Pesquisador sobre memórias LGBTQIA+ de BH participa de podcast do Centro Cultural UFMG

O terceiro episódio do Podcast Leituras, do Centro Cultural UFMG, apresenta um bate-papo com Luiz Morando, autor dos livros Paraíso das Maravilhas: uma história do Crime do Parque (2008) e Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte (2020). Luiz é pesquisador independente sobre a memória das identidades LGBTQIA+ de Belo Horizonte. Para ouvir o podcast na íntegra acesse o link:  https://spoti.fi/33G47Zm.

O autor se define como cria da UFMG, por sua formação na Faculdade de Letras da Universidade. Sua trajetória é fruto da ligação entre a atividade profissional como professor, revisor de texto e o ativismo no resgate da memória LGBTQIA+. Esse trabalho com a memória, segundo ele, é necessário para a afirmação da identidade, o que torna fundamental o conhecimento das ações do passado. Para Luiz, é importante conhecer como era a vida social de pessoas LGBTQIA+ em qualquer cidade e em qualquer campo de atuação para se pensar uma certa tradição, um tipo de sociabilidade, o que contribui para fortalecer a ideia de comunidade.

O autor trouxe à luz os percalços de pessoas dissidentes de sexo e de gênero da cidade para pensar sobre valores, cultura, lugares e posicionamentos onde esses indivíduos são colocados de maneira indevida, sem que haja um diálogo, um esclarecimento, ou uma escuta. Ele se considera orgulhoso em escrever sobre esse segmento social, principalmente em um momento de retrocesso de várias conquistas estabelecidas, impulsionado pelo crescimento de uma pauta conservadora da moral e dos costumes.

Nos livros Paraíso das Maravilhas: uma história do Crime do Parque e Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte, Morando realizou um trabalho com base em pesquisas jornalísticas e inquéritos policiais para reconstruir as narrativas a partir de recortes documentais.

No primeiro livro, Paraíso das Maravilhas: uma história do Crime do Parque, o autor considera que mais importante que trazer informações sobre o crime é revelar que, já em 1946, existia um território de convivência homossexual e bissexual no Parque Municipal, em pleno Centro de Belo Horizonte, apelidado pelos próprios frequentadores como Paraíso das Maravilhas.

No livro Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte o autor conta que Cintura Fina sempre foi tratada pelo pronome masculino, porque a imprensa, a polícia e o judiciário não a consideravam como mulher. Em um depoimento de 1957, ela se declara para o delegado: Eu sou mulher. Eu nasci para os homens. Como uma forma de homenagem e reconhecimento dessa consciência de identidade negada pela imprensa e pelo meio jurídico, Luiz Morando a trata no feminino. Além disso, ela foi uma travesti pioneira, levantou muitas bandeiras, principalmente a bandeira da ajuda, da solidariedade e proteção às mulheres, homossexuais e pessoas mais vulneráveis que sofriam violência na zona boêmia de Belo Horizonte.

Luiz Morando é licenciado em Letras (1989) pela UFMG. Mestre em Literatura Brasileira (1992) e doutor em Literatura Comparada (1997), também pela UFMG. Atuou no magistério no ensino superior por 21 anos, ministrando aulas de Literatura Brasileira e Teoria da Literatura. Atualmente, trabalha com revisão de textos. Entre 1992 e 2014, desempenhou trabalho voluntário no Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS de Minas Gerais (GAPA-MG), onde realizou ações e coordenou projetos de prevenção ao HIV/AIDS voltados ao público homossexual masculino. A partir de 1989, começou a reunir um acervo de natureza diversificada relacionado à cultura LGBTQIA+. A partir de 2002, iniciou trabalho sistemático, autônomo e independente de resgate da memória das identidades LGBTQIA+ de Belo Horizonte. É autor de diversos artigos sobre seu tema de pesquisa em periódicos acadêmicos e livros.

Trecho do livro Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte para leitura no Issuu: https://bit.ly/3w4bqGi 

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