Pesquisa UFMG: nos partidos Patriota, PSC e PTB, mais da metade das mulheres candidatas a deputada federal e estadual tiveram votação pífia
Entre partidos de porte médio, esses são campeões de expressão ínfima de votos para mulheres candidatas a deputada federal e estadual em 2022
O Partido Patriota, o Partido Social Cristão (PSC) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foram as legendas de médio porte com menos chances de sucesso eleitoral para mulheres concorrerem aos cargos de deputada federal e estadual em 2022. É o que mostra um estudo do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher (Nepem) da UFMG.
A pesquisa do Nepem-UFMG analisou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) referentes às eleições de 2022 para cargos proporcionais para identificar a porcentagem de candidaturas com votação pífia – isto é, inferior a 1% da votação do candidato eleito com menos votos. Dentre os partidos de porte médio, apenas o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o Partido Novo (Novo) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) se mantiveram abaixo da média nacional em relação às candidaturas femininas com expressão ínfima de votos.
Cota de gênero
O estudo do Nepem-UFMG identificou que se fossem descontadas as candidaturas com votação pífia, 18 dos 32 partidos analisados não atenderiam ao mínimo de 30% de candidaturas femininas nas listas partidárias para deputado federal e estadual nas eleições de 2022. Os partidos que não atingiram 30% de candidaturas competitivas de mulheres são: Democracia Cristã (DC), Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Partido da Mulher Brasileira (PMB), Partido da Mobilização Nacional (PMN), Agir, Partido Social Cristão (PSC), Partido Republicano da Ordem Social (Pros), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Patriota, Avante, Podemos (Pode), Solidariedade, Rede Sustentabilidade (Rede), Partido Liberal (PL), Cidadania, Partido Social Democrático (PSD), Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Segundo Marlise Matos, professora do Departamento de Ciência Política (DCP) da UFMG e coordenadora do estudo, os dados acendem um sinal de alerta sobre os direitos políticos das mulheres no país, indicando que a maioria dos partidos ainda não cumpre plenamente a cota de gênero estabelecida pela Lei nº 9.504/1997. “As candidaturas femininas que resultam em um somatório de votos inexpressivo, ou pífio, são uma forma de desencorajar o acesso e a permanência das mulheres no campo político. Essa é uma forma de violência política institucional, ou seja, político-partidária, que vem prejudicando as mulheres e as pessoas negras na disputa eleitoral no Brasil”, avalia a pesquisadora.
Como é calculada a votação pífia?
A metodologia utilizada na pesquisa realizada pelo Nepem-UFMG leva em conta as particularidades de cada estado naquele pleito eleitoral específico. A votação é considerada como pífia quando representa até 1% do mínimo necessário para obter sucesso eleitoral naquele contexto. Por exemplo: nas eleições de 2022, em Minas Gerais, o deputado estadual eleito com o menor número de votos recebeu cerca de 28.000 votos. Nesse contexto, é considerada uma candidatura com votação pífia aquela que recebeu até 280 votos, isto é, 1% da votação do candidato eleito com menos votos. Assista ao vídeo sobre candidaturas com votação pífia no YouTube e ouça nossa coluna sobre o tema na Rádio UFMG Educativa.
As informações são da Nota Técnica 3 - As candidaturas com votação pífia no Legislativo brasileiro: dados sobre as eleições gerais de 2022 para o Legislativo estadual e federal. Nas próximas fases da pesquisa serão analisados os valores de financiamento das campanhas e os casos de judicialização após as eleições. O estudo completo pode ser acessado no site do Nepem-UFMG.
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