da sua. 

Para avaliar a correlação entre participação em manifestações e tolerância/intolerância, Sabrina Almeida utilizou dados do Barômetro das Américas de 2016-2017 e 2018-2019, pesquisa desenvolvida pelo Lapop, o Projeto de Opinião Pública da América Latina. Ela também contou com o aporte de um repositório de dados do Instituto DataFolha.

O que a cientista política percebeu é que os indivíduos que estão nos extremos da tolerância ou da intolerância tendem a participar mais de protestos e manifestações. Além disso, ela notou que grupos que prezam por valores democráticos tendem a ser mais tolerantes. 

Saiba mais sobre a pesquisa no episódio 114 do Aqui tem ciência.

Raio x da pesquisa

Tese: Os efeitos da (in)tolerância política na participação em protestos no Brasil (2016-2019)

O que é: pesquisa de doutorado que usa dados do Lapop e do Instituto DataFolha para entender como a tolerância e a intolerância afetam a participação política de determinados grupos em protestos. O trabalho concluiu que tanto grupos extremamente tolerantes quanto aqueles extremamente intolerantes tendem a participar mais de manifestações e protestos.

Pesquisadora: Sabrina Karlla Oliveira de Almeida

Programa de Pós-graduação: Ciência Política

Orientador: Mario Fuks

Ano da defesa: 2021

Financiamento: Capes

Produção

O episódio 114 do programa Aqui tem ciência tem apresentação de Igor Costa e produção de Joabe Andrade. Os trabalhos técnicos são de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados do trabalho de um pesquisador da Universidade.

O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast como o Spotify e vai ao ar no site da emissora e na frequência 104,5 FM, às segundas-feiras, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.