Pesquisadora com formação na UFMG vence prêmio internacional dedicado a mulheres

Esther Machado é autora de estudo sobre biomaterial para implantes visível em técnicas de raio-x e ressonância

A pesquisadora e doutora em Ciências e Técnicas Nucleares pela UFMG Esther Machado é uma das cientistas premiadas na iniciativa 25 mulheres na ciência da América Latina 2022, que reconhece as cientistas cujos trabalhos têm impacto positivo como agente de mudança, além de incentivar as novas gerações de meninas e mulheres a seguirem carreiras na área da ciência. 

Esther, que se graduou na primeira turma de tecnologia em radiologia da UFMG, deu os primeiros passos na carreira de pesquisadora ainda durante a graduação, quando fez iniciação científica. O mestrado e o doutorado foram cursados no Programa de Pós-graduação em Ciências e Técnicas Nucleares da Escola de Engenharia. "Lá, eu consegui aliar meus dois interesses, as áreas da saúde e de exatas. Foi quando surgiu a ideia de desenvolver um projeto que pudesse ser aplicado na área da saúde, melhorando a vida das pessoas", conta.

O projeto, premiado juntamente com outras 24 iniciativas de toda a América Latina, está descrito na tese Produção e caracterização de nanocompósitos de  PVDF, MWCNT e óxidos metálicos como biomaterial para aplicações biomédicas, defendida em junho do ano passado. Na pesquisa, Machado desenvolveu um biomaterial para implantes visível em técnicas de raio-x e ressonância.

"Alguns implantes são feitos com materiais invisíveis, radiotransparentes. Quando ocorre retração ou deslocamento de uma prótese feita com esse tipo de material, os profissionais da saúde têm dificuldade de fazer o diagnóstico, visto que não conseguem enxergar a prótese dentro do organismo do paciente", explica a pesquisadora. 

O material desenvolvido por Esther Machado pode ser utilizado em fios de sutura ou malha para o tratamento de hérnia. A facilidade para investigação no caso de retração e deslocamento de próteses gera, ainda, redução de custos para o sistema de saúde.

"Hoje, é necessário fazer uma intervenção cirúrgica para que o médico veja a prótese dentro do paciente. Uma prótese vista pelo raio-x ou pela ressonância evita a cirurgia, gerando economia para o Sistema Único de Saúde (SUS). Evitar a intervenção também é bom para o paciente, já que toda cirurgia envolve risco", diz.

A pesquisadora acrescenta que os próximos passos da pesquisa vão contemplar ensaios clínicos e, posteriormente, o depósito de uma patente. "Ainda estamos na fase inicial, mas a intenção é que o material possa ser usado nos tratamentos médicos. Já sabemos que ele é biocompatível e de produção viável", adianta.

Por mais mulheres na ciência

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), apesar do aumento do número de mulheres em carreiras científicas, o número global de pesquisadoras na área da ciência ainda é reduzido: menos de 30% dos pesquisadores atuam no campo STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) são mulheres. 

Além de valorizar o trabalho das pesquisadoras que atuam nesse segmento, o prêmio também comemora o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, celebrado no dia 11 deste mês. Esther Machado e as outras 24 cientistas premiadas receberam certificado, troféu e um curso na Egade Business School, escola mexicana de negócios reconhecida mundialmente pela formação de líderes globais.

"Além da visibilidade para a minha pesquisa, o prêmio possibilita que eu siga a minha trajetória. Toda minha vida acadêmica foi desenvolvida em instituições públicas de ensino, então minha maior vontade é devolver tudo o que eu conquistei à sociedade. A pesquisa me possibilita usar a tecnologia para fazer a diferença na vida das pessoas", conclui.

Das 25 mulheres premiadas na América Latina, seis são brasileiras. Além de Esther Machado, foram premiadas Thamy Lívia Ribeiro Corrêa, com projeto sobre a descoberta de novas enzimas e elucidação de mecanismos de despolimerização e reutilização de plásticos, Renata Bannitz Fernandes, com o desenvolvimento de biofármaco inovador para tratamento de leucemia infantil, Rosangela Silqueira Hickson Rios, que propõe a identificação de novos alvos e o desenvolvimento de fármacos para o tratamento da esquistossomose por acoplagem molecular, Andreza Martins, com a validação de um método MALDI-TOF MS para a detecção da SRA-CoV-2 em esfregaços nasofaríngeos/orofaríngeos, e Gabriela Venturini da Silva, que apresentou a identificação de marcadores de doença isquêmica.

Outras informações sobre as cientistas selecionadas estão disponíveis no website da premiação. A tese da pesquisadora está disponível no repositório da UFMG.

Texto de Luana Macieira

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG