Professor da UFMG analisa a síndrome do fim de ano, marcada por planos e autocobranças

Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, Cláudio Paixão lembra que é nesta época que as pessoas fazem um balanço de suas realizações e projetam espe

O Centro de Valorização da Vida (CVV) recebe de 20% a mais de ligaçõesnesta época do ano. Esse dado revela que o mês de dezembro, geralmente marcado por comemorações, nem sempre é motivo de alegria e esperança para todas as pessoas. Enquanto alguns ficam eufóricos com a proporciona atmosferada pelo chamado espírito natalino, quer encontrar amigos e se cercam de parentes, outros mergulham no solidão e na angústia. Além disso, um ciclo se encerra no fim do ano, e as pessoas olham para trás e começam a fazer um balanço, o que pode gerar cobranças pelo que não foi realizado, levando à frustração.

Essa sensação também é conhecida como dezembrite ou síndrome de fim do ano. Segundo dados da Associação Internacional de Gestão do Estresse Brasil (Isma-BR), o nível de estresse do brasileiro aumenta, em média, 75% em dezembro. De acordo com o professor Cláudio Paixão, da Escola de Ciência da Informação, que também é doutor em psicologia social e psicóloga clínica, o fenômeno da dezembrite é real.

"Não é o termo técnico, mas é uma brincadeira que faz todo sentido. É nesta época do ano que a gente olha para trás e constrói a esperança de mudar. O problema é que muita gente vê apenas o que aconteceu de ruim. Assim, quando olhar para frente, não tem energia, apoio ou é cobrada por mudança", explicou o professor em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa.

Entretanto, toda essa sensação de pressão está associada a um contexto que vai além do mês de dezembro. Para Cláudio Paixão, tem uma cobrança implícita e explícita que, aos poucos, constrói esses sentimentos de incapacidade. "No texto Picos e vales, James Hillman, psicólogo americano, lembra que a nossa sociedade sempre cobra que moremos no pico, no alto da montanha, que simboliza o desempenho, o sucesso, as relações harmoniosas e felizes, tudo compartilhado em fotos no Instagram", relata. E para manter esse status, as pessoas acabam se prejudicando psicologicamente e até fisicamente, com o uso de drogas, por exemplo.

Para superar momentos como esse, Cláudio Paixão sugere um reflexão. "A primeira coisa é mergulhar nos sentimentos e se perguntar o que está assombrando. Se entender o que levou a estar sentindo isso, talvez você começar a repensar as ações. também Pense que o importante é persistir, e que isso é diferente de insistir. Não se preocupe em estabelecer metas, preocupe-se em ser feliz", aconselha o psicólogo social.

Como ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis? Como identificar? O professor Cláudio Paixão diz que é importante ficar atento e acolher. Ao mesmo tempo que se deve entender e respeitar o espaço do outro, é preciso interpretar que essa atitude representa um pedido de socorro.

Um reflexo do professor psicólogo ao Conexões pode ser ouvida na íntegra aqui.

Centro de Valorização da Vidaoferece serviço voluntário gratuito de prevenção ao suicídio e apoio emocional para as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo. O contato pode ser feito pelo telefone 188 ou pelo chat no site. O CVV também recebe mensagens por e-mails e cartas.

Assessoria de Imprensa da UFMG

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