Professora da UFMG fala dos desafios e perspectivas do ambiente alimentar antes e depois da pandemia

“É esperado que a pandemia da covid-19 aumente as disparidades nos comportamentos de saúde, perpetuando uma sinergia complexa, mas evitável, das condições de nutrição da obesidade, má nutrição e insegurança alimentar nutricional que contribuem para o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)” , afirma a professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Larissa Loures Mendes, ao abordar as questões referentes ao sistema alimentar, ambiente alimentar e à pandemia da covid-19.

Ela destaca que, em todo o mundo, os ambientes alimentares estão mudando rapidamente em dimensões externas (disponibilidade de alimentos, preços, fornecedores) e dimensões pessoais (acesso geográfico, acessibilidade, conveniência e desejabilidade). Estas mudanças no ambiente alimentar, segundo Larissa, estão influenciando as práticas dietéticas dos consumidores e podem levar ao agravamento de problemas nutricionais.

Para a professora, o ambiente alimentar e os padrões de consumo de alimentos mudaram com o progresso da pandemia de covid-19, com aumento no consumo de alimentos processados e ultraprocessados. “Esses alimentos são fisicamente mais acessíveis, tornando-se a principal opção para a população cujo poder de compra está sendo fortemente afetado pela crise da covid-19”. Além disso, ela pontua que as questões do sobrepeso, obesidade e as DCNT associadas a essas condições aumentam as chances de ter um caso grave de covid-19 se a infecção ocorrer e que existe um círculo vicioso entre a pandemia e a má nutrição à medida que o impacto e a duração da crise da covid-19 se estendem.

Larissa Loures destaca que o grande problema é a inércia política, já que as respostas dos governos dos países à obesidade, à desnutrição e às mudanças climáticas como problemas separados têm sido lentas e inadequadas. "Essa inércia política deriva da relutância dos gestores públicos em implementar políticas efetivas, da forte oposição motivada por interesses comerciais, e da demanda insuficiente por mudanças pela população e sociedade civil", relata.

No que diz respeito às soluções e recomendações, a professora ressalta que políticas bem-sucedidas para promover ambientes alimentares saudáveis levarão a ambientes públicos e privados nos quais a publicidade, as atribuições e os incentivos de preços favorecerão as opções mais saudáveis de alimentos e bebidas, impulsionando seu consumo e demanda. “Ambientes alimentares construídos informais que dependem de produtos agrícolas locais são mais resistentes e resilientes durante a pandemia Covid-19 em comparação com ambientes alimentares construídos formais que dependem de longas cadeias de abastecimento global. Além disso, o cultivo de alimentos seguindo uma abordagem agroecológica é mais resistente durante a pandemia em comparação com cultivos dependentes de insumos externos. Consumidores capacitados, conscientes e conectados também são necessários”.

O que pensar para o ambiente alimentar após a pandemia?

A crise da covid-19, de acordo com a professora, é uma oportunidade para integrar a democracia alimentar nos sistemas alimentares pós-pandemia. Ela enfatiza a importância de informações verdadeiras e opções genuínas de alimentos oferecidos aos consumidores; do envolvimento e engajamento dos consumidores no processo de tomada de decisão das escolhas alimentares; de ambientes alimentares que promovam saúde, segurança alimentar e nutricional e sustentabilidade; melhoria dos direitos dos agricultores e trabalhadores agrícolas; e restauração da confiança no sistema alimentar e nas suas instituições.

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