Professoras negras enfrentam falta de validação na Física, revela pesquisa da UFMG
‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa, aborda pesquisa sobre construção identitária de docentes formadoras nos cursos de licenciatura
Professoras negras relatam desafios como a falta de validação dos alunos e precisam constantemente provar sua capacidade como educadoras na área da Física. A constatação é de estudo conduzido pela psicóloga Fernanda Aparecida de Souza no doutorado do Programa de Pós-graduação em Educação – Conhecimento e Inclusão Social da UFMG.
A pesquisadora investigou os processos de construção da identidade de professoras negras em licenciaturas de Física no Brasil. A proposta era observar as professoras não como grupo homogêneo, mas entender como suas especificidades e identidades interferem na prática profissional e marcam suas vivências diárias e carreiras acadêmicas.
A autora observou a ausência de mulheres negras no ambiente acadêmico quando ainda cursava o mestrado, em sua própria turma, o que a instigou a se aprofundar no assunto – ela também investigou a contribuição de pesquisadoras negras na produção do conhecimento científico na UFMG. No doutorado, a pesquisa evidenciou a contribuição de mulheres negras docentes e sua sub-representação na Física, área predominantemente masculina.
Histórias de vida
Na tese, são apresentadas as trajetórias de três docentes negras de licenciaturas em Física, Maria, Joana e Elizabeth. A autora chegou a esses nomes depois de mapear todos os programas de licenciatura em Física nas universidades públicas brasileiras, fazer uma triagem das docentes por meio do Currículo Lattes e enviar um formulário que incluía uma pergunta sobre a autodeclaração racial. Depois de identificar aquelas com o perfil desejado, as entrevistadas foram encontradas pelo método bola de neve – quando um(a) participante da pesquisa indica outro(a) e, assim, sucessivamente.
Os relatos mostram que, devido às dificuldades enfrentadas na vida acadêmica, todas as docentes entrevistadas resolveram desenvolver projetos voltados para a permanência de alunos negros nos cursos de Física.
O estudo foi realizado sob orientação do professor Júlio Emílio Diniz Pereira, do Programa de Pós-graduação em Educação – Conhecimento e Inclusão Social. A pesquisa foi apoiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que concedeu uma bolsa à pesquisadora.
Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência.
Raio-x da pesquisa
Autora: Fernanda Aparecida de Souza
O que é: tese de doutorado que mostra como especificidades e identidades de professoras negras formadoras na área da física interferem em sua prática profissional e marcam suas vivências diárias e carreiras acadêmicas
Programa de pós-graduação: Educação - Conhecimento e inclusão social
Orientador: Júlio Emilio Diniz Pereira
Ano de defesa: 2023
O episódio 191 do Aqui tem ciência tem roteiro e apresentação de Júlia Rhaine, produção e edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas-feiras, às 11h, com reprises às sextas-feiras, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.