Pesquisa da UFMG identifica primeiros casos de microcefalia por zika na África

Uma pesquisa realizada pela UFMG utilizou tecnologias recentes de sequenciamento genômico portátil para investigar casos suspeitos de microcefalia causa pelo vírus zika na gravidez de mulheres africanas. Os resultados indicam que o genótipo asiático do vírus zika relacionado a quadros de microcefalia no território brasileiro circula em Angola desde 2016, tendo o Brasil como ponto de partida.

O estudo também demonstra que a rota de migração do vírus para a África reflete a rota de viagens no circuito Brasil-Angola, e a ausência de descrição de casos anteriores de microcefalia por zika é consequência da sub-notificação das agências de saúde africanas.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG em parceria com o Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, com o Centro de Referência de Microcefalia, com o Ministério da Saúde Alagoano e com o Ministério da Saúde de Portugal.

Descobertas pioneiras
A pesquisa se propôs a estudar a frequência, distribuição geográfica e os demais aspectos determinantes dos casos de microcefalia nas populações atingidas, ou seja, sua epidemiologia. Os pesquisadores identificaram cerca de 50 casos de microcefalia suspeitos de zika em Luanda, capital de Angola, sendo três destes confirmados por testes do genoma viral.

Os cientistas já sabiam da existência de duas linhagens do vírus zika: africana, restrita ao continente africano, e asiática, responsável pelas grandes epidemias de zika e microcefalia associada nas Américas. Até então, apenas a linhagem africana havia sido detectada no continente.

“Não há outro trabalho que descreva casos de microcefalia por zika na região”, afirma um dos autores da pesquisa, o biólogo Renato Santana Aguiar, professor do departamento de Genética, Ecologia e Evolução e do Programa de Pós-graduação em Genética do ICB.

Esta é a primeira vez que genomas completos do vírus da zika foram gerados no continente. Por outro lado, o vírus foi isolado pela primeira vez em Kampala, capital da República de Uganda, e leva o nome de zika por causa de floresta homônima na região.

Para Renato Aguiar, descobrir que os casos de microcefalia identificados na África são relacionados a espécies semelhantes do vírus que veiram do Brasil é de grande importância, uma vez que mostra a relevância de se conhecer melhor o processo de mobilidade humana na dispersão de epidemias virais

Assessoria de Imprensa UFMG com informações do Portal UFMG

Fonte

Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG

(31) 3409-3011

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