Pesquisa UFMG avalia que técnica pode baratear testagem em massa de covid-19 por RT-PCR em até 90%

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG avaliou a técnica de agrupamento de amostras, chamada pool testing, como uma forma de aumentar a oferta e baratear testes para detecção da covid-19. A iniciativa é inédita na América Latina e abre portas para testagem em massa em momentos como a volta às aulas de escolas, ambientes de trabalho e cenários de baixa prevalência da doença na sociedade, por exemplo.

No pool testing, até 32 amostras de swab de nasofaringe podem ser utilizadas para um mesmo reagente, no método RT-PCR. Se o pool der negativo, todos os testados estão liberados. Caso o pool der positivo, as amostras são testadas individualmente para localizar os infectados dentro daquele grupo.

O pesquisador Murilo Soares Costa, responsável pela tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Infectologia e Medicina Tropical, explica que não é necessária uma nova coleta para os testes individuais de pools que positivarem para o vírus. “Após a coleta, nós armazenamos o swab em um meio de cultura viral, possibilitando a repetição de quantos testes forem necessários”.

Os testes foram realizados no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, com amostras coletadas na UPA Centro-Sul de Belo Horizonte. Na UPA, foram coletadas 1.358 amostras de pacientes suspeitos de covid-19, que deram entrada no serviço de setembro de 2020 a março de 2021. Ao todo, os pacientes foram divididos em 504 pools. Destes, 333 foram detectáveis para covid-19, enquanto 171 acusaram resultados não detectáveis.

Dentro dos 171 pools que negativaram estavam contidas amostras de 459 pacientes. Nos grupos que positivaram, foram feitos testes individuais (com um reagente para cada amostra), a fim de localizar os infectados. Dessa forma, foram evitados o uso de 288 reagentes.

Ao final, 915 pacientes não estavam com covid-19, enquanto 443 foram diagnosticados. O resultado foi obtido, em média, entre 48 e 72 horas após a coleta.

O pesquisador defende o uso do pool testing para a ampliação dos diagnósticos via RT-PCR, que é o padrão-ouro para covid-19. “O Brasil falhou no quesito testagem. Vimos um apagão de exames, com baixa oferta da RT-PCR durante alguns momentos da pandemia, em especial para as comunidades mais pobres. Com os pools, teríamos respostas mais rápidas, com menores custos e dependência da compra de reagentes”, afirma o pesquisador.

Saiba mais no site da Faculdade de Medicina da UFMG.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG